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Opinião|Conheça as cinco prioridades do empreendedor em tempos de pandemia

Capital de giro e presença digital são algumas das atividades-chave que o empreendedor deve priorizar no negócio; veja 5 dicas sobre como fazer sua empresa atravessar a crise econômica

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Por Redação
Atualização:

Por Mariana Gonçalves Ferreira, analista do Sebrae-SP

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O empreendedor brasileiro tem muito trabalho a fazer. Muitas vezes sozinho, ele tem que produzir, vender, cuidar do dinheiro e de todas as atividades que são importantes para a empresa. Sem falar nos inúmeros contratempos que consomem as energias dele no dia a dia.

Entretanto, a crise econômica que estamos vivendo durante a pandemia de covid-19 trouxe à tona que algumas atividades-chave são extremamente importantes na gestão do pequeno negócio. E que não podem ser negligenciadas.

Os empresários que por instinto as executaram estão conseguindo passar por essa crise com um pouco menos de complicações. São assuntos que, para muitos, antes soavam como banais, mas no Sebrae, conversando com inúmeros clientes, ficou bastante clara a diferença e os prejuízos entre fazer e não fazer.

Neste artigo, esperamos trazer reflexões sobre essas atividades e você, que está empreendendo ou pretende empreender, coloque-as como aprendizados nesse momento de mudanças, inovações e, caso já as realize, aperfeiçoe.

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Veja as 5 prioridades do empreendedor:

  • Cadastro de clientes

Realizar e manter atualizado seu cadastro de clientes sempre trouxe inúmeros benefícios para a empresa. Essa atividade ganhou destaque nesse momento de pandemia antes mesmo de estar na internet (ponto que muitos empreendedores sentiram dificuldade nesse momento). Isso porque manter o relacionamento e a frequência de compras foi mais fácil com aqueles clientes que já tínhamos contato.

Entretanto, o cadastro de clientes realizado pelas empresas muitas vezes é construído empiricamente, sem uma ação direta por parte do empresário ou ainda está totalmente na mão dos funcionários. Isso trouxe complicações nos casos de empresas que tiveram que desligar funcionários (e com eles, sua carteira de clientes).

Mas aquela empresa que possuía o cadastro de clientes, com histórico de compras, valores gastos e datas, durante a pandemia se viu com um verdadeiro tesouro em mãos, pois puderam agir proativamente para diminuir seus impactos e prospectar possíveis vendas.

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Sendo assim, pode-se tirar como aprendizado que o cadastro de clientes não é uma porção de conversas no celular. É um bem da empresa (não dos colaboradores) e seus benefícios em proporcionar interações e criar relacionamento são extremamente vantajosos.

Ter um cadastro de clientes, presença digital e bom relacionamento com bancos e fornecedores facilitam a travessia da crise. Foto: Tiago Queiroz/Estadão

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  • Presença digital

Estar acessível e localizável foi um divisor de águas para os empreendedores. Podemos tirar como base nós, consumidores, sobre o que fazemos quando precisamos adquirir um produto ou serviço: pesquisamos na internet. Entretanto, ter uma página em redes sociais como tirar fotos, fazer postagens, interagir com seguidores e o mais importante: transformar tudo isso em vendas.

Nesta linha, observamos que empreendedores que possuíam cadastro de clientes, por consequência, conseguiram identificar seu público-alvo, suas similaridades e comportamentos recorrentes (inclusive, o leitor pode aprofundar esse assunto pesquisando mais sobre persona). Só então realizar postagens e oferecer produtos/serviços direcionados às necessidades dessas pessoas, resultando em vendas.

  • Capital de giro

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Um termo que ganhou bastante notoriedade em meio a essa pandemia foi o capital de giro. Por definição, capital de giro é o valor que a empresa tem disponível para arcar com todas as despesas fixas e variáveis em determinado período de tempo. Com a grande queda no volume de vendas, muitos empreendedores se viram sem dinheiro para pagamento das contas básicas da empresa. Muitos ainda chegaram a encerrar suas atividades quando suas fontes de recurso se esgotaram. Amargamente, descobriram na pele a necessidade de se ter um valor em caixa para "segurança".

Contrastando com essa realidade, vimos empreendedores que, ao realizar seus controles financeiros, direcionaram um porcentual de seu lucro líquido para a formação do capital de giro e, mês a mês, esse volume de dinheiro tomou corpo e pôde ser usado para dar folego à empresa nesse momento crítico.

Sabemos que a maioria dos microempreendedores individuais (MEI), micro e pequenas empresas operam no limite, justificam ainda que "mal sobra dinheiro para se chamar de lucro, quem dirá para construir um capital de giro". Entretanto, o ponto que trago é justamente a reflexão sobre se essa afirmativa é real ou se trata de uma questão cultural, uma vez que não temos o hábito de poupar. Como aprendizado, avalie em qual posição sua empresa se encontra e tome providências para melhorar neste aspecto.

  • Relacionamento com bancos e fornecedores

Uma atividade básica e bastante negligenciada pelos empreendedores foi o relacionamento com bancos e fornecedores. Muitos empreendedores se queixaram sobre as dificuldades em negociar com esses parceiros, mas, ao conhecer a situação, vimos que se tratavam de empreendedores que sequer conheciam seus gerentes de conta, não zelavam pelo pagamento em dia de suas obrigações com fornecedores ou não tinham bom contato com eles.

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Mas também vimos casos de empreendedores que possuíam contato com seus gerentes de instituições financeiras e bom relacionamento com seus fornecedores, e esses viram os resultados desse relacionamento quando conseguiram negociar datas, parcelamentos, taxas, etc.

A pandemia atingiu a todos e todos nós, dentro de nossas empresas, sofremos tanto com os impactos reais da instabilidade econômica, como também pelo medo desses impactos. Vale ressaltar, então, que a pessoa que está do outro lado negociando com você também está com dificuldades a enfrentar e os relacionamentos baseados em um histórico de confiança e contato facilitam esse momento. Avalie se esse é um ponto que você precisa melhorar em sua empresa para colher os frutos que os relacionamentos interpessoais e de negócios podem dar.

  • Fazer parte de algo

O isolamento social e a interrupção das convencionais atividades deixaram muitos empreendedores perdidos, sem saber quais decisões tomar nem como se proteger. Muitos se viram sozinhos, às vezes acompanhados por uma equipe, mas ainda assim inseguros sobre suas decisões. Mas esses reflexos foram diminuídos quando o empreendedor fazia parte de algo: era associado na associação comercial do município, fazia parte do grupo de empresários do bairro ou até mesmo participante dos grupos de projetos do Sebrae.

Vimos, então, empresários trocando ideias, estratégicas e até mesmo clientes por meio de parcerias que foram formadas. Recebendo ajuda e ajudando. Em meio a essa pandemia, vimos a força da coletividade e o grande incentivo ao consumo local, sendo assim, caso você ainda não faça parte de nada, busque fazer. E caso faça, atue como agente fomentador de mudanças, buscando entender outro ponto de vista e propondo discussões sadias.

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Como dito, essas atividades não são novas. Engana-se quem espera que uma única atitude irá resolver todos os problemas que essa pandemia nos trouxe. Por isso, aproveite para repensar seu modelo de negócio, sua atitude empreendedora e suas prioridades. Afinal, a pandemia vai passar, mas você precisa estar atento e tomando ações para que sua empresa consiga passar por ela também.

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