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Gestão financeira no celular ajuda pequena empresa a largar papel e caneta

Fluxo de caixa, folha de pagamento e gestão de estoque em uma só plataforma são soluções de fintechs para empreendedores; dados unificados facilitam microcrédito

Por Luiza Wolf
Atualização:

Controlar caixa, vendas em diversas máquinas de cartão, cadastro de clientes, compras de insumos. Tudo isso dá muito trabalho, especialmente para pequenos empreendedores que, muitas vezes, trabalham sozinhos. Fintechs passaram a desenvolver soluções, com tecnologia, unindo tudo isso em uma única tela.

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Nova na área, a Tiba é uma dessas fintechs. Ela entrou em atividade no começo do ano e está em fase de testes com clientes que atuam no varejo e possuem lojas físicas. “Quando abrimos o cadastro para testes, mais de 300 empresas se inscreveram", conta o CEO Ramires Paiva. Segundo ele, o diferencial da Tiba é oferecer uma solução completa em versão mobile.

Para chegar ao modelo atual, foi preciso muita pesquisa e uma trajetória já longa na área financeira. Antes de fundar a Tiba, Paiva criou a Creditoo, em 2016, e trabalhou na Creditas. Decidiu empreender novamente - desta vez, criando uma empresa que não atuasse apenas na área de linhas de crédito, mas também na gestão financeira.

“Olhamos muito para a Índia e outros países da Ásia, que já tinham fintechs oferecendo gestão financeira, e percebemos que faltava essa oferta no Brasil, de uma solução completa”, diz Paiva. Para começar os trabalhos, a Tiba definiu um perfil de cliente específico: empreendedores com lojas físicas e optantes pelo Simples Nacional.

Leandro Moura e Ramires Paiva, fundadores da fintech Tiba, startup de gestão financeira pelo celular para pequenos empreendedores. Foto: Tiago Queiroz

Outras fintechs, que já estão no setor há mais tempo, abrangem um leque de clientes um pouco maior. É o caso da vhsys, que está na estrada há dez anos e atende diversos setores. “Nosso foco é o micronegócio: aqueles empresários que trabalham praticamente sozinhos e precisam fazer de tudo”, explica Reginaldo Stocco, CEO e fundador da empresa. 

A a55 também é uma fintech que oferece gestão financeira e tem clientes PMEs (pequenas e médias empresas) de várias áreas. “Temos lojistas, softwares, empresas de hardware, e-commerces diversos”, afirma o CEO André Wetter.

A proposta das fintechs é facilitar e até resolver a vida fiscal das PMEs. “Temos todos os módulos que resolvem a vida do empresário: contabilidade, folha de pagamento, contas a pagar, contas digitais. É tudo num lugar só”, explica Paiva, da Tiba. Segundo ele, o grande desafio foi adentrar o setor de pequenos varejistas, onde os maiores concorrentes de uma plataforma digital ainda são analógicos: os clássicos papel e caneta.

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Depois de uma década oferecendo gestão financeira com tecnologia, Stocco, da vhsys, vê uma melhora crescente na resistência às plataformas digitais, em setores mais amplos. “Os microempresários, hoje, já estão muito acostumados com tecnologia”, opina. “Foi muito difícil no começo. Tínhamos clientes que eram senhores com mais de 60 anos, que nem sabiam mexer no computador. Atualmente, o empreendedor sabe que ele precisa de um sistema, de um emissor de nota fiscal.”

Urgência da pandemia com inflação

Com o passar dos anos, os empresários entenderam que uma boa gestão financeira era necessária. Em 2020, ela tornou-se urgente: a pandemia impactou negativamente as lojas físicas, enquanto os e-commerces tiveram aumento de demanda.

Embora muitas empresas estivessem cortando gastos, a contratação de ajuda no setor fiscal tornou-se essencial para superar o momento difícil. Mesmo com a retomada das vendas, a partir de 2021, outro problema surgiu: a inflação, que dificulta a compra de insumos e matérias-primas e causa desabastecimento em muitos setores.

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O melhor jeito de lidar com isso, segundo as fintechs, é manter a saúde financeira da empresa. “Nesse momento, é preciso priorizar a rentabilidade e ter fôlego em caixa”, afirma Wetter. “Além disso, mais empresas nos procuram para pedir linhas de crédito, mesmo com o patamar de juros no nível em que está.”

A pandemia também deixou aprendizados e criou um novo perfil de empreendedores. “No passado, as pessoas não sentiam que elas precisavam entender muito para abrir um negócio”, diz Stocco. "Agora, os empreendedores estudam muito mais e estão muito preocupados com gestão financeira.”

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Gestão financeira e linha de crédito

Contratar a gestão financeira unificada, em uma única plataforma, traz uma vantagem importante: melhores linhas de crédito. As fintechs também atuam no ramo e, segundo a Tiba, a a55 e a vhsys, o fato de terem todos os dados das empresas em mãos facilita e possibilita melhores créditos.

“Os bancos tradicionais só podem dar crédito com base em um método, eles não podem olhar todos os dados da empresa”, diz André Luiz, COO da a55. “Por isso, do ponto de vista regulatório, as fintechs têm vantagem.”

Com todos os dados da gestão financeira das PMEs, as fintechs têm visão ampla da saúde financeira da empresa, inclusive de informações como notas fiscais de fornecedores. “Com a gestão financeira, somos contadores da empresa”, explica Paiva. “Descobrimos que um dos nossos clientes, por exemplo, declarava apenas 30% do que de fato ele estava faturando. Com o real faturamento, conseguimos oferecer uma linha três vezes maior do que um banco ofereceria.”

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