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‘Frango vegetal’ disputa espaço no mercado de carne ‘plant based’

Startups lançam produtos de frango feito à base de proteínas vegetais, com foco na ervilha; setor aposta em alta demanda de clientes por produtos vegetarianos e veganos

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Por Ana Paula Boni
Atualização:

Se frango é a carne mais consumida no Brasil, com mais de 50% do consumo ante boi e porco, então empresas focadas em “carnes vegetais” também precisam surfar essa demanda. Foi assim que o mercado viu, de outubro para cá, o lançamento de produtos de frango “plant based” (à base de plantas) de ao menos três marcas, Not.Co, N.Ovo e The New.

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Carne vegetal foi a maneira que o mercado encontrou para classificar produtos feitos com proteínas vegetais (como a da ervilha) mas com aparência, aroma e sabor análogos às carnes animais. Assim, um filé de frango parece frango, mas não leva frango de verdade. Esse mercado cresceu cerca de 70% entre 2015 e 2020, movimentando em torno de US$ 83 milhões no ano passado, segundo a Euromonitor International.

As perspectivas continuam sendo de crescimento daqui para a frente, com mais brasileiros buscando alternativas vegetais. Segundo pesquisa de 2020 do The Good Food Institute (GFI), 50% dos brasileiros (muito deles "flexitarianos") disseram ter reduzido o consumo de carne animal - em 2018, eram 29%.

Hambúrguer de frango vegetal da Not.Co estará disponível para venda narede de hamburguerias Bullguer. Foto: Somewhere Studio/Not.Co

Entre quem aposta no segmento, a startup chilena Not.Co começa nesta segunda-feira, 20, a vender seus produtos de frango plant based no varejo brasileiro. São quatro produtos (nuggets, filé, hambúrguer e hambúrguer crispy) distribuídos em mais de 600 pontos de venda em São Paulo e no Rio de Janeiro, em redes como Carrefour e Pão de Açúcar. 

Uma das ações para ampliar a divulgação inclui uma parceria com a rede de hamburguerias Bullguer, para a venda de sanduíches preparados com o hambúrguer de frango da Not.Co em 18 lojas da rede. A partir do ano que vem, a Not.Co segue a expansão para atender o mercado no Sul do País. Segundo Mauricio Alonso, diretor-geral da empresa no Brasil, a expectativa é que o frango represente 20% das vendas totais da marca, que começou com maionese e hoje também vende hambúrguer de carne bovina, leite e sorvete - todos de base vegetal.

“O Brasil é um país superimportante para a gente. Nossas pesquisas mostram que 98% dos lares no Brasil comem frango. A expectativa é que o frango vegetal vai revolucionar”, diz o diretor, que acredita que, do total de vendas de carnes vegetais da marca, o frango deverá abocanhar 70%. As receitas levam, principalmente, proteína de ervilha, além de grão-de-bico e bambu.

Mauricio Alonso, diretor-geral da Not.Co no Brasil, diz que o lançamento dofrango vegetal nos Estados Unidos será feito em um segundo momento. Foto: Marcelo Chello/Estadão

Essa combinação de ervilha e fibra de bambu também é a base de produtos da N.Ovo, empresa que lançou neste mês sua linha de itens de frango vegetal: peito, cubinho (para uso em estrogonofe), empanadinho (nugget), milanesa (um nugget maior) e coxinha. Já estão à venda em São Paulo (na Casa Santa Luzia) e no Rio de Janeiro (La Frutaria). A expansão segue no começo de 2022, com distribuição para grandes redes varejistas, como o Pão de Açúcar, e para outros Estados.

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Para Amanda Pinto, fundadora e CEO da empresa, que nasceu focada em ovos e omeletes vegetais, a ideia de expandir para o mercado de carnes incluiu pesquisas que mostram que o frango é a proteína animal mais consumida no Brasil. “Então, pensamos: vamos começar por aqui. Assim como os ovos, que são para o dia a dia, pensamos no frango para o dia a dia também, para que as pessoas comam diariamente.”

Em 2021, a N.Ovo dobrou o número de colaboradores e espera crescer 60%, comparado a 2020. Para o próximo ano, a projeção é mais do que dobrar o faturamento. Diferentemente da Not.Co, fundada em 2015 e que já é um unicórnio (startup avaliada em mais de US$ 1 bilhão), a N.Ovo, que opera desde 2019, ainda é uma empresa de pequeno porte (com faturamento de até R$ 4,5 milhões).

Fábrica: própria ou terceirizada

Já no caso da The New, que lançou seus produtos de frango vegetal em outubro deste ano, a empresa diz que vai encerrar este ano com 150% de crescimento frente a 2020 e aposta numa alta de 500% no ano que vem. A expectativa é apoiada na nova linha de frango e também em parcerias com terceiros, como refeições congeladas em parceria com a Prontolight.

Na N.Ovo, Amanda Pinto aposta no modelo de negócio"asset light", com fábrica terceirizada, para não deixar nada "parado em ativos". Foto: Leonardo Lacerda

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Hoje, a linha de frango (com nuggets, filé e hambúrguer, que levam proteína de ervilha, lentilha e arroz) responde por 37% do faturamento, seguida pela linha de peixes (34%, com bolinho de bacalhau e filé de salmão) e depois carne bovina (29%, que conta só com o hambúrguer). A marca - fundada em 2019 - inaugurou fábrica neste ano em São Paulo com capacidade para crescer 15 vezes, com nova tecnologia proprietária patenteada.

Diferentemente da The New, tanto Not.Co quanto N.Ovo trabalham em sistema de produção terceirizada. Espaços ociosos em diferentes fábricas são aproveitados pelas startups, que entregam as receitas apenas com códigos para serem misturadas pelos “copackers”, sem que conheçam o segredo das formulações.

“Usamos o modelo de negócio ‘asset light’, não deixamos nada parado em ativos”, justifica Amanda, da N.Ovo, segundo quem cada produto é feito por parceiros diferentes, de acordo com a expertise da fábrica e também para aumentar a segurança do sigilo do negócio.

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“Fazemos essa terceirização em nível mundial, em todos os países”, conta Alonso, da Not.Co. “Se a indústria já está no mercado, porque precisamos de uma fábrica nova? Assim, também reduzimos impacto com aquecimento global.”

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