Ana Vecchi
09 de abril de 2020 | 18h22
O que as empresas estão fazendo para lidar com esse momento e se adaptando, acima de tudo, às possibilidades de faturamento e receita? Quais são as prioridades? Pessoas, caixa, Ebtida, crédito, propósito, planejamento, inovação ou ‘que se dane, não vou pagar ninguém’?
No início havia muita desinformação, todos muitos perdidos, uma série de MPs que foram criadas e depois revogadas e substituídas, ainda existe falta de entendimento e de uniformidade na forma de visão da crise da parte de todos. Em uma coisa todos concordamos: não adianta tentarmos achar um culpado, não é uma crise que tem um culpado, a não ser o novo coronavírus.
Mas em 20 dias as empresas e suas pessoas vêm se estruturando de maneira absurdamente rápida, estruturada, com criatividade e, na medida do possível, profissional para começar a vender online, por e-commerce, via WhatsApp, fazendo delivery, venda antecipada, produzindo até o que nunca haviam feito.
Para ajudar nesse momento, aqui algumas práticas recém-desenvolvidas por franqueadores, franqueados e gestores:
Unir forças no atual momento inclui parceiros e mesmo concorrentes. Foto: Pixabay
O histórico dos negócios, atualmente, talvez pouco possa ajudar, em função de uma situação nunca vivenciada, que requer agilidade emergencial e colaboração de todos, uma vez que estamos num momento de crise humanitária, mais do que uma crise de saúde ou crise econômica. Uma infinidade de ações sociais foram criadas por diversas empresas dos mais variados portes, ainda que com um caixa precário e a possibilidade de caixa zero no próximo mês.
Trata-se do momento de pensar de que forma podemos unir forças e buscar dentro das próprias empresas, com os parceiros e mesmo dos concorrentes, quem são os melhores em determinados assuntos e áreas que possam compor uma parceria estratégica, tática e operacional para conseguir algum faturamento.
É fundamental orientar e esclarecer, diariamente, cada rede franqueada nas necessidades que possuem, buscar opiniões de especialistas e estar o mais próximo possível dos pares, lojistas, prestadores de serviços e equipes de maneira transparente e focada nas soluções.
Mais do que nunca temos que nos apoiar na máxima ‘ganha-ganha’, e não ‘um ganha enquanto o outro perde’. A relação ganha-ganha passa a ser obrigatória, antes era vista como conceitual, mas na prática era duvidosa. Estamos todos perdendo e temos que reverter isso para “de que forma nos apoiamos para ganhar?”. E com esta atitude ganharemos algum dinheiro, respeito, credibilidade, amizade e, pós-quarentena, abraços e beijos.
Reestruturar as empresas para o pós-quarentena torna-se mais premente a cada dia, pois durante o isolamento social estamos nos virando relativamente bem com reação muito rápida! E, por não poder ser salve-se quem puder, há de se mudar e recriar toda a base de relacionamento empresarial, os contratos não poderão ser os mesmos, os agentes devem ser respeitados nas dores e necessidades que possuem.
Ainda não sabemos em que mundo viveremos pós covid-19, mas que haverá muita mudança de hábito já sabemos. Um exemplo: quem era avesso às compras online foi obrigado a aprender a lidar com o e-commerce e pegou gosto! Era um consumidor 100% físico e virou fisital (físico + digital)?
Então, parte-se do zero, inclusive com a área de inovação mudando o foco e a forma de criar processos! Hoje, sim, devemos pensar na reestruturação das empresas, para que pensem na recuperação depois da quarentena da pandemia. Estão nascendo, neste momento, novos conceitos e negócios, novas práticas, novos indicadores, novos hábitos e consumidores e, o melhor de tudo, novos valores e propósitos!
* Ana Vecchi é consultora de empresas, CEO na Ana Vecchi Business Consulting, professora universitária e de MBAs, pós-graduada em marketing e com MBA em varejo e franquias. Atua no franchising há 28 anos em inteligência na criação e na expansão de negócios em rede.
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