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Salões de beleza criam vouchers para sobreviver a quarentena

Dependentes de espaço e contato físico com clientes para operarem, negócios apostam na antecipação de recebíveis para manter salários de funcionários

Por Marina Dayrell
Atualização:

Depois da onda de bares e restaurantes que recorreram à venda de vouchers, chegou a hora do setor de beleza e bem estar apostar nos cupons como forma de gerar fluxo de caixa durante o período de isolamento social imposto pelo novo coronavírus. Sem outras alternativas, já que dependem de seus espaços físicos e do contato pessoal para funcionar, eles contam com a fidelidade dos clientes para não deixar o negócio morrer e os funcionários sem renda.

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A L’Oréal Produtos Profissionais, em parceria com a Trinks (plataforma de gestão de salões de beleza) e a fintech Stone, lançou esta semana a campanha Beleza Amiga. No site, os clientes podem procurar os seus salões favoritos e comprar vouchers no valor de R$ 50, que serão revertidos em serviços prestados após o fim da quarentena. 

Os valores serão repassados aos negócios integralmente, segundo a L’Oréal. Como recompensa, quem apoiar também ganha um cupom de desconto de R$ 50 para comprar produtos das marcas L’Oréal Professionnel, Kérastase e Redken.

Até o fechamento desta reportagem, já são 500 salões cadastrados na plataforma. A expectativa é que mais de 2.500 participem em todo o Brasil. As inscrições dos empreendimentos podem ser feitas pelo email do projeto (faleconosco@belezaamiga.com.br). 

Há também os negócios que criaram vouchers por conta própria, como o Jacques Janine unidade Real Parque, em São Paulo. A gerente comercial Luiza Nogueira explica que, por ser uma franquia, cada franqueado tem autonomia para tomar a melhor decisão para o seu salão. Na sua unidade, optou por vender os cupons de serviço.

Afetados pela crise do novo coronavírus, salões vendem vouchers para fazer serviço após a quarentena. Foto: Clayton de Souza/Estadão

“A grande maioria de nossos colaboradores é comissionada e, com essa paralisação, eles sofreram um grande déficit em seu rendimento mensal. Foi uma forma de buscar ajudá-los, sem que fossem expostos a qualquer risco”, explica. “Como empresa, no quesito financeiro, é um pouco preocupante, pois as contas não param de chegar. Nós passamos por uma grande reforma antes deste fechamento”, diz Luiza.

Entre os vouchers, há as opções de pagar R$ 200 e usufruir R$ 220, pagar R$ 500 e usufruir R$ 600, além de pagar R$ 1.000 e usufruir R$ 1.250.

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No Rio de Janeiro, a rede Walter’s Coiffeur, que possui 12 unidades na cidade, antecipou o lançamento do e-commerce da marca, previsto para o fim do primeiro semestre, para garantir fluxo de caixa. Os clientes podem comprar combos de serviços, como manicure, pedicure, spa, depilação, corte e escova, para usufruírem após o fim da quarentena. Como incentivo, eles recebem 20% de desconto em todos os serviços com química.

A ideia dos vouchers também foi a solução encontrada pela Singu, plataforma que oferece serviços de estética em casa, como manicure, massagem e depilação e emprega cerca de 5 mil colaboradoras. 

Desde março, os clientes podem comprar pacotes de serviços, que variam entre R$ 40 e R$ 1.047, e desfrutar de descontos que vão de 5% a 20%. Com o dinheiro arrecadado, a Singu antecipa o pagamento das colaboradoras, que após o fim da quarentena prestarão os serviços comprados. 

Tallis Gomes, fundador da Singu,plataforma que oferece serviços de estética em casa, como manicure, massagem e depilação e emprega cerca de 5 mil colaboradoras. Foto: Taba Benedicto/Estadão

"80% das nossas prestadoras de serviço dependem 100% da renda vinda da Singu. Quando anunciamos a pausa nas operações, recebemos mensagens que nos preocuparam, dizendo que sem o dinheiro não teriam o que comer e nem como pagar o aluguel", conta Tallis Gomes, CEO da Singu.

As primeiras beneficiárias já começaram a receber o adiantamento, com preferência para aquelas consideradas mais vulneráveis ao novo coronavírus, que representam 11% do quadro de colaboradoras. A expectativa da empresa é vender entre 200 e 300 pacotes e arrecadar de R$ 20 mil a R$ 30 mil.

"As pessoas fazem unha, depilação e massagem semanalmente. Por que não já comprar esse crédito - que não vence -, com desconto, e ajudar as meninas a passar por essa tormenta?", indaga Tallis.

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