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Opinião|Novos arranjos na habitação dão escala a negócios de impacto social

Iniciativa piloto seleciona 6 negócios no País que usam inovação na criação de novos ecossistemas e soluções para a moradia, como Arquitetos da Vila, Abra e Eficiobra, de Pernambuco ao Rio Grande do Sul

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Por Redação
Atualização:

Problemas complexos demandam soluções essencialmente inovadoras - essa lógica se aplica, perfeitamente, ao setor da habitação. Sabemos o quanto é urgente lançarmos um olhar para o contingente de brasileiros que vivem em condições inadequadas; em paralelo, empreendedores de vários Estados do País têm desenvolvido soluções acessíveis, relacionadas aos desafios de moradia que afligem a população mais vulnerável. Mas como aproximar essas duas realidades? A resposta a esse desafio pode estar em novos arranjos que potencializam a proposta de escalar as soluções. Ao conectar pessoas com propósitos similares, fortalecemos uma rede.

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Acredito que as conexões certas transformam a maneira como geramos os resultados. Com a coalização em habitação - fundada pela Artemisia e pela Gerdau -, temos trabalhado na ideia de fomentar um ecossistema de negócios que resolvam os graves problemas habitacionais do nosso País em parceria com vários players do setor; agora, em 2020, esse conceito se fortaleceu ainda mais.

Isso porque a Vivenda, um negócio de impacto social focado na realização de reformas de baixo custo e com condições especiais de parcelamento, passados seis anos de sua fundação e após se tornar inspiração para empreendedores de todo o País, está inovando; para ter atuação mais ampla, tornou-se um agente integrador do ecossistema de melhorias habitacionais no Brasil.

Dentro dessa estratégia, os empreendedores desenvolveram um programa que irá certificar e acelerar negócios de impacto social focados em melhorias habitacionais, contando com a parceria da Artemisia. As empresas apoiadas passam a integrar a Plataforma de Melhorias Habitacionais da Vivenda, criada para ofertar soluções de arquitetura, crédito, material e mão de obra de forma descentralizada.

Após um processo de seleção, foram selecionados os seis primeiros negócios que integram o piloto da iniciativa. Confira a seguir:

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Um deles é o Arquitetos da Vila, que atua para combater o problema da inadequação de moradias no Aglomerado da Serra - a maior favela de Belo Horizonte, que conta com aproximadamente 50 mil habitantes. Fundada por Wanda Foresti e Lucas Jório, responde à enorme demanda brasileira por reformas habitacionais - voltadas a reduzir o déficit habitacional qualitativo - com elaboração de projeto arquitetônico, mão de obra qualificada, fornecimento de material, concessão de crédito e assessoria técnica a baixo custo.

Abismo entre empreendedores de impacto mostra que os negócios periféricos têm acesso a capital inicial 37 vezes menor que os não periféricos. Foto: Tiago Queiroz/Estadão

A Abra, do Recife - segunda selecionada - foi fundada por Samille Germana e Eline Letícia da Silva. A empresa promove melhorias das condições de moradia por meio do atendimento técnico a populações vulneráveis, pessoas que não conseguem ter acesso a serviços de arquitetura. Os projetos são realizados com o objetivo de evitar desperdícios de materiais e respeitando o orçamento do cliente.

O terceiro negócio que integra a nova plataforma é a Arquitetura Faz Bem, do empreendedor Antônio Neto - que realiza projetos e obras como ferramenta para a promoção da saúde física e mental de famílias das classes D e E, moradoras de comunidades em situação de vulnerabilidade social e econômica da cidade do Recife.

Construnir, também da capital pernambucana, foi fundada por Thaís Helena, que realiza reformas nas casas das comunidades do Grande Recife, trazendo saúde e qualidade de vida para moradores em situação de vulnerabilidade social e econômica. A ênfase está na oferta de serviço a baixo custo e com o suporte de engenheiros, democratizando o direito que todos têm de viver bem.

Na mesma cidade, outra selecionada é Donaobra. Fundada por Giuliana Lobo e Denise Durey, o negócio atua com a venda direta de kits de reforma para as classes C e D das comunidades. O kit é vendido por ambiente e executado em até 15 dias; a compra contempla um pacote de serviços composto pelo projeto da reforma, mão de obra qualificada - predominantemente feminina -, o material e o gerenciamento da execução.

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Do Rio Grande do Sul, a Eficiobra - fundada por Cristina Jeannes Rozisky e Isadora Terra Passeggio - realiza reformas para melhorias habitacionais nos lares de pessoas em situação de vulnerabilidade social e econômica. As empreendedoras oferecem o pacote completo: projeto, orçamento, material, mão de obra e gerenciamento. O grande diferencial do negócio é o parcelamento em até 36 vezes, formatado para ampliar o acesso do serviço.

Como visão de futuro, a proposta da Plataforma de Melhorias Habitacionais Vivenda é, em 2021, ter 20 empresas parceiras, operando Brasil afora. Na essência, esse tipo de inovação social aplicada à criação de novos ecossistemas oferece abundância de soluções, oxigena pautas, inspira abordagens e visões estratégicas disruptivas, e colabora com o fomento de um empreendedorismo que está transformando o Brasil.

* Maure Pessanha é empreendedora e diretora-executiva da Artemisia, organização pioneira no fomento e na disseminação de negócios de impacto social no Brasil.

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