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Marcas de chocolate especial usam Páscoa como cartão de visitas

Pequenos negócios aproveitam potencial dos ovos como presente para formar consumidores de chocolate ‘bean to bar’, feitos do zero, sem produtos da indústria

Por Ana Paula Boni
Atualização:

Negócios de chocolate têm na Páscoa a cesta dos ovos de ouro. No microcosmo das marcas que fazem chocolate do zero, sem escala industrial, o ovo ainda tem outra conotação, além do incremento no faturamento. Ele ajuda a divulgar um produto especial feito com cacau nacional em pequenos lotes e de qualidade superior: o chocolate “bean to bar” (feito desde a amêndoa) e que em geral traz a identificação da origem do cacau.

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Empreendedores do ramo apostam numa clientela já fiel que quer dar o ovo de presente nesta Páscoa para que o chocolate - que custa em média três vezes o valor de um industrial - ganhe novos adeptos. A formação do paladar para um produto de alta complexidade aromática e de sabores é movimento similar ao que já aconteceu com o café e a cerveja. Essa é a aposta de marcas como as paulistanas Majucau e Bia Szasz, que estreiam na Páscoa neste ano.

“A gente acredita que é uma forma de atingir pessoas que não conhecem o chocolate ‘bean to bar’. Que pode depois virar cliente. A gente vai aparecer para quem a gente ainda não apareceu”, conta a técnica de enfermagem Mariana Basaure. Ao lado do marido, Paulo da Silva Júnior, ela lançou no ano passado a marca Majucau e ganhou prêmio nacional meses depois

Para a Páscoa, o casal preparou um ovo de 350g de chocolate com teor de 70% cacau (R$ 170) e espera um incremento de cerca de 30% no faturamento. A marca, que usa cacau especial do Vale Potumujú (BA), acabou de sair de casa (onde eram feitos cerca de 90 kg por mês) para um espaço novo.

Na fábrica, onde cabem novos equipamentos, a expectativa é dobrar a produção nos próximos meses, talvez triplicar até o fim do ano, diante da alta demanda. Parte disso se deve a uma parceria recente com a rede de cafeterias Il Barista, que em suas seis lojas em São Paulo vende uma barra exclusiva da Majucau com café. Além do Il Barista, a Majucau vende em empórios e lojas nas regiões central e oeste da capital paulista.

Mariana Basaure, da marca Majucau, em sua pequena fábrica na zona leste de São Paulo. Foto: Werther Santana/Estadão

No caso de Bia Szasz, que também lançou a marca no ano passado e produz o chocolate em casa com cacau do Pará, a expectativa é dobrar o faturamento nesta Páscoa. A parceria com uma loja de cerâmicas na zona oeste de São Paulo deve ajudar a escoar a produção dos ovos, para um público novo.

“Acho que a Páscoa vai ser positiva (para o nicho) porque tem muita gente fazendo ovo ‘bean to bar’. Vamos educar mais pessoas sobre o que é isso. A maioria não sabe a diferença entre fazer chocolate e trabalhar com chocolate”, diz ela, em referência aos empreendedores que usam chocolate pronto para derreter e formatar ovos e bombons.

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Ovo de Páscoa da marca Majucau, de Mariana Basaure, tem chocolate com teor 70% cacau. Foto: Werther Santana/Estadão

Desafios dos fazedores de chocolate

No caso de quem faz o chocolate do zero, são relatadas dificuldades na produção por conta das características do produto: pequenos lotes de cacau resultam em lotes diferentes de chocolate, sem a padronização em larga escala da indústria, além de a densidade da massa com poucos ingredientes (em geral, leva só cacau e açúcar) dificultar a manipulação.

“No ‘bean to bar’, fazer casca crocante é difícil. Eu boto as castanhas na fôrma e, como o chocolate é mais denso, quando eu viro a forma, ele cai”, conta Bia, que trabalhou por quatro anos como confeiteira na França.

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Veterana no ramo, Bibiana Schneider, da marca curitibana Cuore di Cacao, também enumera as irregularidades nos lotes de cacau como um desafio para se fazer ovos de Páscoa com chocolate especial. “Na indústria, existe um padrão de fluidez. Com o ‘bean to bar’, cada lote dá um chocolate. Temos ajustes de receitas o tempo todo”, conta ela, que processa uma média de 350 kg de chocolate por mês.

Em 2013, lançou ovos “bean to bar”, sendo uma das pioneiras do Brasil nesse nicho, atrás de Chokolah (SP) e Cacau do Céu (BA). Para este ano, são cerca de 20 produtos de Páscoa da Cuore di Cacao, com os quais Bibiana espera um crescimento de 30% no faturamento. “A gente começa a trabalhar o conceito da coleção em outubro. Até dezembro são feitos os testes para validar as receitas.”

Ovo de Páscoa da chocolateira Bia Szasz, com casca recheada. Foto: Bia Szasz

As vendas da marca se concentram no Sul, em loja própria e outros endereços, mas alguns produtos estarão desta quinta-feira (12) até domingo (15) em São Paulo, no Chocolat Festival. A Cuore estará no estande da Associação Bean to Bar Brasil ao lado de marcas como Mestiço e Gallette, que também apresentarão seus ovos de Páscoa com chocolate “bean to bar”.

Pela segunda vez em São Paulo, o festival criado em 2009 pelo empresário baiano Marco Lessa reunirá em quatro dias, no prédio da Bienal, cerca de 70 expositores. Além dos estandes, o evento conta com aulas, palestras e degustações. Entre as atrações, está o renomado chocolateiro francês Patrice Chapon.

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Segundo dados da Abicab (Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Amendoim e Balas), que representa os principais fabricantes do País, a Páscoa do ano passado movimentou 10 mil toneladas de chocolate. Para este ano, a indústria aumentou cerca de 16% a mão de obra para dar conta dos pedidos.

Chocolat Festival 

Dias 12 (16h/20h), 13, 14 e 15 (10h/20h) Entrada R$ 20 (por dia; aulas à parte) No Pavilhão da Bienal - Parque do Ibirapuera Mais informações pelo site do evento

Ovoda coleção de Páscoa 2020 da marca curitibana Cuore di Cacao. Foto: Clau Pereira
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