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Opinião|Um roteiro prático para você escolher a melhor franquia a comprar

Tipo de negócio, localização, público alvo, marcas disponíveis no mercado, segmento, quanto se tem para investir: são muitas as perguntas a responder antes de decidir em qual negócio apostar

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Atualização:

Você se lembra de quando seus pais, avós ou tios perguntavam "o que você quer ser quando crescer?". Aposto que você não respondeu "franqueado". Pode ter falado em ter um negócio como uma loja, uma escola, um hospital ou um foguete para ir à Lua, mas até hoje eu não ouvi alguém contar que uma criança da família tenha respondido que queria ter uma franquia.

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Mas há pelo menos 30 anos, e cada vez mais, falamos em empreender, investir em negócios estruturados. A segurança dos empregos foi sendo substituída pela percepção de valor em ter um negócio, as faculdades passaram a promover pós-graduação e MBA em gestão, e o desemprego virou motivo para se comprar uma franquia, entre outras possibilidades. Ou seja, perder emprego não significa mais ter chegado ao fim da linha.

Nos artigos anteriores, deste mês, falei sobre as feiras de franquias existentes no Brasil, por quase todos os Estados e para que seja feita uma autoanálise para você saber se está no momento de empreender e por que pensa nesta possibilidade. Agora que você decidiu que quer ir às feiras, visitar estandes com marcas conhecidas e ao longo dos corredores se deparar com marcas e conceitos que nunca ouviu falar, prepare-se para se surpreender.

Nesta semana, você já pode começar a se organizar, com o seu planejamento pessoal empresarial. Pense nas opções de negócios a partir do roteiro de análise a seguir. Marque o que você pensa ser bom para você, aponte sobre o que gostaria de mais informações, conforme suas expectativas e possibilidade de investimento.

1. Tipo: próprio individual, franquia ou em sociedade?2. Localização: rua, shopping ou prédio comercial / hospital?3. Modelo: loja física, delivery ou e-commerce?4. Segmentos e subsegmentos:

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  • Alimentação: doceria e sorveteria, fast food, restaurante, pizzaria, bar, food truck, supermercado, loja de conveniência, cafeteria, empório, padaria, loja de bolos, pastéis.
  • Casa e Construção: construção, móveis, artigos para o lar, controle de pragas, manutenção, imobiliárias.
  • Comunicação, informática e eletrônicos: serviços gráficos, revista, informática, embalagens, distribuidora, marketing digital, call center, agência, segurança, espaços de publicidade, proteção, livraria.
  • Hotelaria e turismo: hospedagem e agência de turismo.
  • Limpeza e conservação: lavanderia, costura, serviço de limpeza, reparos.
  • Moda: acessórios pessoais (bijuterias, óculos escuros), calçados, vestuário, lingerie.
  • Saúde, beleza e bem estar: farmácias, cosméticos, perfumaria, óticas, cuidados pessoais, esporte, depilação, serviços médicos, odontologia, recreação.
  • Serviços automotivos: locação de veículos, peças e acessórios.
  • Serviços e outros negócios: logística, serviços administrativos, segurança remota, consultorias, contabilidade, corretora de seguros, pet shops, aquecimento solar, créditos, assessoria financeira, biotecnologia, agrociências, farmácia VET, produtos para festas, cartório, gestão em RH.
  • Serviços educacionais: escolas de moda, gastronomia, idiomas e de informática, treinamento, capacitação, programação, robótica, formação profissional, música, intercâmbio, cursos técnicos, construção, administração hoteleira, saúde, beleza e estética, acompanhamento escolar, educação multidisciplinar.

5. Capital para investir: até R$ 15 mil; R$ 15.001 a R$ 30 mil; R$ 30.001 a R$ 50 mil; R$ 50.001 a R$ 90 mil (até aqui são microfranquias); R$ 100 mil a R$ 200 mil; R$ 200.001 a R$ 300 mil; acima de R$ 300 mil e por aí seguem os valores. Siga analisando o valor que pode investir no total, contando com, no mínimo, 6 meses sem usar o dinheiro do negócio e contando com capital de giro como parte do investimento, também de 6 a 12 meses.

6. Onde implantar o negócio: Estado, cidade, bairro e imóvel (em m2).

7. Público alvo: Pense nisso, negócio milionário em shopping center popular não faz sentido, nem marca popular em shopping center elitizado. Não caia em ciladas como estas. Já os centros das cidades atraem variados públicos, incluindo classes A e B tanto por escolha de moradia (estilo) quanto as pessoas que trabalham nos centros.

8. Tipos de clientes: família, bebê/criança, adolescente ou jovem adulto, adulto, idoso.

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9. Porte das marcas de interesse: em início de expansão, pequena, média, grande, indiferente. A localização de preferência, mais o valor a ser investido, podem definir o porte da rede, assim como a força da marca. Marcas mais antigas e com muitas franquias já ocuparam os melhores locais. As novas marcas ainda reservam melhores opções de locais em função do público alvo. Interessante colocar esses aspectos na balança para avaliar qual será a melhor opção.

Antes de sair comprando franquia por aí, uma série de questões devem ser respondidas. Foto: Pixabay

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Junte todas as informações. Provavelmente, você começará pensando em um modelo de negócio de um determinado setor, com simpatia a um subsegmento (alimentação/ comida saudável) e preferência pela definição de ter o negócio em shopping ou na rua. Mas, à medida que você vai estudando e planejando, mais informações chegam e sua visão de negócios vai se ampliando, você deixa de achar que algo é prioritário e substitui por algo que lhe é novo.

Todas as possíveis mudanças de ideia fazem parte deste momento. Porém, é importante deixar de lado o achismo, o feeling e o que os outros falam. Busque fontes críveis, que provem o que estão sugerindo e não tenham qualquer interesse em que você compre determinada franquia/marca.

Reunindo as informações sugeridas até aqui, elenque as marcas que pretende aprofundar o conhecimento. Crie uma tabela com as empresas, dados de contatos (telefone, e-mail do responsável), segmento, tipo de negócio, investimento e local de atuação.

Comece a pesquisa pelos sites das empresas, veja sites de reclamações, pesquise quem são os donos e o histórico deles, mapeie as franquias mais próximas de você e vá até elas para ver como funcionam, se você se vê realmente fazendo aquilo todos os dias, procure saber como são os bastidores, a rotina diária para que os clientes fiquem satisfeitos. Repense se você se encaixa neste cotidiano. Converse muito com os franqueados em operação. Marque entrevistas com os responsáveis nas empresas franqueadoras. Compare o grau de profissionalismo delas, pontualidade, forma de o atender, qualidade do conteúdo das reuniões e informações, agilidade nas respostas, envolvimento de quem te atende, veracidade nas planilhas (DRE).

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Veja com os franqueados se o processo de venda da franquia foi igual ou diferente do seu e no que foi melhor para você ou para quem conversou. Não se deixe levar pelo sonho, pelo entusiasmo ou pelas promessas de retorno do investimento rápido e fácil, ok?

Muito trabalho pela frente, não é? Espero ter esclarecido como se organizar antes de decidir. Mas ainda há muito o que fazer. Não se precipite! Continuamos no próximo post. Take care!

* Ana Vecchi é consultora de empresas, CEO na Ana Vecchi Business Consulting, professora universitária e de MBAs, pós-graduada em marketing e com MBA em varejo e franquias. Atua no franchising há 28 anos em inteligência na criação e na expansão de negócios em rede.

Opinião por Ana Vecchi
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