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Opinião|Antes de procurar uma franquia para comprar, pergunte-se: por que franquia?

Você é um bom líder? Quer sócio pelo dinheiro ou para não ficar sozinho? Questões como essas podem fazê-lo descobrir se o passo para ser empreendedor deve ser dado agora

Atualização:

A maior feira de franquias do mundo será no final deste mês, outras boas oportunidades em feiras de negócios e franquias continuam acontecendo ao longo de junho e sigo com nosso compromisso em analisar negócios a empreender, em um mês tão repleto de (boas) ofertas no que tange os investimentos. Já falei em pesquisar os eventos de seu interesse, data e horários, local, se você paga com seu cadastro "apenas" para o banco de dados do organizador (já pensou quanto valem todos os seus dados, cruzados com todas as compras que você fez ou deixou de fazer, sites que visitou etc.?) ou se tem uma taxa extra para entrar, algo como ingresso.

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Veja se você pode antecipar estas providências e não ter que enfrentar as filas para comprar, para pagar, para pegar crachá e depois para entrar e a segurança verificar tudo, novamente. Isso se parece a ir ao supermercado e o tanto de vezes que um produto sai de um lugar e vai para outro - da gôndola para o carrinho, dele para o caixa e para a sacola, carrinho, porta malas, carrinho, elevador, balcão ou pia, armário ou geladeira e, no dia seguinte, começa a sair de novo do local onde foi armazenado. Em breve esta descrição fará parte do passado, então não pude evitar, enquanto faz sentido a praticamente todos nós.

Vamos ao segundo capítulo da série Empreender, ou não. Como fazer, ou não. São tantas as questões. Acho interessante provocar a reflexão, com o título deste texto, sobre antes de você sair perguntando a todos que franquia comprar e, ao franqueador, sobre a franquia que ele tem para vender, você se perguntar um montão de coisas sobre você!

Há tanto para saber e pensar sobre suas possíveis decisões que este talvez seja o principal passo a ser dado, antes de investir como empreendedor, franqueado, sócio, licenciado, dono ou empresário. Como preferir chamar e conforme o contrato que vier a assinar.

Há vários checklists feitos de perguntas que você deve fazer a um franqueador, disponíveis na internet, livrarias e sebos que, se não foram lançados há menos de um ano, precisam ser revistos uma vez que o mercado mudou, o consumidor mudou, o varejo mudou, tudo mudou e eles continuam com o mesmo conteúdo ou a mesma e antiga forma de analisar empresas franqueadoras e suas redes. Mas isso é assunto para a semana que vem. Não perca!

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Muitas questões devem ser feitas antes a si mesmo, para decidir se investir em negócio é a sua praia. Foto: Pixabay

Com relação a você, é fundamental entender profundamente quais são suas expectativas ao se tornar um franqueado, por que comprar uma franquia, o que o negócio em rede trará para você como benefícios, vantagens, segurança, colaboração, aprendizado.

Franquia, a seu ver, significa independência ou dependência? E o que isso significa a você? Você quer ser independente empresarialmente? Que tipo de equipe quer ter? Você é um bom líder? Defina um bom líder e pense se trabalharia para ele e com ele.

Talvez, antes de pensar nisso tudo, venha a pergunta chave: por que quero me tornar dono de um negócio próprio (isso é mais direto ao ponto e menos romântico do que falar "empreender")? Há respostas tão diretas que, ao ouvi-las, sei que aquela pessoa não está pronta para estar do lado de lá do balcão, da secretaria, com contas a pagar sem a certeza de quantas contas há a receber.

Ao empreender na microempresa (MEI ou Eireli, por exemplo), você é tudo na empresa em termos de liderança e de processos. Você é o único responsável para decidir, errar e acertar. Portanto, saber de você mesmo, com toda a certeza possível, o porquê de investir em um negócio próprio, pode o levar ao sucesso ou ao fracasso. A dor de cabeça faz parte dos dois pacotes, assim como a falta de horas de sono, as incertezas, os medos, as decepções, as novidades, as verdades.

No quesito sócio: porque você precisa de sócio? Será que precisa mesmo? Ou será que deve se jogar de cabeça sozinho? Mas por que não sócios? Provocações, apenas. Descreva, para você, o que considera como um bom sócio. Escreva os adjetivos que considera excelentes, ótimos, bons, razoáveis e inadmissíveis em um sócio. Em seguida, faça um X naqueles em que você se vê. E veja se você seria sócio de você mesmo.

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Ter nascido para empreender nos faz encarar o trabalho de domingo como lazer, algo que nos faz tão bem quanto um hobby

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Veja se está em busca de alguém que te complete operacionalmente ou se é uma questão financeira. Banco ou o BNDES não resolveriam esta questão? Quer um sócio pelo apoio emocional, ajuda nas decisões ou para não se sentir só na empreitada? Terapia pode resolver melhor este assunto ou blogueiros de autoajuda fantásticos têm dado o maior gás na galera. Eu mesma já me levantei de madrugada para ver como seria um desafio de 3 semanas que começa às 5h e adorei a proposta! Mesmo que não fossem para mim, me vi indicando para aqueles que precisam de um empurrão, estímulo ou treinamento para entender quais são as escolhas que temos que fazer a vida toda!

Olhe para você e, se for o caso, entenda que se tornar empreendedor sem estar com a gana (enorme ímpeto) de poder transformar o mundo, trazer o melhor aos seus futuros clientes, fazer a grande diferença na vida das pessoas, propor as melhores práticas aos seus empregados e servir de exemplo a outros empresários (inclusive aos seus concorrentes) talvez não justifique o passo agora.

Ser independente e fazer o que bem entende, na hora que quiser, do jeito que pretender, escolhendo o que e como fazer, sem querer trabalhar para os outros e nem prestar contas a ninguém não torna alguém um bom e longevo empresário, tampouco um negócio em perene.

Empresários prestam contas aos sócios, funcionários, parceiros, fornecedores, bancos, governo e clientes. À família também. Prestamos conta de nossos horários, hábitos, pensamentos, propostas, diferenças, de nosso propósito nesta vida. E, para junto de nós, atraímos tudo aquilo que somos, consciente ou inconscientemente. Não há do que reclamar.

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Mas ter nascido para empreender nos faz encarar o trabalho de domingo como lazer, como encontrar os amigos, a dedicação a algo que nos faz tão bem quanto um hobby. Trabalhar e ser feliz são sinônimos. Ser franqueado é ser feliz com uma rede franqueada que representa uma marca, um propósito. Um franqueador é o líder que guia a todos e é, também, guiado por todos que trazem boas sugestões, insights preciosos e buscam o melhor aos stakeholders do negócio.

Estar realizado, profissional e pessoalmente, deve ser seu maior objetivo. E para que isso aconteça busque, em você, as respostas aos porquês que existem. Não se engane nem procure respostas rápidas ou bonitas, que agradem aos outros. Elas não existem nesta velocidade, se você nunca teve um negócio antes. O dardo certo requer treino e assim é a vida.

* Ana Vecchi é consultora de empresas, CEO na Ana Vecchi Business Consulting, professora universitária e de MBAs, pós-graduada em marketing e com MBA em varejo e franquias. Atua no franchising há 28 anos em inteligência na criação e na expansão de negócios em rede.

Opinião por Ana Vecchi
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