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Vinho em lata ganha novas marcas que vão do digital ao grande varejo físico

Nicho reúne empresas de olho em descomplicar vinho fino fora da garrafa; maior consumo de vinho e alta taxa de reciclagem de alumínio dão empurrão

Por Ana Paula Boni
Atualização:

Sustentabilidade e reciclagem, boom do e-commerce, aumento do consumo de álcool na pandemia e a simplificação dos rituais enófilos se reuniram numa receita que tem atraído novos empreendedores e faz o mercado de vinho em lata crescer no País. Considerada a pioneira nacional, a Vivant foi lançada em 2018 e, de lá para cá, ganhou a companhia de outras concorrentes de vinho fino, como Lovin’, Mysterius, Becas, Vibra!, Arya, Sauv e, mais recentemente, Vinho 22 e Zebrah.

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Ainda não há números retumbantes por aqui como no mercado de vinho em lata dos Estados Unidos, onde são registradas cerca de 580 vinícolas que oferecem 1.450 rótulos na lata de alumínio, segundo a consultoria WIC (Wine in Can) Research. Isso num mercado que registra 11 mil vinícolas, enquanto no Brasil são cerca de 1.200.

Mesmo assim, o crescente interesse do público brasileiro tem levado a apostas das marcas, somado ao fato de que o consumo de vinho no País cresceu 72% na pandemia e atingiu patamar histórico. Para completar, a lata tem seu apelo: enquanto o Brasil recicla mais de 90% do alumínio, com o vidro a taxa está abaixo dos 50%, por exemplo.

No caso da marca Sauv, lançada pela Vinícola Góes (SP) em maio deste ano, o vinho é produzido e envasado pela própria vinícola. O parque tecnológico de envase ficou pronto no ano passado após um investimento de R$ 3 milhões em equipamentos (a lata não é produzida ali).

Na prateleira, crescem opções de vinho em lata (da esq. à dir.): Vinho 22, Vivant, Vibra!, Zebrah, Mysterius, Lovin' e Sauv. Foto: Tiago Queiroz/Estadão

A expectativa da Sauv é vender entre 250 mil e 300 mil latas neste ano, com uma aposta maior para 2022: 1 milhão de latas. “A gente está olhando para esse mercado desde 2018 lá fora. O vinho em lata não vem para substituir o vinho em garrafa, mas para ocupar uma lacuna do mercado que a garrafa não ocupa. É o mercado da cerveja, de outras bebidas alcoólicas que têm surgido e que descomplicam a ocasião, vai bem no piquenique, na piscina”, afirma Luciano Lopreto, diretor comercial da Vinícola Góes.

Segundo Lopreto, o parque de envase da vinícola, que fica em São Roque, tem capacidade para fazer 4 mil latas por hora, o que rende 600 mil latas por mês num cenário modesto, com um turno de produção.

Em meio a essa produção da Góes também estão as latas da marca Vibra!, do grupo Evino. A Vibra!, primeiro cliente em lata da Góes e que usa vinho fino da própria vinícola, foi lançada em setembro do ano passado e, em um ano, estima ter vendido 60 mil latas (em torno de 5 mil por mês). O foco é o e-commerce do grupo, que até lançou recentemente uma loja ao vivo para vender vinhos (live commerce).

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As vendas online também estão na mira da Vinho 22, marca lançada em garrafa em 2020 e que, no último mês, estreou suas latas em edição limitada com 10 mil unidades - tudo com vinho da vinícola Lídio Carraro (RS). O CEO Marcelo de Paula diz que a empresa foi procurada pela Amazon e, na parceria, tem suas entregas de latas feitas pela própria gigante de tecnologia. Além disso, diz ele, com a plataforma Daki, a bebida é entregue gelada em até 15 minutos, em São Paulo.

Para projetar novos lançamentos, incluindo um espumante em lata, a Vinho 22 diz ter captado R$ 1,1 milhão de investimentos em julho deste ano. A holding, que ainda possui a bebida Jós (de cachaça com jambu), espera faturar R$ 2,6 milhões neste ano e chegar a R$ 6,5 milhões em 2022 - sendo o vinho 70% do negócio.

Marca Sauv, da Vinícola Góes, espera vender cerca de 300 mil latas de vinho neste ano e chegar a 1 milhão em 2022. Foto: Divulgação

“Quando veio a pandemia, 92% do nosso faturamento dependia de aglomeração, de festas. A gente já tinha começado a estudar o mercado de vinhos e tivemos que repensar prazos. Agora, o vinho ficou representativo no negócio mais rápido do que a gente imaginava. É o que está dando dinheiro e visibilidade”, conta Marcelo.

A Zebrah, lançada neste mês e que usa dentro de suas latas vinho da linha Ponto Nero da Famiglia Valduga (RS), também aposta em atrair investidores para projetar crescimentos maiores para o próximo ano. O lote inicial tem 18 mil latas e a intenção é chegar também a prateleiras de grandes redes varejistas.

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“Meu plano é estar em todos os canais, como a cerveja. A distribuição é muito importante, tem muitas pessoas que decidem a compra nos últimos segundos em frente à prateleira do supermercado”, diz o fundador Gordon Murphy. Irlandês que mora no Brasil há quatro anos, ele traz na bagagem expertise de ter trabalhado na Amazon com bens de consumo e também na Pernord Ricard com bebidas.

Pioneirismo no Brasil

O nicho de vinho em lata inclui empresas de variados tamanhos, de olho em espaço para crescer. Assim como as citadas acima, a Mysterius (com vinho da vinícola Guatambu) foi lançada em março deste ano e espera vender 30 mil latas até dezembro, projetando 60 mil para 2022. O foco inclui desde restaurantes e sites a redes de varejo físico também.

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“Não temos pressa, sabemos que o produto que temos é de altíssima qualidade. Dialoga com boa gastronomia e precisamos aguardar um movimento dos consumidores de quebra do preconceito com a lata”, aposta Ariel Kogan, um dos sócios.

Para Marcelo de Paula, da Vinho 22,bebida tomou espaço em holding mais rápido do que imaginava:"É o que está dando dinheiro e visibilidade". Foto: Divulgação

No caso da Lovin’ (que usa vinho da vinícola Casa Perini), lançada em setembro de 2020, a projeção é de vender 300 mil latas neste ano e atingir faturamento de R$ 5 milhões.

Mas, a depender dos números da pioneira do mercado no Brasil, a Vivant, lançada em 2018, o mercado tem ainda muito espaço para crescer. A Vivant, que desenvolveu blend de vinho em parceria com a vinícola Quinta Don Bonifácio, estima fechar 2021 com 2 milhões de latas e triplicar o faturamento dos R$ 6 milhões alcançados em 2020.

Hoje, a marca, que tem no time nomes do mercado de bebidas como Pepsico e AB Inbev, é vendida em mais de 4 mil pontos de venda do Brasil, incluindo grandes varejistas. No Rio, inaugurou neste ano um quiosque na orla de Ipanema.

Além da Vivant, vinhos como Lovin’, Vibra!, Becas e Arya estarão com estandes na ProWine, feira de vinhos que será realizada de 5 a 7 de outubro em São Paulo, no Transmerica Expo Center.

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