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Sextech inova com plataforma de contos eróticos em áudio na pandemia

Startup Tela Preta fatura R$ 220 mil no primeiro ano com 5 mil clientes; empresa surfa no sucesso dos nichos de bem-estar sexual e de podcast, em alta global com isolamento social

Por Marina Dayrell
Atualização:

De um lado, um segmento que ganhou bastante com o cansaço das telas: o setor de áudio e voz. Do outro, um mercado que chamou a atenção dos consumidores na pandemia: o de bem-estar sexual. Da junção desses dois, lá em 2020, quatro sócios criaram uma startup de contos eróticos narrados.

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A ideia da Tela Preta é pré-pandemia, mas teve que ser colocada no ar às pressas quando os empreendedores perceberam que o isolamento social se tornaria uma realidade no Brasil. Os dados atestam que a decisão foi acertada. A consultoria KBV Research estima que o mercado de bem-estar sexual deve movimentar globalmente US$ 125 bilhões até 2026. 

Uma parte desse mercado já tem sido impulsionada durante a pandemia. De acordo com uma pesquisa do Portal Mercado Erótico, o número de empreendedores no setor triplicou no Brasil em 2020. Foram criadas as chamadas sextechs (startups do segmento sexual) e até grandes varejistas de outros setores começaram a investir no bem-estar sexual, como a Amaro.

Sócios da sextech Tela Preta:FábioChap, Guilherme Nakata, Laís Conter e Samuel Aguiar. Foto: Vinicius Pimenta

O setor de áudio também não fica para trás, com os podcasts. Segundo pesquisa realizada pela Kantar Ibope e por O Globo, o número de brasileiros que ouvem podcast regularmente aumentou 33% no ano passado, totalizando 28 milhões de pessoas. O Spotify atribuiu o recorde de 30 milhões de novos assinantes premium, conquistado no ano passado, a uma estratégia de priorização dos podcasts às músicas. Hoje, há 1,5 milhão de podcasts na plataforma e quase 63 milhões de pessoas os escutam (21% da base).

“Passando mais tempo em casa, as pessoas estão escutando mais áudio. Já existem empresas de áudio erótico fora do Brasil que registraram aumento de download. Esse é um mercado maduro lá fora. Já vemos startups recebendo investimentos”, explica Lídia Cabral, especialista em tecnologia e inovação e fundadora da Tech4Sex, plataforma de tendências e pesquisas em sextechs. Uma dessas startups é a espanhola Emjoy, que levantou uma rodada de capital semente de € 3 milhões no ano passado. O foco da empresa são contos eróticos narrados e áudios-guia sobre bem-estar sexual.

Por aqui, a brasileira Tela Preta funciona por um modelo de assinaturas, que vai de R$ 14,99 por mês a R$ 149,90 por ano. Por esses valores, o cliente acessa os cerca de 200 áudios eróticos da plataforma, que é alimentada com três contos inéditos a cada semana. Os áudios são divididos por categorias, como mais leves e mais pesados, masturbação guiada, LGBTI+, com brinquedos e ASMR (resposta sensorial autônoma do meridiano, uma sensação prazerosa de formigamento provocada por alguns sons). 

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“Os contos variam em estilo e duração, mas o que temos pedido para os narradores é tentar manter uma média entre sete a 10 minutos de áudio, principalmente porque o público feminino costuma demorar um pouco mais para entrar na história e chegar no clímax”, explica Laís Conter, cofundadora da empresa ao lado de outros três sócios.

Ao longo de quase um ano e meio de existência, a startup já atingiu 5 mil clientes, cuja maior parte é composta por mulheres de 25 a 35 anos. “É um conteúdo que repercute muito em um mercado mais jovem. Além das pessoas hoje estarem cansadas de telas, com o áudio ninguém sabe o que você está escutando, então traz uma certa privacidade. Isso termina facilitando a entrada das mulheres nesse universo. É diferente de você comprar um vibrador, por exemplo”, explica Lídia Cabral.

Startup Tela Preta oferece contos eróticos narrados em áudio, por modelo de assinaturas, que vão de R$14,99 a R$149,90. Foto: Vinicius Pimenta

Para atender todos os públicos, são contratados nove narradores para todas as temáticas. “Tem mulher narrando conto para mulher, homem para homem, homem para mulher e mulher para homem. Nós não usamos descrição física nos áudios, prezamos por isso para que todas as pessoas possam se inserir naquela história”, conta Laís. Ainda este mês, a empresa pretende realizar uma captação de novas vozes para o time de narradores.

A startup - cujo nome nasceu porque o idealizador, Fábio Chap, gravava os áudios tapando a câmera do celular com uma fita isolante - fechou o primeiro ano de vida com um faturamento de R$ 220 mil e com meta de atingir R$ 500 mil até abril de 2022, quando completará dois anos. 

Além dos áudios, que são o carro-chefe, eles começaram a investir também em um produto físico - um jogo de desafios e perguntas para casais (R$ 69,90) - e uma versão personalizada dos contos a partir das fantasias do cliente (R$ 597). Outro plano é disponibilizar contos escritos, pensando no público que gosta de ler.

“Também temos pensado em fazer eventos. O nosso maior desafio hoje é conseguir nos promover, uma vez que as regras das redes sociais (que restringem conteúdos relacionados à pornografia e ao erotismo) são uma barreira para que a gente atinja um público maior”, explica Laís

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