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Marketplaces fortalecem pequenos negócios de transexuais e negros

Plataformas de divulgação e vendas de produtos e serviços, como EmpoderaTrans e Mercado Black Money, nasceram durante a pandemia para ajudar pequenos negócios

Por Marina Dayrell
Atualização:

Para driblar não só as dificuldades causadas pela pandemia do novo coronavírus, mas também as desigualdades vividas por grupos vulnerabilizados, empresários e organizações criaram marketplaces e classificados online focados em nichos do empreendedorismo. A ideia é dar visibilidade e gerar riqueza para negócios feitos por transexuais, negros e mulheres. 

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No último mês, surgiu o EmpoderaTrans, site que reúne pequenos empreendedores transexuais criado por Maite Schneider, Márcia Rocha e Fábio Pugliese - sócios por trás da Transempregos, plataforma de empregabilidade de pessoas trans.

“Queremos levar um pouco mais de consciência para o empreendedorismo. Se você quer um fotógrafo, por que não contratar um fotógrafo trans? Isso fortalece em termos de economia. O público externo também pode pensar nos empreendedores trans nas suas redes de stakeholders. Várias empresas consomem produtos e serviços, por que não consumir desses empreendedores para fortalecê-los?”, destaca Maite.

Ao longo de sete anos de Transempregos, os sócios perceberam que o empreendedorismo já era uma alternativa ao mundo corporativo, mas que era preciso dar mais visibilidade a ele. 

“O projeto nasceu de uma ideia antiga que tivemos na Transempregos porque a plataforma é voltada para o mundo corporativo e várias pessoas trans entravam para ele sem a mínima vocação. Mas elas já empreendiam naturalmente, mesmo sem saber que o nome era esse. Como forma de sobrevivência, já vendiam algo, interagiam com os clientes”, explica Maite.

Até o momento, a plataforma reúne 72 empreendedores que anunciam produtos e serviços que vão desde roupas, acessórios e comidas até atendimento psicológico e nutricional. Ainda não é possível realizar a compra por meio do site. Os interessados devem procurar as lojas pelos contatos exibidos na página, numa espécie de classificados.

Para Maite Schneider, uma das criadoras do EmpoderaTrans, objetivo da rede é dar visibilidade e fortalecer economicamentenegócios criados por pessoas trans Foto: Acervo pessoal

Uma das empreendedoras da plataforma é Caduda Mexias, de 24 anos, dona da Macramêxias, marca de joias artesanais feitas com cristais energéticos e macramê (técnica de tecelagem manual que se baseia no uso de nós). Artesã desde 2015, ela tem nos brincos, colares e anéis - além do serviço de styling em produções de moda - a sua principal fonte de renda.

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“Antes da quarentena, eu vendia em alguns pontos físicos, como loja, além de eventos e exposições. Conheci o EmpoderaTrans por divulgação de outras amigas e resolvi participar. É uma maneira de nos ajudarmos e de garantir referências”, explica Caduda. Durante a pandemia, a marca vende pelo Instagram, faz entregas em São Paulo e envia para todo o Brasil. 

Marketplace de empreendedores negros

Madrinha do EmpoderaTrans, a empresária Nina Silva criou, em março, uma plataforma voltada aos negócios de empreendedores negros, o Mercado Black Money. O marketplace (que permite a compra diretamente pela plataforma) reúne cerca de 300 lojas de vários segmentos, como acessórios de decoração, personal training e produtos eróticos.

“O lema do mercado Black Money é ‘compre preto, venda para todos’. A ideia é que apenas empreendimentos negros anunciem, mas que toda a sociedade - principalmente as pessoas que querem estar ativas na luta antirracista - comprem. O incentivo é para gerar riqueza por mais tempo dentro da comunidade negra, dar visibilidade para empreendimentos de afroempreendedores”, explica Nina.

A plataforma é gratuita para o empreendedor e, segundo a fundadora, em menos de três meses de operação, já fez circular cerca de R$ 100 mil em vendas.

Macramêxias, marca de joias artesanais feitas com cristais energéticos e macramê, está na plataforma EmpoderaTrans Foto: Thays Alessandra

Para compor o EmpoderaTrans, os criadores também convidaram como madrinha, além de Nina Silva, a empreendedora Ana Fontes, nome por trás da Rede Mulher Empreendedora (RME). 

A organização possui a própria plataforma desde 2018, o Marketplace RME, com cerca de 1.600 mulheres cadastradas, que se dividem entre a venda de produtos e a prestação de serviços. Por ter um sistema de pagamento via Paypal implantado, é possível fazer a compra diretamente no marketplace.

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Os segmentos das lojas são variados e vão desde vestuário fitness e cervejarias até escritório de advocacia e farmácia de manipulação. O cadastro básico é gratuito, mas há a possibilidade de contratar o serviço premium, que prevê maior visibilidade e destaque na plataforma, por valores que variam de R$ 9,90 a R$ 39,90 por mês.

"Lançamos o marketplace da RME para juntar em um só lugar, de forma clara e organizada, os produtos e serviços fornecidos por essas empreendedoras, que muitas vezes encontram dificuldades para adquirir novos clientes. É uma vitrine muito importante para elas”, destaca Ana.

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