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Home office dá gás a empresas de benefícios

Com o confinamento, cresce a demanda por serviços que vão além do vale-transporte e do vale-alimentação

Por Natalie Catuogno Consani
Atualização:

Em 2020, um novo grupo de startups e empresas de tecnologia viu seu mercado crescer por causa da pandemia do novo coronavírus: as que fornecem benefícios flexíveis para outras companhias. A demanda por novos benefícios e outras formas de usá-los já estava dada desde antes da quarentena – e foi sendo identificada por várias dessas empresas, que atuavam ou queriam atuar no segmento. “Era uma tendência que se consolidou com a pandemia”, avalia Leonardo Bento, gerente da Robert Half no ABC e Baixada Santista.

As restrições e novas necessidades do home office motivaram mais as companhias a flexibilizarem benefícios – e, às vezes, trocarem por outros –, de um modo que fizessem mais sentido na nova realidade. As soluções apresentadas pelas startups, fintechs e empresas de tecnologia para atender a essa demanda foram variadas: vão desde plataformas que unem todos os benefícios – tradicionais e extras – num único cartão e aplicativo até as que investem em planos de crédito e bancárias para empregados não bancarizados.

A Caju, de Giglio, fechou o ano com mais de mil clientes e 50 mil usuários Foto: Alex Silva/Estadão

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“Muitas pessoas viram acumular saldos no vale-transporte, por exemplo, que poderiam ajudar na compra do mês se transferidos para o benefício de alimentação”, diz o fundador e presidente da Caju Benefícios, Eduardo del Giglio. A startup começou a operar em 2020 com a proposta de centralizar os benefícios num único aplicativo e num único cartão. Isso valendo para os tradicionais e para outras categorias, como educação, cultura e saúde.

Dependendo da empresa e da legislação e acordos sindicais vigentes, é possível ao beneficiário intercambiar valores entre as rubricas. Assim, pode conseguir usar o auxílio-gasolina na compra do supermercado, por exemplo. A Caju fechou seu primeiro ano com mais de mil clientes e 50 mil usuários em sua plataforma. Em agosto, quando tinha 400 clientes e 15 mil usuários, recebeu um aporte de R$ 13 milhões.

Demanda por inovações

A Flash Benefícios é outra empresa de tecnologia, com soluções em benefícios, que avançou na esteira do home office. Desde 2017, Ricardo Salem e os irmãos Pedro e Guilherme Lane, cofundadores da companhia, pesquisavam o segmento em conversas com gestores de recursos humanos e empregados de diversas companhias. Viam demanda por inovações que respondessem às necessidades dos usuários, diferentes entre si, mas homogeneizadas em soluções pouco adaptáveis. “(Segundo pesquisa do SPC Brasil), 39% dos colaboradores admitem vender seus benefícios (para usar de outra forma). Tem um problema de produto aí”, avalia Pedro Lane.

Em julho de 2019, Pedro e os sócios lançaram a Flash, plataforma integrada com cartão pré-pago que centraliza os saldos dos benefícios mais tradicionais, como refeição e transporte, e permite às empresas conceder outros em categorias como bem-estar e educação, cultura e lazer. Com esse serviço, a Flash mais que dobrou os seus indicadores durante a pandemia. Com o crescimento, precisou contratar 75 pessoas no período, passando de 40 funcionários em março de 2020 para 115 em janeiro. 

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Em comum, essas soluções permitem que as empresas apoiem da educação continuada dos funcionários ao bem-estar, saúde e aos gastos com farmácia, concedendo um valor direto nos aplicativos, por exemplo. Ou que subsidiem momentos de “descompressão” em casa, permitindo, em itens como cultura ou lazer, que o empregado use uma parte do benefício para pagar a conta da Netflix, por exemplo.

A plataforma da Flash também funciona como marketplace de parceiros que dão descontos para os usuários. Redes de alimentação, de bem-estar, farmácias e até lojas de decoração fazem parte do convênio e chegam a dar 70% de desconto. Assim, o benefício acaba valendo mais dentro do aplicativo e a economia também pode ser percebida como benefício.

Esse tipo de oferta é a aposta da Allya, empresa de tecnologia focada em RH, que também opera no segmento de benefícios, oferecendo um ambiente em que o empregado pode comprar, com descontos, produtos e serviços de diversas categorias direto dos parceiros cadastrados no aplicativo. A empresa, que tem 30 mil parceiros e 300 mil usuários, teve uma alta de 32% em seu faturamento em 2020.

A startup pode ainda ajudar as empresas na hora de bolar campanhas de comunicação. Assim, uma das clientes, logo no começo da quarentena, conseguiu incentivar os funcionários a equiparem o home office, estimulando compras de móveis e outros itens pela campanha e com os descontos. Operando desde 2015, a Allya recebeu um investimento inicial – de investidor-anjo – de R$ 250 mil. Agora teve novo aporte de R$ 7,5 milhões, liderado pela Domo Invest.

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Espaço para crescer

Já a People Club, solução criada pelo Grupo Roit, uma startup de gestão contábil e tributária, junta numa mesma plataforma o vale-refeição e o vale-transporte, oferecendo também um clube de compras com descontos. “A plataforma integra usuários, RH e lojistas, que podem fazer promoção quando quiserem, baseados em dados de uso, compra e preferência que o aplicativo oferece”, diz o fundador e presidente do People Club, Renan Araújo.

Para ele, “a ideia do People Club é potencializar esses benefícios já ofertados”, aumentando o poder de consumo do empregado. Lançada em setembro, a People Club conta com 14 mil usuários de 150 empresas. Tem 5 mil parceiros em seu aplicativo. “O momento é bom para startups (desse segmento). Há espaço, o mercado está comprador de novidades”, diz Berto, da Robert Half. 

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