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Fintechs ajudam pequeno empreendedor a ter acesso mais fácil ao crédito

Em geral com processo mais ágil e menos burocrático que bancos tradicionais, startups financiam empreendedores com taxas baixas

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Por Mateus Apud
Atualização:

Se o acesso de pequenos empreendedores ao crédito em instituições financeiras tradicionais pode se tornar um processo burocrático e com juros altos, fintechs (startups financeiras) passaram a apostar em empréstimos on-line por meio de P2P (peer-to-peer-lending) para atender o nicho.

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O P2P ou empréstimo coletivo é a prática de emprestar dinheiro usando plataformas que conectam quem quer emprestar dinheiro a quem precisa dele, sendo que o valor total pode chegar por diferentes investidores. Em geral, são oferecidas taxas mais baixas ao tomador de crédito e, na outra ponta, disponibilizado um retorno superior ao investidor.

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Firgun e Nexoos são exemplos de startups que viram nesse cenário o potencial de usar inovação para oferecer processos simples para empreendedores conseguirem crédito onde qualquer pessoa física ou jurídica possa investir. Nas plataformas, são feitas as análises de crédito, além da definição do valor, do tempo do financiamento e das taxas de juros.

“Duas situações que combinam para o crescimento dessas fintechs são as condições do crédito e a agilidade do processo. O pequeno empreendedor vai procurar as fintechs quando já tomou um ‘não’ de um banco ou lhe foi oferecido um crédito fora da realidade”, diz o pesquisador do Centro de Microfinanças e Inclusão Financeira da FGV Eduardo Diniz.

Diniz afirma que, se os juros, o tempo de financiamento e o valor total estiverem de acordo com a realidade do empreendedor, é seguro receber o crédito de fintechs. “São empresas regulamentadas pelo Banco Central e são confiáveis como qualquer outra instituição financeira.”

A empreendedora Débora Fidelis, dona do buffet Chef Debinha, arrecadou R$15 mil pela plataforma da fintech Firgus para comprar uma máquina de embalar a vácuo. Foto: Daniel Teixeira/Estadão

As fintechs de crédito, financiamentos e negociação de dívidas representam hoje 21% das fintechs do mercado, segundo a pesquisa FinTech Deep Dive 2018 da Associação Brasileira de Fintechs (ABFintechs) em parceria com a PwC Brasil (PricewaterhouseCoopers). “O segmento vem crescendo e se fortalecendo com maior credibilidade. A perspectiva para os próximos anos é de crescimento e ganho de mercado”, diz o líder da vertical de crédito da ABFintechs, Fábio Neufeld.

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Desde 2015 atuando no mercado, a Nexoos, fundada por Daniel Gomes e Nicolas Arrellaga, já financiou R$ 134.937.388. “Temos uma base de mais de 40 mil investidores. Eles veem as propostas que os empreendedores querem e fazem o investimento de quanto eles quiserem na empresa”, diz Arrellaga.

Na Firgun, fintech de impacto social criada em 2017 por Fábio Takara e Lemuel Simis, a taxa de juros pode chegar a zero em empréstimos de até R$ 3.000. “A empresa nasceu da vontade de promover transformação de uma maneira sustentável financeiramente. Muitos empreendedores potencial têm para crescerem, mas desistem por juros altos ou burocracias”, afirma Simis.

Moradora da periferia de São Paulo e empreendedora desde 2012, Débora Fidelis atua no serviço de bufê com especialidade em catering, por meio da empresa Chef Debinha. Por conta de já ter tido nome sujo e score baixo, ela se viu impossibilitada de receber crédito para alavancar seu negócio por vias tradicionais e se viu obrigada a tomar empréstimos com um agiota.

“Meu negócio não dava aquela alavancada e sempre ficava no ‘quase’”, conta Debinha, que conheceu a Firgun em 2018. Foi por meio de um empréstimo de R$ 15 mil na plataforma que ela conseguiu comprar uma máquina de embalagem a vácuo, para entregar suas tortas com mais higiene e durabilidade. “Como parei de pegar dinheiro de meios alternativos, onde os juros eram muito altos, acabou me sobrando mais dinheiro e eu consegui ampliar a empresa.”

Além da máquina a vácuo, Debinha comprou um fatiador de frios, uma geladeira de porta dupla e um freezer vertical, com sobra para capital de giro. “Hoje, minha empresa consegue empregar oito pessoas, todas elas da periferia. Faturei R$ 800 mil em 2018”, diz ela, que tem clientes como a rede Ibis.

Onde fazer o empréstimo

Biva Tempo: 6 a 24 meses Juros: 1,7% a 6,3% / mês Crédito: R$ 3 mil a R$ 500 mil

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BizCapital Tempo: 3 a 24 meses Juros: a partir de 1,99% / mês Crédito: R$ 5 mil a R$ 150 mil

Firgun Tempo: 24 meses mais um mês de carência Juros: até 1% ao mês Crédito: R$ 500 a R$ 15 mil

IOUU Tempo: 3 a 36 meses Juros: a partir de 1,3% ao mês Crédito: R$ 1.000 a R$ 1 milhão

Kavod Lending Tempo: 6 e 24 meses Juros: a partir de 1,1% ao mês Crédito: R$ 150 mil a R$ 1 milhão

Mercado Pago Tempo: até 12 meses  Juros: 3,75% ao mês Crédito: R$ 300 a R$ 350 mil

Nexoos Tempo: 3 a 24 meses Juros: 1,2% a 3,2 ao mês Crédito: R$ 25 mil a R$ 500 mil

Tutu Digital Tempo: prazo médio de 18 meses Juros: a partir de 1,9% ao mês Crédito: R$ 1.500 a R$ 400 mil

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* ESTAGIÁRIO SOB A SUPERVISÃO DO EDITOR DE SUPLEMENTOS, DANIEL FERNANDES

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