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Crédito público chega a R$ 35,05 bi para pequenos negócios na crise

Principal programa para ajudar micro e pequenas empresas, Pronampe já liberou R$ 18,7 bi e deve anunciar mais R$ 12 bi até sexta-feira, 14; linhas de crédito crescem 454% desde março, segundo Sebrae

Por Letícia Ginak
Atualização:

Quase cinco meses após a vigência dos primeiros decretos estaduais e municipais que interromperam as atividades de micro, pequenas e médias empresas em todo o País para frear a crise causada pelo novo coronavírus, o volume de crédito liberado por programas públicos como medida de contenção foi de R$ 35,05 bilhões, o que corresponde a 383 mil contratos.

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Os dados, atualizados até o fechamento desta edição, são da plataforma Emprestômetro, desenvolvida e operacionalizada pela Secretaria Especial de Produtividade, Emprego e Competitividade (SEPEC) do Ministério da Economia, com o apoio do Sebrae. As pequenas empresas foram as responsáveis pelo maior valor contratado nos programas, com a cifra de R$ 21,4 bilhões, o que representa 61,24% do dinheiro emprestado. As microempresas representam 15,07%, com valor total contratado de R$ 5,2 bilhões.

À primeira vista, o número de contratos se mostra bem abaixo se relacionado diretamente com o número de micro e pequenas empresas formais existentes no Brasil: são 17,2 milhões de PMEs, que correspondem a 99% das empresas nacionais. No entanto, o presidente do Sebrae, Carlos Melles, diz que os números não podem ser comparados de forma direta.

“Nossas pesquisas sobre financiamento dos pequenos negócios no Brasil apontam uma cultura de aversão por empréstimos por parte dos empreendedores. As respostas mais recorrentes são de que eles não gostam de empréstimos ou temem que não conseguiriam pagar, o que é bastante condizente com as condições do mercado de crédito. Sabemos que cerca de somente 15% de todo o crédito concedido para pessoas jurídicas no Brasil vai para os pequenos negócios e esse é um crédito caro”, diz.

Melles completa ressaltando que o empréstimo concedido hoje é uma dívida a ser paga no futuro. “A decisão de tomar ou não crédito deve ser bem pensada e planejada pelos empresários levando em consideração as suas estratégias e a saúde financeira das empresas. Além disso, o crédito não é a principal fonte de recursos e financiamento para os pequenos negócios. A maior parte deles se financia com seus fornecedores e isso deve ser levado em consideração”, diz.

Bar em São Paulo em processo de reabertura à noite; segundo Abrasel-SP, 77% dos bares e restaurantes da cidade tentaram empréstimo e até o fim de julho 50% haviam conseguido Foto: Daniel Teixeira/Estadão-6/8/2020

O Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe) foi a linha responsável pelo maior valor de crédito liberado até o momento, com R$ 18,7 bilhões. Aprovado em 18 de maio e com o valor inicial de R$ 15,9 bilhões, o programa é a principal linha de crédito do governo federal e também a mais efetiva até o momento. Dos R$ 18,7 bilhões liberados pelo programa até agora, 65,1% foram para pequenas empresas e 25,34% para microempresas. 

O Ministério da Economia confirmou que devem ser liberados mais R$ 12 bilhões para o Pronampe até esta sexta-feira, 14.

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Novas linhas de crédito crescem 454%

Mesmo com a reabertura gradual da economia, empreendedores continuam com a média de faturamento muito abaixo do registrado antes da pandemia, por isso a corrida pelo crédito continua. De acordo com a Fecomercio-SP, micro e pequenas empresas do setor de serviços da capital paulista enquadradas no regime do Simples Nacional registraram baixa de 63,6%. Segundo a Abrasel-SP, 77% dos bares e restaurantes da cidade tentaram empréstimo e até o fim de julho 50% haviam conseguido. 

Um estudo do Sebrae Nacional mapeou 183 linhas de crédito em andamento no Brasil. De fintechs a agências de fomento regionais, as linhas contemplam desde empreendedores que trabalham com sistema agroflorestal até startups. Em março, a entidade mapeou apenas 33 linhas, ou seja, em cinco meses houve um aumento de 454% na disponibilidade de novas linhas de crédito. A maior parte delas é oferecida por bancos regionais, agências de fomento regionais e Oscips de microcrédito. 

“No início, o cenário ainda estava muito incerto e as instituições financeiras e os governos, por meio de seus bancos e agências de fomento regionais, tiveram que coordenar suas estratégias de acordo com o desafio que se colocava. É preciso considerar também que há um tempo necessário para disponibilizar as linhas de crédito com todas as suas características”, afirma Melles sobre o aumento no volume de linhas de financiamento para o setor.

Como muitas das linhas mapeadas não são oferecidas por bancos públicos, instituições que recebem o maior volume de pedidos por empréstimos, o presidente do Sebrae ressalta que todas elas são instituições reguladas e fiscalizadas pelo Banco Central e não há riscos ao empreendedor. 

Veja mais detalhes sobre as 183 linhas de crédito mapeadas pelo Sebrae. 

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