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Opinião|Saúde, habitação e inclusão produtiva: 3 tendências de negócios de impacto social

Setores representam grandes desafios no pós-coronavírus, mas também abrem oportunidades para que negócios de impacto ajudem a transformar a realidade de desigualdade agravada pela crise sanitária

Atualização:

Análise do Banco Mundial aponta que, à medida que o mundo enfrenta a crise sanitária do coronavírus, torna-se essencial auxiliar os países no processo de transição para a recuperação por meio de uma combinação formada para salvar vidas, proteger os pobres, amparar os fundamentos da economia e fortalecer políticas e instituições para a resiliência.

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Uma parte significativa da atuação da organização está centrada, inclusive, no apoio contínuo à saúde das nações com a disponibilização de US$ 12 bilhões para ajudar os países em desenvolvimento a financiar a compra e a distribuição de vacinas. As operações têm ênfase na proteção social para a redução da pobreza.

Para além da pandemia, enxergo a saúde, a habitação e a inclusão produtiva como grandes desafios brasileiros do pós-coronavírus. Essas temáticas compõem, na minha percepção, as três tendências para o empreendedorismo social em 2021/2022, porque abrem oportunidades reais para que os negócios de impacto social inovadores colaborem, efetivamente, com a transformação que vamos precisar promover para combater o recrudescimento do abismo social no País, cuja desigualdade endêmica foi agravada pela pandemia.

Para falar sobre a saúde, trago a visão de que, em um futuro próximo, teremos um problema enorme para resolver, que está associado à falta de cuidados preventivos de várias doenças. Ou seja, teremos um gap gigantesco no atendimento a enfermidades cujos tratamentos foram negligenciados durante a pandemia. Estou falando de doenças como hipertensão, diabete, dislipidemia (colesterol alto) e alterações cardiovasculares, além do câncer.

Esse cenário demandará soluções desenvolvidas por negócios de impacto social, sobretudo, voltadas à qualificação dos profissionais da saúde. Haverá um mercado enorme e com muitas oportunidades para que os empreendedores sociais colaborem com a melhoria do atendimento da saúde pública.

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Pandemia de covid-19 agravou as desigualdades sociais. Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Diante da pandemia, houve uma maior clareza sobre a necessidade de inovar e acelerar as transformações na saúde pública do Brasil. A Atenção Primária à Saúde (APS), por exemplo, é o acesso da população aos cuidados iniciais, sendo responsável por suprir de 80% a 90% das necessidades de atendimento médico de um indivíduo ao longo da vida, de acordo com a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS-Brasil).

Em síntese, isso ocorre por possuir uma oferta abrangente de serviços que vão da promoção básica de saúde e prevenção ao monitoramento de doenças crônicas e cuidados paliativos. Por conhecer a população ao redor das unidades, tornou-se o nível que apresenta maior rapidez na resposta às mudanças econômicas, tecnológicas e demográficas que podem impactar no bem-estar das pessoas.

É eficaz tanto ao lidar com causas e riscos à saúde quanto em responder aos desafios emergentes que podem ameaçar o futuro da população. Portanto, a APS exige soluções inovadoras que podem ser oferecidas pelos empreendedores e pelas empreendedoras de impacto social.

A habitação, que destaco como segunda tendência, é um setor no qual 75% da demanda habitacional, até 2027, será de brasileiros com renda de até cinco salários mínimos. Então, como desenvolvemos soluções de melhoria habitacional, de crédito, de habitação social que enderecem o desafio desses cidadãos? E até levando em consideração novos formatos que não são mais centrados na casa própria, mas modelos como compartilhamento, aluguel social, entre outros. Há muito espaço para empreendedores sociais pensarem fora da caixa para endereçar soluções para um problema gravíssimo do nosso País.

As soluções de inclusão produtiva - que listo como terceira tendência - também serão muito demandadas, porque precisamos de soluções para o aumento da renda e do trabalho para a população mais vulnerável do País. Temos um grande número de pessoas sem empregos; cidadãos que a "revolução digital" jogou para fora do mercado de trabalho.

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Com isso, vamos precisar de negócios de impacto social que enderecem, por exemplo, o problema do letramento digital; soluções para preparar os jovens para as áreas técnicas do futuro e habilidades interpessoais e socioemocionais (soft skills); ferramentas que ajudem as grandes empresas a conduzirem um processo seletivo mais inclusivo.

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As tendências que identifico - sobretudo dentro dos estudos que temos conduzido na Artemisia - estão ligadas, profundamente, aos desafios que temos e que teremos como nação. A crise afeta um contingente enorme de pessoas, então, precisamos de soluções que estejam à altura dessa demanda.

* Maure Pessanha é empreendedora e diretora-executiva da Artemisia, organização pioneira no fomento e na disseminação de negócios de impacto social no Brasil.

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Opinião por Maure Pessanha
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