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Opinião|Os negócios de impacto socioambiental e a transição para uma economia circular

Em parceria com a Gerdau, Artemísia lança Tese de Impacto Socioambiental em Reciclagem para mapear soluções e oportunidades de atuação no cenário brasileiro

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Por Redação
Atualização:

O lixo excessivo e o esgotamento de recursos naturais são alguns dos grandes desafios ambientais do nosso tempo e, ao mesmo tempo, a consequência de mais de um século de atividade econômica negligente às limitações de recursos do planeta. Diante da gravidade da situação, a Economia Circular tem se consolidado como uma via possível, entretanto, ela demanda uma mudança sistêmica que desafia as sociedades a substituir a lógica de extração-produção-descarte para um novo modelo produtivo. Pensar no resíduo como um recurso é um dos pontos de partida para ativar a circularidade da economia no País. Esse pensar e agir significa fazer com que o Brasil pare de "enterrar dinheiro" e passe a enxergar oportunidades de negócio, de empregos e de novos mercados dentro da Economia Verde.

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Na prática, precisamos garantir um bom uso das potencialidades dos resíduos. Estima-se que somente 5,3% dos materiais secos potencialmente recicláveis foram de fato reciclados em 2019. Isso significa que boa parte desses materiais ainda é destinada sobre o solo, em aterros e lixões, antes de atingirem a conclusão do ciclo de vida útil. Além de representar um verdadeiro desperdício de oportunidades, quando destinados de forma inadequada, esses materiais somam-se à massa de resíduos que geram danos ao meio ambiente e à saúde das pessoas. A leitura crítica desse dado mostra que os processos de recuperação - reciclagem e compostagem, especialmente - são pouco comuns no Brasil.  

Apenas 5,3% dos materiais secos potencialmente recicláveis foram reciclados em 2019. Foto: Taba Benedicto/Estadão

A reciclagem, portanto, tem um papel fundamental na rota para uma economia mais circular e existem vários negócios de impacto atuando no Brasil, em diferentes elos da cadeia, que estão trazendo inovação e avanços ao setor. Muitos serviços relacionados à reciclagem são motivados pelo cumprimento da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) como a estruturação de sistemas de logística reversa. E avanços inéditos na legislação ambiental devem trazer novos incentivos. 

Para trazer mais insumos qualificados para esse debate urgente, a Artemisia e a Gerdau conduziram a Tese de Impacto Socioambiental em Reciclagem - que se propõe a analisar o cenário de reciclagem no Brasil e mapear as oportunidades de atuação de negócios de impacto socioambiental em soluções inovadoras, tendo por objetivo apontar caminhos que possam contribuir para acelerar as mudanças necessárias no tema. A análise setorial percorre os principais desafios enfrentados no País dentro da temática e, ainda, apresenta 13 oportunidades mapeadas - para quem pensa em empreender ou investir no setor, com foco na geração de impacto socioambiental positivo. 

Ressalto que a transição para uma economia circular demandará uma transformação sistêmica, de esforço coletivo, na busca por avanços que vão além da reciclagem. Para isso, uma nova cultura de negócios será necessária - norteada por princípios, atitudes e relações embasadas em uma nova concepção de geração de valor, agora com ênfase em durabilidade, modularidade, remanufatura e reuso, desenvolvimento de serviços, compartilhamento e fontes de matéria-prima renováveis. 

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Entre os modelos de negócio que trazem ganho de circularidade à economia, destacados pela Tese de Impacto Socioambiental em Reciclagem, estão: insumos circulares (uso de energia renovável, materiais de entrada biológicos ou totalmente recicláveis para substituir os materiais tóxicos e de ciclo de vida único); produto como serviço (oferece acesso ao produto e mantém a propriedade para internalizar os benefícios da produtividade circular dos recursos); extensão da vida do produto (prolonga o ciclo de vida útil dos produtos e componentes, revendendo, reparando, remanufaturando e atualizando); compartilhamento (permite uma maior taxa de utilização dos produtos e possibilita uso compartilhado, acesso e propriedade); e recuperação de recursos (recupera materiais, recursos e energia de produtos descartados ou subprodutos).

Nos próximos artigos, espero detalhar e exemplificar - com cases de negócios de impacto socioambientais - cada uma das 13 oportunidades detectadas. Para os que se interessam pelo tema, a íntegra da Tese de Impacto Socioambiental em Reciclagem - que contou com o apoio da Abeaço, CEMPRE, Coca-Cola Brasil, Hub de Economia Circular, Pimp my Carroça, SAP e Tigre - pode ser acessada pelo site: https://impactosocial.artemisia.org.br/reciclagem.

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