Reza a lenda que a primeira vending machine (máquina de venda automática) surgiu na Antiguidade, quando um matemático que viveu no primeiro século da dominação romana no Egito inventou uma traquitana que derramava água sagrada em um pequeno tacho em troca de moedas. Já a primeira máquina automática moderna foi inventada na década de 1880, para vender cartões postais, envelopes e papel de carta. Em 1887 nascia, em Londres, a Sweetmeat Automatic Delivery Company, primeira companhia do mundo a trabalhar com a instalação e a manutenção dessas máquinas.
Avaliado em US$ 30,3 bilhões em 2018, o mercado global de vending machines deve registrar uma taxa de crescimento anual de 9,4%, atingindo um faturamento de US$ 56,9 bilhões até 2025, segundo um relatório da empresa de pesquisas mercadológicas Grand View Research. Largamente disseminada em países como Japão e Estados Unidos, essa modalidade de vendas ainda é um oceano de oportunidades no Brasil.
Algumas empresas já chegaram para desbravar o mercado, só que com uma pegada mais nichada e tecnológica. Uma delas é a Casa Group, fundada pelo carioca Claudio Landsberg em Orlando, na Flórida. De acordo com o empreendedor, hoje há uma vending machine para cada 3 habitantes no Japão e uma para cada 90 nos Estados Unidos. No Brasil, onde a empresa chegou em agosto de 2020, a proporção é de uma máquina para 7 mil habitantes, contando as de café. “Era um mercado estagnado em um país que tem potencial de chegar ao ponto dos Estados Unidos”, ele prevê.
Para conquistar o público brasileiro, foram criados oito modelos de máquinas com marcas próprias da empresa, cada uma com um mix específico de produtos para atender a diferentes tribos. Tem minimercado de conveniência, empório de vinhos, vending machine de álcool em gel e máscara por conta da pandemia, pratos congelados, acessórios de celular, comes e bebes, artigos “emergenciais” como guarda-chuva e curativos, e produtos femininos, entre maquiagem e itens de higiene pessoal.
A empresa também olhou para a mudança no padrão de consumo, com forte foco na “geração quarentena”, segundo Landsberg. “O brasileiro teve uma experiência anterior ruim com vending machines porque eram máquinas analógicas, sem nenhuma interação, e o produto ainda ficava preso”, ele analisa.
Com a chegada da pandemia da covid-19, a tendência, no Brasil e no mundo, pedia ainda um serviço mais tecnológico, sem fila, com pouco toque e diferentes formas de pagamento. “A comodidade se tornou um valor gigantesco e as pessoas estão entendendo o poder dessa conveniência”, diz o empresário.
Por aqui a Casa Group opera em sistema de franquias, oferecendo tanto as vending machines de marcas próprias (franquias de R$ 25 mil) quanto a linha de parceiros como Petz, C&A, Ipanema, Bavarian Nuts e Casa de Gê (franquias de R$ 35 mil). “São empresas que identificaram que esse canal de vendas ia emergir pelo poder de capilaridade enorme”, afirma.
Hoje com 110 franquias operantes, as vending machines da empresa já se espalham por shoppings, parques, condomínios e metrôs nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Distrito Federal e Paraná e estão chegando a Pernambuco e ao Rio Grande do Sul. A previsão é bater 400 máquinas em 2021 e mil unidades até o final de 2020.
Cerveja gelada 24 horas por dia
Já a Take and Go optou por focar em uma demanda bem específica: a cerveja. Primeira vending machine a operar com tecnologia de reconhecimento por imagem, a “cervejeira” do químico Evandro Chicoria, do médico Yoshitaka Terasawa e do engenheiro Vinícius Orsi, especializado em inteligência artificial, só precisa de uma tomada e conexão wifi para fazer sua mágica.
A máquina conta com uma tecnologia própria capaz de identificar qual item foi retirado e fazer a cobrança de maneira automática no cartão de crédito cadastrado no aplicativo.
Com aporte inicial de R$ 100 mil, a Take and Go foi lançada oficialmente em maio de 2020. Até dezembro, com sete meses de vida e 50 geladeiras operando em condomínios residenciais, a startup faturou seus primeiros R$ 500 mil.
No primeiro trimestre de 2021, alcançou 15 estados brasileiros e, antes mesmo de completar um ano de operação, já tem 500 pontos de venda. Até o fim do ano, a meta é chegar a 3 mil cervejeiras e faturamento superior a R$ 40 milhões.
Para dar conta do plano de expansão, a Take and Go aposta no sistema de licenciamento, que possibilita que o investidor defina os rótulos de acordo com os hábitos de consumo do público local.
A parceria exclusiva com a Ambev é um ponto a favor do consumidor, que compra as geladas a preços competitivos, em geral abaixo dos praticados em lojas de conveniência, bares ou restaurantes.
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