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Vale a pena investir na Black Friday?

Especialistas e empreendedores analisam os prós e contras de participar da data

Por Vanderson Pimentel
Atualização:
Dullius.Fundador da Vandal, marca de camisetas, acredita que organização é essencial para ter sucesso na data. Foto: Fabio Motta/Estadão Foto: Fabio Motta/Estadão
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A primeira Black Friday de Ricardo Dullius o assustou. Um ano após abrir a Vandal, marca própria de camisetas localizada no Rio de Janeiro (RJ), o empresário resolveu investir na data, em 2012. Como resultado, recebeu mais críticas do que elogios, mesmo dando até 24% de desconto em todos os itens. 

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“Teve fraude de cartão de crédito, problemas com falta de estoque, entrega, modelos repetidos. Não tínhamos nos preparado direito”, lembra. Como a empresa ainda estava se consolidando, Dullius diz que conseguiu se recuperar depois da ação. “Me afetou naquele momento, mas como éramos menores, não alcançávamos muita gente. Erramos quando podíamos errar”, assegura.

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A Black Friday foi importada dos EUA para o calendário brasileiro em 2010. Por lá, ela ocorre um dia após o Dia de Ação de Graças, o que faz com que a data por aqui aconteça sempre na quarta sexta-feira de novembro. Segundo dados da Ebit/Nielsen, empresa que mede a reputação de lojas online no País, em 2017 a Black Friday gerou receita de R$ 2,1 bilhões para o e-commerce brasileiro.

Cinco anos após a primeira participação desastrosa, a Vandal saiu com saldo positivo em 2017. Ofereceu até 41% de desconto em seus produtos, e teve faturamento maior no mês de novembro em relação a dezembro (considerado o principal mês para o consumo por causa do Natal). A marca adotou logística diferente para a data de descontos agressivos e operou a entrega de 2,5 mil produtos. 

Ciente dos erros do passado, Dullius começou a se preparar para a Black Friday 2018 este mês. Além dos descontos, sua ideia é oferecer preços baixos também no fim de semana após a data. “Pretendemos fazer um brinde, para trazer algo que ninguém está fazendo.”

Dualidade. A Black Friday pode atrair novos clientes, mas também fazer a empresa perder credibilidade, segundo especialistas. Para o consultor do Sebrae-SP Edgard Neto, é preciso não subestimar o consumidor.

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“Tem de tomar muito cuidado com o ‘tudo pela metade do dobro’. Se o cliente percebe que estão tirando vantagem, é um tiro no pé”, alerta.

O diretor de Relações Institucionais da Ebit/Nielsen, Pedro Guasti, destaca que o planejamento antecipado é essencial para lidar com possíveis percalços. “A empresa precisa ter estrutura. Agilidade no processamento dos pedidos, fazer faturamento mais rápido, ter o melhor produto, emitir nota fiscal, entregar o produto e não se esquecer do atendimento ao cliente. Tem de se preparar para o aumento de demanda”, destaca. 

O professor de estratégia empresarial da FGV-SP, Marcio Antonio Sanches, reitera Guasti e indica a necessidade de encontrar segmentos ainda carentes de oferta, como o setor de serviços. “É uma boa chance para atrair clientes que não são tradicionais. Pode ser um restaurante, uma loja de decoração, clínica de estética”, sugere.

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Foco. Apesar de tentador, não são todas as pequenas e médias empresas que veem a Black Friday com bons olhos. O proprietário da loja e bar Empório Alto dos Pinheiros, na capital paulista, se afasta dos descontos para manter a diferenciação. “Gastamos tempo com outros eventos que combinam mais com o nosso conceito. O meu objetivo é não ter que participar da Black Friday”, afirma Paulo Almeida, dono do local. 

Segundo ele, a loja, que vende mais de 600 tipos de cervejas artesanais, oferece programas de descontos para assinantes de serviços próprios, criados com foco no público-alvo. “A Black Friday pode passar a impressão de que é vendido aquilo que está próximo do vencimento ou que é um produto que ficou no estoque”, afirma.

De acordo com o Google, 70% dos brasileiros já compraram na Black Friday desde 2010. Ainda de acordo com estudo da empresa, a média do valor gasto pelos consumidores é de R$ 1.178 em lojas físicas e e-commerce. 

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