
29 de junho de 2016 | 06h00
Longe de significar uma retomada na economia, o dado, porém, sinaliza que a saída para a sobrevivência à retração econômica pode ser mesmo o ânimo do consumidor. “A nossa percepção, e os números estão mostrando isso, é que a queda na sensação de otimismo vem diminuindo. Até o fim do ano, esperamos pelo menos uma estabilização, e, mesmo que lentamente, o comércio comece a se recuperar”, pondera o diretor do Instituto de Economia da Associação Comercial de São Paulo Marcel Solimeo.
A tese é reforçada por especialistas como o consultor de empresas e diretor da Faculdade de Administração da FAAP Silvio Passarelli. “A recuperação do empresário está atrelada à retomada do consumo. E isso vai acontecer quando a confiança voltar a fazer parte da vida do brasileiro”, avalia. “Porém, o trabalhador assalariado ainda está profundamente aterrorizado pelo desemprego”, pondera Passarelli.
O economista da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), Fabio Bentes também confia na retomada pelo consumo, porém em uma perspectiva de longo prazo. [/ ]“O lastro do varejo é o consumo. E a crise de consumo que se instaurou no Brasil a partir de 2014 é sem precedentes, tanto na duração quanto na queda acentuada dos indicadores”, analisa.
Capital. Enquanto o consumo reage, a principal sangria a ser estancada pelo empresário é a deficiência no capital de giro, caixa necessário para manter as despesas diárias do negócio. No caso dos empreendedores de pequeno porte, a ausência desse suporte financeiro diário pode culminar na inviabilização do negócio.
“Sem capital, o proprietário deixa de pagar o funcionário, abandona o recolhimento de tributos e, no limite, volta à informalidade”, pontua Cláudio Gonçalves, especialista em gestão de risco e professor da Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado. “Sobreviveu até agora o empresário que adotou práticas de transparência, sem apelar para a criatividade ruim”, avalia Gonçalves.
Para Silvio Passarelli, o capital de giro foi o aporte financeiro necessário para manter o pequeno comerciante em funcionamento desde o início da retração. “Quem vai liderar a retomada são as empresas que conseguiram, até então, cortar custos para hibernar durante esse momento”, analisa. “As micro e pequenas estão, tradicionalmente, mais descapitalizadas, por isso é necessária uma atenção maior”, conclui.
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