Publicidade

Suco de uva anima produtores do Sul

Bebida integral registra crescimento acelerado nos últimos anos e empresas investem em diferenciação do produto

PUBLICIDADE

Por Gisele Tamamar
Atualização:

A uva até então utilizada para fazer o vinho de mesa, aquele dos garrafões de cinco litros, está ganhando um novo destino: o suco de uva integral. A bebida ganha destaque econômico no setor e registra crescimento acelerado desde 2005. Com a alta da demanda, os produtores investem na qualidade e diferenciação do produto. Tem suco na versão orgânica, kosher, com fibras e até com ‘cara de vinho’, à venda no varejo dentro de garrafas mais sofisticadas.

PUBLICIDADE

::: Siga o Estadão PME nas redes sociais ::::: Twitter :::: Facebook :::: Google + :: 

Os números de comercialização da bebida são animadores. Em 2013, foram comercializados 72,1 milhões de litros do suco integral, 43,8% a mais que os 50,1 milhões do ano anterior, de acordo com o Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin). Este ano, até agosto, já foram contabilizados 49,4 milhões de litros da bebida e um crescimento de 14,2% em comparação ao mesmo período do ano anterior.

Caso a bebida acelere o crescimento no segundo semestre e feche o ano com alta de 20%, a categoria vai ultrapassar, pela primeira vez, o consumo de vinhos finos no Brasil, segundo Diego Bertolini, gerente de promoção do Ibravin. “Hoje a categoria de suco é muito relevante, tanto economicamente para o setor quanto socialmente para a questão da saúde da população e também na questão da sustentabilidade da cadeia produtiva na região”, afirma. “Trata-se de uma categoria que há dez anos praticamente não existia, mas hoje ela está fazendo parte do dia a dia do brasileiro.”

Entre os desafios do setor, Bertolini aponta a importância de mostrar o diferencial de um suco de uva 100% natural. O investimento na produção para trazer mais competitividade e a busca pela inovação para acessar novos mercados também são elencados. O último caso inclui o lançamento de novas embalagens. “Os produtores estão investindo muito na categoria, nos aspectos promocionais, com novas embalagens, melhor posicionamento no supermercado e também em equipamentos e pesquisa”, diz Bertolini.

A Vinícola Perini, por exemplo, investiu cerca de R$ 6 milhões nos últimos seis anos, principalmente em pesquisa e infraestrutura, para melhorar a produção de suco na região Sul. “Percebemos uma ascensão da categoria a partir de 2010, mas desde 2008 que incrementamos nossa capacidade de produção. Com a tendência de aumento do consumo de produtos saudáveis temos muito a ganhar”, diz Franco Perini.

Empresa de gestão familiar, a Perini registra crescimento na ordem de 20% desde 2006 e trabalha com duas marcas: Perini e Jota Pe, sendo que a primeira foca no suco de uva premium. No ano passado, o suco representou 20% do faturamento da empresa. Para este ano, a expectativa é chegar perto dos 30%. “O foco maior da Perini é se especializar na produção e comercialização de produtos premium”, destaca.

Publicidade

A empresa já exporta vinhos, mas os sucos ainda não estão nos planos internacionais. “O ‘custo Brasil’ de produção tira competitividade do suco de uva no mercado internacional e a demanda do mercado interno absorve toda a produção.”

Potencial. No grupo Famiglia Valduga, a produção de sucos começou meio que por acaso. O presidente, Juarez Valduga, conta que a empresa estava decidida a parar de fabricar vinhos com uvas comuns. “Processávamos o suco e deixávamos em garrafa para depois fazer a geleia. Por um período de quatro anos não sabíamos que tínhamos o suco, mas, sim, a matéria-prima da geleia”, lembra o presidente.

Foi entre os anos de 1999 e 2000 que a empresa resolveu investir na bebida, comercializada com a marca Casa Madeira. Nos últimos dois anos, a empresa investiu em torno de R$ 4 milhões para aumentar a produção da bebida. O grupo não tem produção própria de matéria-prima e trabalha com produtores parceiros. “Pago um porcentual a mais do custo real porque exijo uma qualidade diferenciada”, afirma.

O suco representa 30% do faturamento do grupo, que é composto pelas empresas Casas Valduga, Casa Madeira e Domno. “Percebo que o segmento todo está se voltando para o suco. E a Casa Valduga terá cautela com isso. Tem um monte de espaço para crescer, mas é preciso ter cuidado para não perder o que já construímos. Prefiro não fazer um litro a mais do que perder o conceito”, diz o empresário Juarez Valduga.  

NÚMEROS

49,4 milhões de litros de suco de uva integral foram consumidos entre janeiro e agosto deste ano. É 14,23% mais que o registrado no mesmo período do ano passado, segundo o Ibravin

43,81% foi quanto cresceu a venda de suco de uva integral em 2013 em comparação com o ano anterior. No ano passado, a categoria atingiu 72,1 milhões de litros vendidos no Brasil

Publicidade

56,2% das uvas comuns produzidas no Rio Grande do Sul têm destino na fabricação de suco de uva. Essa participação expande-se diante do avanço da demanda pelo produto entre os consumidores 

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.