Sua pequena empresa faz o bem? Investidores têm R$ 600 milhões para investir no seu negócio

Há R$ 600 milhões para quem atua com impacto social, mas interessados reclamam da carência dos empreendedores

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Por Renato Jakitas
Atualização:

Imagine um setor onde o convite ao banquete por parte dos investidores supera o apetite dos empresários. Pois é justamente esse o momento dos negócios de impacto social no Brasil – empresas que trabalham com um olho em soluções de qualidade de vida para a baixa renda e outro no lucro da operação.

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O País tem hoje 140 negócios classificados nessa categoria de mercado para 99 incubadoras, aceleradoras, investidores-anjo e grupos de venture capital interessados em fomentá-las. O levantamento foi feito recentemente pelo instituto Plano CDE, especializado na base da pirâmide econômica do País.

Segundo o mercado, tomando como base apenas os fundos de investimento, o volume disponível de recursos chega próximo de R$ 600 milhões para os próximos dois anos. E a dificuldade de quem tem esse dinheiro todo é, justamente, encontrar uma empresa interessada e, sobretudo, preparada para receber esse aporte financeiro.

“Os investidores têm mais dinheiro até do que os investidos desejam”, resume Luciana Aguiar, sócia-diretora do Plano CDE. “Faltam empreendedores, mas também conhecimento. Tem gente que já trabalha com impacto social, mas não sabe disso”, observa Renato Kiyma, diretor da aceleradora Artemísia, que prepara futuros homens de negócio para esse promissor mercado.

Gente como o paranaense José Albuquerque, do Grupo Terra Nova, que faz a mediação fundiária em áreas urbanas ocupadas de maneira irregular.

Advogado, o paranaense desenvolveu um método de atuar com os dois lados em conflito – proprietários de áreas invadidas e posseiros – para regularizar uma situação que, só em São Paulo, segundo cálculos do próprio Grupo Terra Nova, atinge ao menos 100 mil famílias.

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Basicamente, o trabalho de Albuquerque é estabelecer lideranças locais nas áreas invadidas e articular o relacionamento entre elas, o dono do imóvel, Ministério Público, Justiça e prefeituras. “Depois de uma invasão, o problema é para todo mundo. O proprietário tem no terreno um ativo morto. A justiça e os governos são responsáveis por resolver a situação e a população se consolida na área, mas não tem título de posse e, por isso, não recebe os benefícios de infraestrutura básica”, conta Albuquerque.

“A gente consegue mediar essa situação e fazer com que os posseiros paguem para regularizar a situação”, destaca. O empreendedor conta que em 2012 vai faturar R$ 1,5 milhão e, no momento, costura um aporte de investimento com um fundo nacional. “Ainda não consegui buscar dinheiro no banco para me alavancar. Os meu recebíveis são muito exóticos para o mercado financeiro. Por isso, o aporte desse investidor é fundamental”, analisa.

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Serviço financeiro. Enquanto o dono do Grupo Terra Nova já opera há mais de uma década nesse mercado, Guilherme Prado acaba de estrear no setor. E, ao contrário de Albuquerque, ele nem pensa no banco quando questionado sobre suas opções de alavancagem.

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Por 11 anos ele foi dono de uma agência de promoção e eventos. Em maio, no entanto, aplicou R$ 500 mil para tirar do papel a Konkero – consultoria financeira para o que ele chama de “nova classe média” local. “O que me levou a fazer isso foi, em primeiro lugar, começar algo bacana para quem precisa, depois o negócio em si, que é muito promissor”, conta Prado.

Ele procura quebrar a lógica de consultoria adotada para o País por norte-americanos. “A gente assume que, no Brasil, esse novo consumidor é diferente de todos os outros. Aqui, quando um cara desses compra o carro, ele está comprando não apenas o primeiro carro de sua vida, como também da história de sua família. Levamos isso em consideração quando propomos alguns objetivos de consumo consciente.”

Prado tem sido observado por alguns investidores e já estima faturamento de R$ 2 milhões para 2013. “Não cobramos pela consultoria. Ganharemos com patrocínio em nossa área de conteúdo”, afirma.

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FIQUE ATENTO

Atuação Educação, habitação, serviços financeiros, emprego e saúde são área sensíveis nesse setor.

Apoio Existem 99 ‘atores’ que atuam na aceleração, investimento e gestação de ideias. Informe-se.

Formação O preparo do empreendedor é fundamental nesse mercado. Invista em cursos na área.

Mercado Cerca de 60% dos negócios do setor faturam até R$ 2,4 milhões por ano, segundo levantamento. 

 
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