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Startups criam soluções para clubes de futebol aumentarem renda

Espaço de inovação instalado no Allianz Park, Arena Hub conta com 96 iniciativas de empreendedores, como Fanbase e Clicker Sports Solution

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Por Gabriel Faleiro
Atualização:

No dia 13 de março de 2020, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) determinou a proibição da presença de torcedores em jogos de futebol, por causa da pandemia do coronavírus. Dias depois, todas as competições foram suspensas e retornaram apenas em agosto do ano passado. Já a entrada de torcidas nos estádios só foi autorizada em São Paulo neste mês de outubro, com capacidade reduzida, após mais de um ano e meio.

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Durante esse período, com os portões fechados, os clubes de futebol sofreram queda na arrecadação e tiveram que buscar alternativas para aumentar as receitas. Neste cenário, algumas startups ligadas a esportes, as chamadas sporttechs, surgiram para tentar solucionar o problema financeiro dos times. Uma delas foi a StadiumGO!, um misto de fintech e sporttech.

Fundada em fevereiro deste ano pela jornalista Bruna Botelho, a plataforma tem o objetivo de arrecadar fundos para os setores esportivos e de entretenimento por meio da venda de criptoativos financeiros. Os NFTs, tokens não fungíveis, possuem lastro em receitas recorrentes estimadas dos clubes e geram a partilha dos lucros ao público investidor. 

“É uma ferramenta que vai fazer o clube ter acesso a crédito de uma forma barata, sem cobrança de juros. Já para as pessoas, é um produto 100% voltado a possibilitar que eles invistam de forma fácil”, detalha a CEO.

Fernando Patara (à esq.), cofundador da Arena Hub, que fica no Allianz Park, em São Paulo, e Rafael Mangabeira, fundador da startup Fanbase. Foto: Daniel Teixeira/Estadão

A StadiumGO!, vencedora do 3° Prêmio e Fórum São Paulo de Empreendedorismo no Esporte, realizado pela Secretaria de Esportes e Lazer da Prefeitura de São Paulo, foi lançada oficialmente na Gitex Global, em Dubai, na última semana. Antes mesmo do lançamento, a plataforma já possuía três clientes, incluindo o Náutico, que disputa a Série B do Campeonato Brasileiro.

Atualmente, o Brasil possui 117 sporttechs ativas, segundo levantamento da Liga Ventures. Embora tenha caído o número de startups ao longo da pandemia, sobretudo das iniciativas que dependem da realização de eventos presenciais, dez novas sporttechs surgiram nos últimos dois anos. 

Para o sócio-diretor de Inteligência e Pesquisa de Inovação em Mercados da aceleradora, Raphael Augusto, o mercado está aquecido. “Cada vez mais a gente vê a entrada de tecnologia no setor de esportes, seja pensando no atleta, no clube ou no consumidor. Nos mercados europeu e norteamericano, as sporttechs já são consideradas fonte de receita dos clubes. Por aqui, grande parte das iniciativas trabalham com essa capacidade de aumentar o relacionamento dos clubes com os fãs”, afirma.

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Investimentos em startups de esportes

A expectativa da aceleradora é que os investimentos em inovação nos esportes cresçam ainda mais nos próximos anos. De acordo com um relatório Markets and Markets, até 2024 o mercado de tecnologia voltada para o esporte deve atingir um crescimento médio de 20,6%, partindo de um valor de US$ 8,9 bilhões em 2018 para cerca de US$ 31,1 bilhões em 2024. 

Ainda na linha otimista, a Sports Value projeta que os clubes de futebol podem faturar mais com ativos digitais do que com patrocínios. “A camisa tem limitação da visibilidade, enquanto os ativos digitais são ilimitados. Cada vertente do marketing esportivo teve que ser reinventada, em virtude da pandemia. Quem não se reinventou faliu”, destaca AmirSomoggi, diretor da empresa.

Bruna Botelho fundou aStadiumGO!, startup vencedora do 3° Prêmio e Fórum São Paulo de Empreendedorismo no Esporte, realizado pela Secretaria do Esportes e Lazer da Prefeitura de São Paulo. Foto: J. Domingos

Sob essa perspectiva, surgiu no ano passado, já em meio à crise sanitária, o Arena Hub, um centro de inovação e fomento ao empreendedorismo com foco no esporte localizado na Base Coworking, nova iniciativa da WTorre Entretenimento no Allianz Parque, em São Paulo. Em pouco mais de um ano, o número de startups associadas subiu de 40 para 96. Além disso, o ecossistema conta com parceiros da indústria, como o Sebrae, e entidades esportivas, como a Federação Paulista de Futebol.

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Segundo o cofundador do hub Fernando Patara, o setor de sporttechs está em fase de estruturação e algumas áreas como fitness & workout e fan engagement tiveram um impulso na pandemia.  “O desenvolvimento de criptoativos está cada vez mais acelerado, com soluções para NFTs e fan tokens relacionados a esportes. Isto é uma alternativa para a criação de novas linhas de receitas para clubes e entidades esportivas, utilizando o engajamento dos fãs”, diz.

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Uma das sporttechs da Arena Hub é a Fanbase, que venceu o desafio Like a Player, realizado pelo centro de inovação, em parceria com o Sebrae, em 2020. A proposta, como explica o CEO da startup, Rafael Mangabeira, é oferecer uma plataforma centralizada para a gestão de fãs, unificando dados sobre cada torcedor em um ID único. 

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“Os clubes precisam começar a trazer a identidade dos fãs para um ambiente proprietário. Entender quais são as pessoas que mais gastam com o time, quais gostam de camisa preta ou branca, quais compram ingresso na arquibancada ou na cadeira VIP. É necessário compreender a base para estar apto a usufruir de um novo momento do mercado, de quebra de intermediários", explica Mangabeira. A Fanbase, lançada em março deste ano, atende hoje cinco clientes e projeta ter mais 50 novos até o fim de 2022.

Sócios torcedores 

Outra iniciativa do ecossistema da Arena Hub é a Clicker Sports Solution, criada em dezembro do ano passado para tentar resolver outro problema dos clubes ao longo da pandemia: a queda no número de sócios torcedores. 

“O objetivo é solucionar as dores do relacionamentos dos torcedores com os clubes. Tornar a relação mais próxima, mais fiel e de melhor custo benefício”, reitera o CEO da empresa, Mauro Cesar Pereira. 

A Clicker possui atualmente oito clientes e tem um faturamento mensal de cerca de R$ 2,5 milhões. Para Pereira, o setor tem crescido ao passo que os clubes têm entendido a importância da inovação. “O legal é que os clubes têm se atentado para a necessidade de auxílio de startups especializadas”, finaliza.

O CSA, que está na segunda divisão Campeonato Brasileiro, é um dos clientes da Clicker Sports. O clube viu o número de sócios despencar de mais de 10 mil para cerca de 800 no ano passado. Hoje, com a modernização do programa, a quantidade de adimplentes passou para três mil, segundo o Diretor de Negócios do CSA, Ricardo Lima.

“O modelo de negócio atual precisa evoluir. Não adianta mais o clube ficar preso ao patrocinador ou à receita de televisão. Ele pode ir em busca de novas tecnologias, que venham a se tornar receita, que é o mais importante para a sobrevivência do clube e para a disputa de campeonatos em melhores condições”, defende.

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Na elite do futebol nacional, um clube tem se tornado referência na adesão de novas tecnologias. O Atlético-MG criou uma diretoria de inovação, liderada pelo gestor Felipe Ribbe, com o objetivo de modernizar o clube e gerar novas receitas. 

“A gente tem uma máxima aqui no departamento de que dinheiro novo sempre é dinheiro bom”, diz. Com esse intuito, o time foi o primeiro a lançar um fan token e o único a fazer vendas diretas de NFTs.

Para continuar nos trilhos da inovação, o Atlético deve oficializar em breve uma parceria com a Arena Hub. “O trabalho de hub, de conexão, é muito importante. Eles conectam a startup com os clubes, com os fundos de venture capital. Para o clube é muito interessante fazer parte dessas discussões. Por meio dessa parceria, a gente espera encontrar soluções para problemas diversos do time”, conclui Ribbe.

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