Startups aproveitam ajuda do MIT para focar no exterior

Programa de universidade norte-americana facilita planejamento de pequenos negócios; próxima seleção será em junho

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Por Vivian Codogno
Atualização:

Para startups que desejam tirar projetos do papel ou então expandir, uma das maiores referências no mundo é o MIT, o Massachusetts Institute of Technology. Uma vez por ano, essas pequenas empresas podem contar com a ajuda de alunos da instituição que cursam um MBA em administração chamado G-Lab - na última edição do programa, que terminou em janeiro e se chama MIT Sloan, quatro projetos nacionais estavam contemplados.

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Depois de três meses de trabalho remoto, grupos de quatro alunos estrangeiros se alocaram em cada uma dessas empresas, durante três semanas, com o objetivo de viabilizar projetos de expansão que talvez não vingassem sem um olhar externo. Foi o caso da startup carioca Intelie, que vislumbra agora a possibilidade de internacionalização do serviço de análise de dados para o segmento de gás e óleo. Entrar neste mercado em Houston, nos Estados Unidos, pode representar para a empresa manter o patamar de crescimento acima dos 45%, média do ano passado, sobre um faturamento de R$ 3,2 milhões.

A análise de dados em tempo real, conforme explica o sócio-fundador da Intelie, Ricardo Clemente, ainda é incipiente no Brasil, o que reforça a necessidade desse auxílio externo. Após participar de um programa de startups na Alemanhã, o MIT Sloan pareceu a melhor opção ao empresário e seus dois sócios. "Há uma diferença muito grande entre o ambiente de negócios brasileiro e o norte americano. O mercado de venture capital por lá é muito mais maduro e dinâmico", analisa. "Temos no Brasil um mercado ainda restrito e sabemos que há algo de bastante potencial na mão", conclui.

O desafio de explorar o mercado norte-americano também motivou a Amma Chocolates, especializada na fabricação de chocolates orgânicos em Salvador. A empresa chegou ao seu ponto de equilíbro no ano passado - com faturamento anual de R$ 5 milhões - e a exportação se tornou a melhor opção para continuar crescendo em 2016, quando o negócio pretende aumentar a receita em até 40%.

O mercado americano é o maior consumidor de chocolate orgânico do mundo. Queremos entrar em duas cidades da Califórnia", explica o diretor financeiro da Amma, Pedro Weber. A maior desafio solucionado pela imersão no MIT Sloan foi a precificação do produto no mercado internacional, uma dificuldade que os brasileiros encontravam.

"Apesar de outros fatores mais técnicos, nossa maior dificuldade é o 'pricing'. O programa nos ajuda a entender posicionamento de margem, a compor o preço que queremos chegar na prateleira", explica Weber.

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De acordo com a coordenadora do MIT Sloan, Michellana Jester, a diversidade do mercado brasileiro, principalmente de empresas ligadas ao desenvolvimento tecnológico, representa um celeiro de aprendizado para os alunos do G-Lab. Além disso, a recessão econômica enfrentada pelo País fornece aos estudantes um cenário diferente daquele encontrado na universidade.

"Desafios macroeconômicos são estudados em sala de aula, mas tornam-se mais salientes quando as equipes colaboram com os empresários brasileiros", explica Michellana. "Há a oportunidade de observar em primeira mão os problemas reais que o empreendedor brasileiro enfrenta e testemunhar o seu impacto sobre a economia", completa a coordenadora.

Participação. O MIT Sloan abre inscrições no mês de junho. Para submeter um projeto ao programa, é preciso responder a um questionário disponível na internet (http://mitsloan.mit.edu/actionlearning/labs/g-lab-info-for-hosts.php). O retorno sobre as empresas selecionadas vem em setembro, quando começam os ciclos presenciais no MIT. Para se encaixar nos requisitos mínimos do programa as empresas candidatas devem estar no mercado há no máximo sete anos, ter faturamento de até US$ 15 milhões ao ano e uma equipe de até oito pessoas ocupando cargos de liderança. A empresa participante deve assumir os custos de transporte, hospedagem e alimentação da equipe.

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