20 de junho de 2017 | 21h30
É triste, mas as startups brasileiras não costumam durar muito. Segundo o estudo Causas da Mortalidade de Startups Brasileiras, assinado por Carlos Arruda, Vanessa Nogueira, Afonso Cozzi e Vinicius Costa, publicado pela Fundação Dom Cabral em 2013, 25% das startups do País são encerradas após menos de um ano; 50% com menos de quatro anos e 75% com menos de 13 anos.
Ouvimos Rafael Ribeiro, diretor executivo da Associação Brasileira de Startups, que listou alguns erros mais comumente cometidos e que, normalmente, ceifam bons projetos (e outros não tão bons assim).
1) Não escolha seu amigo para sócio apenas por ser seu amigo
É comum vincular-se amizade a sociedade. É necessário observar primeiro se suas virtudes são complementares.
Um sócio deve suprir lacunas e deficiências do outro e providenciar, com conhecimento, complementaridade em assuntos não tão bem conhecidos pelo parceiro de empreitada.
2) Não deixe de validar seu negócio antes de lançá-lo
O mercado é que dirá se o seu negócio é viável. É necessário pesquisar a aceitação do produto ou solução que será ofertada antes de investir muito dinheiro numa hipótese ainda não devidamente testada.
"Em vez de desenvolver um aplicativo logo de cara, é necessário entrevistar várias pessoas. Muitos empresários criam o aplicativo antes de pesquisar", diz Ribeiro. E nada de encomendar pesquisar a empresas especializadas nisso. Esse trabalho custa caro e não deve substituir uma atividade fundamental para o empreendedor: ir às ruas, conversar com os potenciais consumidores, ouvir suas dores, testar, buscar feedback.
"É apenas depois dessa série de conversas, de validações, que as funcionalidades de um aplicativo deverão ser implementadas e testadas. Primeiro é necessário examinar se fazem sentido", alerta o diretor executivo da ABS. E jamais se afaste de seu cliente, de seu consumidor final -- é ele quem dirá quais funcionalidades devem ser implementadas.
3) Não monte um power point para correr atrás de investidores antes de testar e validar o produto
"Muitos empreendedores montam um power point e vão atrás de investidores antes de validar e testar o produto. É melhor trackear primeiro, lançar o produto em menor escala e apresentar números aos potenciais investidores: quanto está vendendo, quanto está rodando", diz Rafael. "Ninguém vai colocar dinheiro vendo apenas uma apresentação em power point.
4) Não escolha um investidor-anjo baseado apenas em seu poder financeiro
"Quando você estiver no processo de escolha de um investidor-anjo, não veja só a grana que ele tem disponível para aplicar em sua ideia", aconselha Ribeiro. É interessante observar quais outras virtudes são desejáveis num investidor-anjo: qualidade e capilaridade de seu networking, conhecimento executivo, se é um homem do mercado.
"Uma escolha sábia de seu investidor-anjo poderá torná-lo diferente no mercado. Analise com cautela, veja o que esse investidor-anjo pode acrescentar, se ele pode ser seu mentor."
5) Não deixe de fazer o MPV
O MPV, ou mínimo produto viável, é um elemento importantíssimo. Trata-se da versão mais simples de um produto que pode ser lançada com um mínimo de esforço e desenvolvimento. "Nem pense em lançar sua startup antes de fazer o MPV. Desenvolva seu produto em mínima escala para testar, para verificar qual feedback se obtém. É a partir disso que se pode pensar em funcionalidades, que se poderá analisar quais farão sentido e quais não", salienta Ribeiro.
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