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Startup caça empregos invisíveis em pequenas empresas

Com ajuda de algoritmo elaborado por engenheiro aeronáutico e vencedor de maratonas de programação, Recruta Simples busca candidatos para empregos invisíveis em pequenas empresas em 70 sites

Por Alessandro Lucchetti
Atualização:
Da esquerda para a direita, a equipe do Recruta Simples: o financista Vinicius Ferreira, o sócio-fundador Vinícius Poit, o programador Rony Chung, o sócio Humberto Barros e o desenvolvedor André Moretzsohn Foto: Fabie Spivack/Recruta Simples

Apesar das demissões, da crise econômica e do desânimo dos empresários, um grupo de empreendedores acaba de lançar uma agência de empregos tecnológica, apostando em uma espécie de demanda reprimida no setor: a de oportunidades de empregos invisíveis.

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Segundo Humberto Barros, fundador do site Recruta Simples, 50% das vagas de emprego são oferecidas por pequenas e médias empresas que não sabem como fazer essas oportunidades chegarem até o perfil correto de tabalhadores. "Esse empregador não sabe anunciar vagas, desconhece as melhores soluções de oferta de postos de trabalho, não tem tempo para isso", conta. 

Dados do último Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) divulgado, o de fevereiro, demonstram: 1.215.219 trabalhadores foram desligados em todo o território nacional;1.250.831, porém, foram admitidos. 

Site. Basicamente, a proposta do Recruta Simples é encontrar os candidatos ideais para as vagas que entram no sistema. Os clientes do Recruta Simples são os empregadores, que pagam R$ 49,90 por um job slot (vaga reutilizável). Caso uma padaria necessite de um chapeiro e o admita em dez dias, por exemplo pode anunciar uma outra vaga sem pagar nenhuma taxa adicional e assim sucessivamente, até que decorram os 30 dias contratados. O sistema do Recruta Simples dialoga com 70 sites de emprego, como o Infojobs e o Vagas Urgentes, por exemplo, que fazem a interface com o trabalhador desempregado.

Vinicius Poit, sócio-fundador da empreitada, define o Recruta Simples como o Trivago do trabalho, empregando o exemplo do site que dialoga com sites de hotéis e tem obtido evidência graças à exposição proporcionada por anúncios na TV.

Para criação do algoritmo utilizado no Recruta Simples, foram contratados dois nerds responsáveis por toda a arquitetura lógica que torna possível contratar com poucos cliques: o engenheiro aeronáutico de ascendência chinesa Rony Chung e o especialista em sistemas de informação André Moretzsohn, que atuou no Vale do Silício e se especializou em vencer hackathonas, as maratonas de programadores.

No início do mês passado, o Recruta Simples foi admitido no CUBO, programa de startups do banco Itaú. Por enquanto, segundo os empreendedores, a empresa não demanda aportes de investidores. Futuramente, poderão ser admitidos, segundo Poit, mas desde que os recursos sejam acompanhados por "skills", ou seja: deverá ser agregada capacidade tecnológica por esse candidato à sociedade. O perfil de vagas que entra com mais frequência no sistema é a do tipo operacional. Cargos mais elevados em empresas maiores são a expertise de head hunters.

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O trabalho exercido por headhunters e consultorias de seleção ainda é realizado de forma artesanal. Mas já há plataformas online voltadas para a busca desse tipo de profissional, como a Contratado.ME.

Se o Recruta Simples funciona como se fosse o Trivago dos empregos, a Contratado.ME guarda uma semelhança com o Tinder. Cabe às empresas disputar os candidatos e tentar um "match".

"Em outras plataformas, quem está no centro do processo é a vaga. Nós colocamos o candidato no centro. Eles fazem testes, nós realizamos análise de currículo e selecionamos os melhores. Uma vez selecionados, são procurados os mais qualificados", diz Lucas Mendes, um dos empreendedores envolvidos no negócio.

"As empresas encontram grandes dificuldades para encontrar os chamados profissionais do século 21, e nós viemos para ajudá-las. Talento é fundamental para qualquer empresa que queira crescer", acrescenta Mendes.

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Por "profissionais do século" 21 entenda-se engenheiros de software, desenvolvedores mobile, front-end, back-end, designers de UX/UI, profissionais de marketing online, business intelligence, Data Science, product management, consultoria estratégica e finanças corporativas, entre outros.

Criada em 2014 com capital próprio, a empresa viveu um ano assim. Nos anos seguintes, foi irrigada com recursos de investidores institucionais brasileiros e americanos. 

Humberto Barros, do Recruta Simples, avalia que as empresas passam por grandes "perrengues" para contratar, seja profissionais do século 21 ou até mesmo chapeiros que saibam fazer um misto quente. "Vendo os dados a respeito dos números de admitidos e demitidos do Ministério do Trabalho, percebemos que existe uma lacuna nesse mercado. A questão agora é saber se, de fato, existe um mercado em torno dessa lacuna".

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Mas por que investir numa startup como a Recruta Simples num momento em que a economia brasileira se move sobre escombros?

"O momento é contracíclico. A concorrência não está focando esse mercado. É a oportunidade que temos para entrar nele. Quando o Brasil vivia uma situação de pleno emprego, até quem não queria trabalhar estava trabalhando. Havia dificuldade para conseguir candidatos para as vagas. Se a economia brasileira de fato se recuperar daqui a dois ou três anos, já estarei com o produto bastante maduro", assinala Barros.

Nesse momento futuro, se houver necessidade de maiores aportes, ou se a empresa for atraente o suficiente a ponto de atrair ofertas para venda, uma grande parte do caminho terá sido percorrida, na avaliação dos pais dessa startup. "Aí teremos o chamado problema bom", completa o empresário.

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