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Setor de instrumentos musicais sofre com dólar alto

Setor faturou R$ 935 milhões ano passado, queda de 15% em relação a 2014

Por Gisele Tamamar
Atualização:

A economia brasileira e a alta do dólar têm dificultado a vida dos empresários do setor de instrumentos musicais, afinal, 90% dos itens à venda são importados. Essa dependência do mercado externo, segundo a Abemúsica, fez com que o faturamento dos empreendedores do setor caísse 15% no ano passado - de R$ 1,1 bilhão em 2014 para R$ 935 milhões em 2015.

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"As coisas ficaram difíceis com o dólar no patamar que está. O mercado deu uma parada geral e instrumento musical não está entre os primeiros itens da agenda da família", afirma o presidente da associação, Synésio Batista da Costa. Para este ano, Costa evita fazer qualquer estimativa.

"Ainda é muito cedo. Qualquer número será um espalhador de pessimismo. Ninguém tem condição de dizer como será nada", conclui. Diante de um cenário tão ruim, os empresários se refugiam no guarda-chuvas de abas largas chamado cautela. "Não é hora de gastar um centavo com nada. É hora de dar toda a atenção para o caixa, sem grandes emoções, sem grandes importações", diz Costa.

Essa é a situação vivenciada pela importadora e distribuidora Sonotec. O diretor comercial da empresa, Alexandre Seabra, conta que precisou reduzir as importações, na medida que o consumo caiu, e também reduziu a margem de lucro diante da valorização da moeda norte-americana. No ano passado, os negócios da Sonotec caíram 15% e a expectativa da empresa é atingir em 2016 os mesmos números de 2015. "O cenário econômico atual não nos permite pensar em crescimento", afirma Seabra.

Mas por tratar-se de um segmento bastante amplo, há também oportunidades. Pelo menos para quem lida com criatividade. A Music Kolor, com sede em Santo André, na região do ABC, trabalha com a customização de instrumentos musicais e percebeu, com a crise, a demanda aumentar. São músicos que optam por uma nova pintura na guitarra, por exemplo, como alternativa a aquisição de um instrumento novo em folha.

A empresa atende desde os luthiers (fabricantes de instrumentos de cordas), atua com o mercado corporativo e vende serviços para o cliente final - do músico ao colecionador. A empresa surgiu há cinco anos a partir de uma necessidade pessoal do empresário Rafael Romano, que trabalhou como professor de guitarra e tocou em algumas bandas. Durante um show, o instrumento caiu no palco e ele encontrou dificuldades para achar uma empresa especializada em pintura.

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Com a ajuda do pai, experiente em pintura, mas de automóveis, Romano começou a testar tintas e chegou a uma técnica considerada por ele como ideal. O negócio cresceu e hoje Rafael se dedica apenas a parte criativa enquanto seu sócio, Felipe Carvalho, é responsável pelo financeiro e pela administração da empresa

No caso da Music Kolor, a valorização do dólar fez com que os sócios acelerassem a busca pelo mercado externo pois já havia certa demanda oriunda das redes sociais. "Essa procura começou a chamar a atenção e resolvemos traçar uma estratégia mais detalhada para fazer a expansão mundial", conta Carvalho.

Dessa maneira, a empresa vai participar da feira mundial do setor, a Namm, este mês, nos Estados Unidos, e tem planos para desenhar um mercado de representação internacional. Segundo Carvalho, o mercado hoje tem um consumidor mais dinâmico, que gosta de customização. "Enxergamos uma oportunidade de uma demanda que não estava sendo atendida", avalia Carvalho.

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Entre os projetos marcantes da companhia, Romano cita o reparo de uma série especial da Gibson, além da pintura da guitarra presenteada por um fã para Eddie Vedder, o íconico vocalista da banda norte-americana Pearl Jam. O artista tocou com o instrumento no show que o grupo realizou em novembro na cidade de São Paulo. Com um mercado em recessão, Carvalho afirma que a busca pela inovação, além de aprimorar o relacionamento com o cliente, são estratégias fundamentais para e empresa manter-se sólida.

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Processo. Mas trabalhar com o instrumento de trabalho de alguns clientes, e com o objeto de desejo de outros, fãs de determinadas marcas e tipos de guitarras, exige também atenção total ao processo de trabalho. De acordo com Romano, quando o instrumento chega à empresa, é armazenado em um lugar especial, sem interferência de umidade e temperatura.

"Fazemos fotos de todas as etapas e o cliente acompanha todo os processos até a pintura e polimento para passar essa segurança", explica Romano. A empresa ainda deve lançar este mês um novo site onde potenciais clientes poderão 'testar' a customização de suas guitarras a partir de modelos já definidos pelo empreendedor.

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