Ser sócio do São Paulo, Corinthians e Santos em uma escolinha custa menos de R$ 100 mil

Dos quatro grandes times do Estado, apenas o Palmeiras não têm projeto no setor

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Por Renato Jakitas
Atualização:

 Instigados a ampliar os recursos em posicionamento de marca e no desenvolvimento de estratégias de interação com o público, os clubes brasileiros voltam a dedicar atenção aos projetos de franquia e licenciamento de escolinhas oficiais de futebol. Com resultados financeiros tímidos, comparando-se ao potencial de receita dessas equipes, o foco das escolas, dizem os dirigentes, é angariar pequenos torcedores e, ainda por cima, ampliar a rede de observação e captura de craques pelo País. ::: Estadão PME nas redes sociais ::: :: Twitter :: :: Facebook :: :: Google + :: A boa notícia para o empreendedor é que o negócio desponta como uma oportunidade interessante de investimento. Apesar de contar com pouco suporte por parte do parceiro franqueador, o investidor tem à disposição um negócio relativamente barato, com demanda de mercado aquecida e todo o apelo de marketing de se associar a nomes de grande penetração. Com exceção do Palmeiras, o único dos grandes clubes paulistas que não possui um projeto do tipo, o desembolso médio para a aquisição de uma franquia desse tipo gira entre R$ 25 mil e R$ 80 mil, sem levar em consideração os custos com a infraestrutura. Além desse custo inicial, os clubes cobram taxas de royalties na casa dos 10% sobre o faturamento com as mensalidades e exigem por contrato compromissos de dois a três anos. Se tudo ocorrer bem, o empresário pode faturar de R$ 15 mil a R$ 20 mil por mês. "Nossos franqueados fazem um investimento inicial e alcançam o ponto de equilíbrio nos negócios de seis meses a um ano", afirma Felipe Faro, superintende de futebol do Santos, clube que faturou pouco mais de R$ 1 milhão com a rede Meninos da Vila. Lançada em 2002 e reformulada há três anos, o Santos conta hoje com um departamento com cinco pessoas para cuidar da divisão. "Repensamos a gestão desse negócio e saltamos de 35 unidades para as atuais 88", conta Chimeny Nogueira, que coordena a operação. Cerca de 80% dos franqueados do Santos alugam as quadras onde ministram as aulas. Os demais são donos dos espaços onde montaram a franquia. Gente que busca a parceria com o time praiano como estratégia para maximizar a utilização da estrutura já montada. "Alguns empresários querem oferecer um serviço além do aluguel da quadra", conta Felipe Faro, que estima em 20 mil o número de alunos atualmente matriculados nas unidades da rede. "Nossa preocupação é difundir a marca do Santos por todo o Brasil e, depois, servir como um sistema de captação de jogadores para nossa base. Historicamente, 10% desses meninos acabam vindo para fazer uma pré-avaliação e ficam por um tempo em nossas divisões de base", conta. O aproveitamento dos talentos para a composição das divisões de acesso também é uma bandeira empunhada por Roberto Toledo, gerente de esportes do Corinthians, como chamariz para a rede Chute Inicial. O negócio é comercializado em formato de licenciamento, que pressupõe regras mais flexíveis de padronização de marca e processos em relação ao sistema de franquia, que inclusive conta com uma legislação específica. A escolinha do Corinthians tem 104 parceiros atualmente. "No ano passado, 24 meninos egressos das escolinhas estavam integrados nas categorias de base do clube, e quatro deles jogaram a Copa São Paulo de Futebol Juniores deste ano", conta Toledo, que espera levantar R$ 1,9 milhão em receitas brutas com a operação neste ano, expectativa de crescimento de 18% em comparação a 2012. "Vamos ver no que vai dar. Se o time dentro de campo continuar indo bem, a gente espera que, de repente, dá para ter esse crescimento", projeta. A ambição nutrida por Corinthians e Santos, contudo, não contagia o rival do Morumbi. O São Paulo Futebol Clube mantém hoje 19 unidades licenciadas de sua escola de futebol homônima, lançada há 22 anos. Segundo Julio Casares, vice-presidente de comunicações e marketing do clube, a estratégia é avançar o modelo com cuidado, mesmo em um momento de alta procura. "O São Paulo recebe muitos interessados, mas nós não queremos tamanho, queremos qualidade. De cada dez pessoas que nos procuram, uma tem o perfil exigido", destaca. "O objetivo é desenvolver novos torcedores, cidadãos. Além de ser um negócio, é algo que representa hoje a marca do São Paulo nas comunidades em que elas estão inseridas e o crescimento de sua torcida". Farol amarelo Mas seja qual for o modelo adotado pelo clube, segundo Amir Somoggi, consultor de marketing e gestão esportiva, as escolinhas oficiais de futebol representam um negócio mais interessante para o empreendedor do que para o clube. "Esse negócio é o melhor modelo para atração de pequenos investidores com atenção em futebol que conheço, principalmente em função dos custos envolvidos. Do jeito que está, é muito barato ter uma marca como Corinthians, Santos, São Paulo, que são marcas multimilionárias, mas um modelo que é pouco rentável para o clube", conta.

 
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