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São Paulo tem de sorvete a padaria para cães e gatos

Para fugir da concorrência do setor pet, pequenos adaptam para os bichos modalidades de consumo tipicamente humanas

Por Renato Jakitas
Atualização:

O cenário de alta competitividade no mercado para animais de estimação empurra novos empresários da ramo em direção à soluções cada vez mais criativas, para não dizer inusitadas entre produtos e serviços. Nesse sentido, ganha espaço uma nova tendência que busca adaptar para cães e gatos modalidades de consumo tipicamente humanas.

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Atualmente, é possível encontrar no varejo variedades como panetones, mufins e até sorvete para cães e gatos, com sabores de morango, chocolate e bacon. O objetivo, segundo os responsáveis pelas inovações, é o de gerar espanto para, em seguida, arregimentar o interesse do consumidor - além de garantir espaço na concorrida gôndola dos petshops.

Sem dúvida, a perspectiva de atrair clientes curiosos foi a motivação por trás do investimento de Paulo Silva, que há dois anos investiu R$ 500 mil para adquirir uma marca de sorvetes para animais de estimação, a Ice Pet. A empresa tinha sido lançada há alguns anos antes por duas veterinárias paulistas, mas o negócio não emplacava muito devido aos custos operacionais da iniciativa - era preciso investir em geladeiras para colocar os produtos nos petshops.

Capitalizado, Silva assumiu a empresa e comprou duas centenas de geladeiras, o que rapidamente multiplicou a penetração dos sorvetes. "Quando eu assumi, tínhamos dois clientes e, um deles, logo encerrou o contrato", conta Paulo Silva, que no ano passado desenvolveu uma versão do Ice Pet na forma líquida.

"O cliente compra o produto em sachês e, em casa, coloca o produto no freezer. É uma forma de ganhar escala e diminuir a dependência com as geladeiras", conta ele, que diz estar em mil pontos de venda e, em 2013, faturou R$ 600 mil.

Antes de comprar a marca de sorvete, no entanto, Silva já havia empreendido no ramo, com quatro petshops. Da experiência, que ele afirma ter sido bem-sucedida, ficou a lição de que, para se destacar nesse segmento, é preciso ser diferente. "Eu vendi as lojas para me concentrar em outro negócio. Mas antes de retornar ao mercado, eu sabia que era preciso ter uma proposta diferente para crescer", conta.

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Inauguração. Nessa mesma linha de negócios, outro que se diz sem concorrentes, pelo menos por hora, é o ex-cabeleireiro Alessandro Padilha. Ele acaba de inaugurar no bairro do Tatuapé, zona leste da capital, uma padaria para cães e gatos, a Gold Gourmet Pet.

Padilha colocou R$ 80 mil no projeto que desenvolve há pelo menos um ano. "Era um sonho antigo meu", conta o empreendedor, que diz ter se guiado mais pelo coração do que, de fato, pelo marketing, embora confesse um extenso trabalho de inteligência de mercado. "Sempre me incomodei com a situação dos cães que comem apenas ração. Imagina você comer arroz e feijão todos os dias, até o fim da sua vida? Eu queria lançar algo natural para os animais, algo quase artesanal. E sai pelo mercado vendo o que já existia nesse sentido", relembra.

Com a ajuda de uma especialista em nutrição animal, ele desenvolveu uma série de receitas - de muffins a biscoitos e tortas salgadas - que ele vende por R$ 4,50 na padaria. "Eu estou esperando a autorização do Ministérios da Agricultura para começar a vender receitas congeladas, que entram em substituição à ração. A cozinha já está toda montada", diz ele, que já planeja franquear a padaria. "Algumas clientes já me procuraram com esse interesse. Contratei uma consultoria e estamos formatando um modelo."

Opinião. Para Tales Andreassi, que é coordenador do Centro de Empreendedorismo e Novos Negócios (GVCenn) da Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas (FGV-EAESP), o mercado de animais de estimação tem espaço para inovações, sobretudo na área de produtos e serviços.

O especialista, contudo, faz uma ressalva quanto à tendência de adaptar hábitos de consumo humanos. "Nem tudo é viável. Algumas ideias eu acho que até podem se tornar uma moda e obter certo sucesso. Mas, depois, isso pode perder força. É preciso avaliar muito bem o negócio antes", conta. 

 
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