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Salário já não é o mais importante para o funcionário

Profissionais têm dado mais ênfase para crescimento na carreira; com estrutura mais enxuta, PMEs têm facilidade para focar no desenvolvimento do colaborador

Por Ian Chicharo Gastim
Atualização:
Marcelo Vieira, diretor de cultura organizacional da Hi Platform, fruto da fusão entre as empresas Direct Talk Seekr. Foto: Werther Santana/Estadão Foto: Werther Santana/Estadão

O salário não é mais o que salta aos olhos de um profissional na hora de optar por uma vaga de trabalho. Cada vez mais, fatores como possibilidade de crescimento na carreira, autonomia no cargo, estabilidade e horários flexíveis estão entrando na conta na hora de uma pessoa decidir sobre permanecer em um emprego ou aceitar uma nova vaga de trabalho. 

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De acordo com o último Índice de Confiança divulgado pela recrutadora Robert Half, 44% dos desempregados e 40% dos trabalhadores empregados acreditam que a possibilidade de crescimento é o fator mais importante na escolha de uma vaga em um processo seletivo.

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Para se ter uma ideia, o salário fica com 22% da preferência de quem está empregado e com 12%, de quem não possui um trabalho no momento.

“Os profissionais não estão se movimentando pelo salário, eles topariam trocar uma empresa por outra por causa de uma possibilidade maior na carreira”, afirma Maria Sartori, gerente sênior de recrutamento da Robert Half.

Como têm uma estrutura mais enxuta, as pequenas empresas apresentam uma boa característica para atrair e reter bons funcionários, caso ofereçam um plano de crescimento profissional, ambiente autônomo e flexibilidade de horários, por exemplo. 

“É mais fácil porque o pequeno empresário pode ser ele mesmo o recursos humanos da sua empresa. A multinacional, não. Ela depende de outras estruturas. A pequena empresa tem mais agilidade para imprimir um modelo de gestão que privilegie o crescimento do funcionário”, afirma Daviane Chemin, vice-presidente da Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH).

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Maria Sartori, da Robert Half, defende ainda que, em um negócio de pequeno porte, a sensação de pertencimento do funcionário com a empresa é maior. “A informação flui mais rápido e, assim, a sensação de poder, de valorização é maior”, afirma. A crise econômica que arrasta a economia do País desde 2014 não é um fator que pode prejudicar para contratar e reter talentos, caso o empresário tenham a cultura de valorização do funcionário. 

“As empresas que estão conseguindo bons resultados nesse período são aquelas que, apesar da turbulência, criam um ambiente interno capaz de fazer com que as pessoas tenham confiança para trazer novas soluções que vão ajudar a empresa a atravessar a tempestade”, diz Daviane Chemin, da ABRH. “As pessoas querem ser vistas, valorizadas, não importa o momento”, completa.  Nesse contexto, a figura do líder é crucial, avalia o professor João Baptista Brandão, da Fundação Getúlio Vargas (FGV). De acordo com ele, quem toca o negócio em empresas menores deve primar pela transparência, estabelecendo claramente os critérios e a cultura do empreendimento, para não criar expectativas inadequadas.

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“Às vezes o funcionário não troca de empresa, ele troca de chefe. A figura da liderança é vital, é ela que cria um ambiente gostoso de se trabalhar. Ele não é um amiguinho, ele cria condições para a pessoa se sentir confortável nesse ambiente”, afirma o professor.

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Cultura é grande atrativo. Gerar um senso de pertencimento e de que todas as pessoas têm voz dentro da empresa. Essas são algumas das apostas para ter um bom ambiente de trabalho na Hi Platform, empresa de relacionamento e engajamento com o consumidor, criada no ano passado depois da fusão da Direct Talk e a Seekr. “Temos um ritual onde, periodicamente, nosso presidente abre os números da empresa para todos”, afirma Marcelo Vieira, diretor de cultura organizacional da Hi. “As pessoas sentem uma espontaneidade de que podem ser o que são fora dentro da empresa”, completa. 

Ele afirma também que a empresa não atrai funcionários em função de salário e dos benefícios oferecidos, mas pelo foco na oportunidade profissional. “Nosso salário é dentro da média. As pessoas também querem bem-estar no trabalho”, diz. 

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