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Relação é chave para reduzir rotatividade

Agências de publicidade investem na aproximação com equipe para resolver esse que é o maior problema do setor

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Por Jéssica Alves
Atualização:
Fernando Ribeiro, sócio da Netza, escolhida como a merlhor pequena empresa para trabalhar no Estado de São Paulo pelo ranking da GPTW. Foto: Rafael Arbex / Estadão Foto: Rafael Arbex / Estadão

Três anos atrás, Fernando Ribeiro e Fabiana Schaeffer, irmãos e sócios da Netza, começaram por eles mesmos a maior mudança da pequena agência na Vila Olímpia, em São Paulo. Eles se desfizeram de suas salas e mesas de escritório. Não têm mais fotos da família, caneca personalizada, nem as próprias canetas e lápis. Passaram a ficar lado a lado de seus funcionários e não mais em grandes mesas ou em salas fechadas. De lá para cá, em doses homeopáticas, cada um dos 79 colaboradores foi se desfazendo de seu próprio lugar na agência especializada em marketing de conteúdo (conhecido como branded content) e eventos. 

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A mudança radical – e no primeiro momento até um pouco intimidadora – não foi simples no início. No primeiro mês foram muitas reclamações, conta Ribeiro. Mas a falta de lugares fixos se refletiu em uma empresa mais integrada e com trabalhos mais completos, já que as pessoas sentam próximo dos colegas de projeto. Três anos depois da mudança, os profissionais elegeram a Netza como a melhor empresa de pequeno porte para se trabalhar em São Paulo, no ranking compilado pela GPTW, em 2018. “Com essa mudança, não tem mais hierarquia ou ego. Deixamos a empresa mais democrática e com menos fofoca, com projetos mais redondos, sem ruídos”, diz Ribeiro, que tira de seus clientes (grandes marcas como Johnson&Johnson, Nestlé e Ford), as melhores práticas de gestão e as adapta ao seu negócio. 

Sem verba e espaço para iniciativas que exigem estrutura, como espaço de videogame, áreas com rede ou outras práticas mais descoladas, estreitar a relação com seus profissionais é a estratégia apontada pelas empresas de publicidade e marketing mais bem colocadas na pesquisa da GPTW para garantir a satisfação dos funcionários e pôr fim a dança das cadeiras, típica das agências. 

Segundo lugar entre as empresas da indústria criativa, a Interbrand Brasil, braço da consultoria de marca londrina há 18 anos no País, resolveu levar o que fazem no dia a dia com grandes empresas para a vida pessoal de seus 60 funcionários: descobrir o propósito de cada um. No ano passado, a empresa contratou um psicólogo para conversar com os profissionais ao longo de todo o ano. A meta é chegar a um diagnóstico profissional e pessoal. 

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“A gente sabia que alguns poderiam descobrir que o seu lugar não era ali, que iriam buscar outros desafios, mas quem ficasse ia estar mais forte, o que ajudou não só individualmente, mas a toda equipe”, diz Daniela Bianchi, diretora-geral da consultoria. 

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O trabalho de agir e pensar no cerne de grandes marcas dá exemplos do que fazer e não fazer na gestão de pessoas. Para Daniela, que está há cinco anos na direção da empresa com Beto Almeida, questões como empoderamento e a transparência fazem diferença no ambiente de trabalho.

Talentos. A Netza foi o primeiro emprego formal de sua atual vice-presidente de estratégia, Nara Novaes, há 11 anos, após um período prestando serviço como autônoma no ramo. De lá para cá foram três pós-graduações, em parte custeadas pela empresa, e uma política de carreira sólida, com três mudanças de cargo significativas que a fez fincar raízes na empresa. “Todas as lideranças são prata da casa. A Netza foi o primeiro ou um dos primeiros empregos de todos nós. Esse é o exemplo que a gente quer dar para o mercado, que ainda é famoso por uma grande rotatividade”, conta. 

Assim como as outras do ranking, a agência DP6 também tem métodos de grandes empresas para afugentar a fuga de cérebros. Anualmente, do estagiário aos sócios, todos têm participação nos lucros. Em um mercado acostumado a extensas e recorrentes horas extras, o presidente Tiago Nigrini diz se empenhar em abolir a prática. “Me incomoda muito essa visão errada que temos de que fazer hora extra sempre é bom. Isso não quer dizer que a pessoa é melhor, porque não quer dizer que ela tem produtividade”, ele argumenta. 

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