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Rede lança mapa do empreendedorismo feminino no Brasil

Ideia é fortalecer empreendedoras e articular conexões com fundos de investimento, que já estão em negociação; gratuito, site quer reunir 500 mil negócios

Por Marina Dayrell
Atualização:

Para criar um ecossistema empreendedor feminino e fomentar negócios feitos por mulheres, um grupo de sócias lançou no último mês um mapa de iniciativas criadas por elas. A ideia é construir uma rede de conexões entre as 24 milhões de empreendedoras do País - 46% do total, segundo a pesquisa Global Entrepreneurship Monitor de 2018, realizada pelo Instituto Brasileiro de Qualidade e Produtividade (IBQP) em parceria com o Sebrae. 

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“Queremos mapear o máximo de mulheres possível para que elas se conheçam, tenham uma rede de suporte e façam negócios entre si, além de ter base de dados para fazer as articulações necessárias”, destaca Marcella Mugnaini, uma das idealizadoras da Rede Tear, nome por trás do levantamento.

Para Maure Pessanha, empreendedora e diretora-executiva da Artemisia - organização pioneira no fomento e na disseminação de negócios de impacto social no Brasil -, é essencial criar iniciativas de fomento ao empreendedorismo feminino no País. “Precisamos de referenciais e de sentir que temos uma comunidade nos apoiando. Já existem estudos comprovando que mulheres fundadoras que fazem parte de uma comunidade de negócios têm duas vezes mais chances de prever crescimento.”

Marcella Mugnaini,Isabela Ventura, Rosely Cruz e Vanessa Louzada, criadoras da Rede Tear e do mapa do empreendedorismo feminino Foto: Bárbara Veiga

Idealizada por Marcella, ao lado das sócias Isabela Ventura, Vanessa Louzada e Rosely Cruz, a rede opera desde o ano passado como uma articulação entre os empreendimentos femininos e instituições financeiras, de investimento e governamentais. 

“Quisemos aproveitar o nosso lugar de privilégio no mundo corporativo para desenvolver um projeto cujo foco seja o universo das mulheres”, conta Marcella. As quatro fundadoras são todas CEO de seus próprios negócios, que incluem a plataforma de microinfluenciadores Squid, a lawtech (que utiliza big data para o setor jurídico) Deep Legal, o laboratório de estratégia e comunicação UP Lab e o escritório de advocacia Neolaw.

Falar em empreendedorismo feminino é muito amplo. Em pouco mais de 15 dias, o mapa já cadastrou gratuitamente 38 iniciativas, entre projetos, coletivos, empresas, ONGs e empreendedoras individuais e autônomas. Outras 75 devem ser incorporadas em breve à plataforma. A meta para meados de 2020 é reunir 500 mil cadastros.

Os setores de atuação são variados e vão da consultoria de negócios a marcas de beleza (como a cearense Aurora), de comida (como a mineira Panelinha de Duas) e escritório especializado em direito da mulher (como o paranaense Pavelski Schaitza Advocacia).

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Para chegar a um ponto comum a todos os empreendimentos, as quatro sócias conduziram uma pesquisa com 5 mil mulheres e identificaram carências dentro do universo empreendedor. O resultado mostrou que, apesar de existirem muitas iniciativas de empreendedorismo feminino no País, elas são, em grande parte, fragmentadas e auxiliam em apenas algumas fases da jornada de desenvolvimento pessoal e profissional da mulher. Nesse vácuo, a Rede Tear encontrou o ponto central de tensão no qual poderia atuar: dar suporte às empreendedoras desde a criação do negócio e durante todo o processo de crescimento.

Como financiar os negócios de mulheres 

O mapa é apenas o primeiro passo da rede como fomentadora de negócios. Com uma base de dados pronta, as sócias planejam conectar os empreendimentos a fundos de investimentos.

Mapa do empreendedorismo feminino quer unir empreendedoras e articular conexões com fundos de investimento Foto: Priscila Barbosa

“Sem um recorte de nicho, a maioria dos projetos apresentados são feitos por homens ou não têm impacto diretamente com mulheres. Elas têm menos confiança para apresentar os projetos e a maioria dos investidores são homens, muitas vezes não alinhados com os valores femininos que as empreendedoras têm em suas gestões de negócio”, aponta Marcella. Caberá à rede fazer a chamada, a captação, a seleção e a preparação dos projetos que serão apresentados aos investidores. De acordo com Marcella, elas já estão em negociação com um fundo - que ainda não pode ser revelado. Por enquanto, o mapa funciona como um retrato do que existe nas diversas áreas do empreendedorismo feito por mulheres nos quatro cantos do País, mas há planos para que ele se torne ainda maior. Os dados coletados irão compor uma plataforma de suporte a mulheres empreendedoras, com capacitação à distância, possibilidade de realização de negócios entre si e suporte durante a jornada de desenvolvimento. O serviço, que será pago, ainda não tem previsão para ser lançado. 

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