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Periferia se transforma em foco de expansão para rede de franquias especializada em tênis

Para Grupo Affet, alto custo dos aluguéis dentro de shoppings inviabiliza novas operações

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Por Renato Jakitas
Atualização:

Espremida pela concorrência e pelos altos custos imobiliários, as franquias de varejo apelam para a criatividade para permanecerem atrativas aos olhos dos investidores. Esse é o caso do Grupo Affet, dono da bandeira Authentic Feet, especializada em calçados esportivos.

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Assustada com o valor do ponto comercial nos shoppings, a empresa criou uma nova bandeira com o intuito de apontar sua expansão em direção às concentrações de comércio popular em grandes cidades – desde centros de bairros periféricos até estações de metrô, supermercados e também galerias de varejo.

A empresa lançou há cerca de um ano e meio a Tennis Express, a quarta bandeira do grupo, que, além da Authentic Feet, conta com a Magic Feet e a Artwalk. A nova marca atende as classes C e D apenas com lojas de rua. A expectativa do empresário Adriano Obeid, sócio-diretor do grupo, é que, em três anos, o novo investimento, hoje com dez unidades, alcance 150 lojas.

O empreendedor também espera que a nova bandeira represente 35% do faturamento do grupo, atualmente de R$ 400 milhões ao ano.

“O boom (de vendas) que a gente sente hoje vem das periferias. Centros novos, muitos deles ligados ao crescimento da periferia, ao crescimento do poder aquisitivo da baixa renda”, explica Obeid. “Na verdade, a Tennis Express não muda muita coisa em relação à Authentic Feet. Vamos trabalhar com um portfólio mais ou menos do mesmo tamanho, entre 500 e 600 produtos, e um tíquete médio um pouco menor, que cai de R$ 250 na operação antiga para R$ 220 nesta”, conta o empreendedor.

Com 179 lojas, o empresário considera que sua principal operação, a Authentic Feet (92 unidades), está praticamente estabilizada. A rede cresce pouco, cerca de cinco estabelecimentos ao ano. As duas outras opções, a Magic Feet, de calçados infantis, e a Artwalk, de modelos casuais, também não se distanciam desse desempenho.

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A opção pela nova unidade é, portanto, uma tentativa de abrir uma frente de massa para movimentar a própria base de franqueados, que corre o risco de buscar em rivais oportunidades de crescimento. “Meus franqueados querem novas oportunidades, porque comércio é escala. Com margens de 10% a 15%, ele realmente precisa abrir uma segunda loja, precisa da terceira. Mas, com as outras marcas, enfrentamos limitações, porque são lojas de shopping, que ou não estão ainda amadurecidas o suficiente ou são caras demais”, explica Obeid.

Shoppings. De fato, segundo especialistas do setor, principalmente em centros consolidados, os valores dos aluguéis pedidos pelos shoppings têm, se não inviabilizado, pelo menos dificultado a vida do empresário.

Em alguns casos, os reajustes dos contratos superam em até 40% os preços apurados pelo IGP-M, usado para calcular a inflação do setor e que, em 2012, ficou em 7,8%. “É por isso que, acredito, cada vez mais vamos ver empresas consolidadas indo para as ruas das periferias ao invés de continuarem nesses endereços caros”, afirma Roberto Mateus Ordine, que é atualmente vice-presidente da Associação Comercial de São Paulo.

Marcelo Cherto, especialista no mercado de franquias, concorda com a análise. Para ele, aliás, a aposta da empresa vale a pena não só pelo pontos de vista financeiro. De acordo com Cherto, a aposta também é interessante sob o ponto de vista estratégico. No negócio de franchising, ele explica, a novidade é sempre muito bem-vista.

“Uma rede tem, sempre que puder, buscar novos nichos dentro de seu próprio nicho de atuação. Isso porque são poucas as marcas que conseguem oferecer tudo para todo mundo”, destaca o especialista.

Segundo estimativas do Ibope, o mercado de calçados esportivos deve movimentar cerca de R$ 12,2 bilhões no Brasil em 2013 – 9,8% mais que no ano passado. A expectativa é que cada brasileiro gaste R$ 74,90 em pares de tênis ou de ‘sapatênis’ este ano.

 
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