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Pequenos empresários retomam investimentos

Animados com vendas do fim de ano e mais confiantes em relação à economia do País, empreendedores tiram da gaveta planos de expansão

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Por Luiz Guilherme Gerbelli
Atualização:
O empresário Alexandre Koga, dono da marca MULEK, que produz roupas e carrinhos de rolimã. FOTO TIAGO QUEIROZ / ESTADÃO Foto: TIAGO QUEIROZ / ESTADÃO

Os sinais de recuperação da economia brasileira começam, enfim, a trazer algum alento para o pequeno e médio negócio. Mais otimistas, os empresários começam aos poucos a retomar planos de investimento e de expansão dos negócios.

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Os dados do Sebrae dão uma dimensão da dificuldade enfrentada pelos micro e pequenos empresários de São Paulo nos anos de crise. Em 2015 e 2016, o faturamento recuou 14,3% e 9,8%, respectivamente. Os números de 2017 ainda não estão fechados, mas a expectativa é de uma recuperação, com avanço entre 5,5% e 6%.

“A economia caiu tanto nos últimos anos que é natural ocorrer essa retomada, mas estamos vendo bons indicadores”, diz o coordenador de pesquisas do Sebrae, Marcelo Moreira.

O otimismo com os negócios fica evidente em um levantamento conduzido em novembro pelo próprio Sebrae. De acordo com a pesquisa, 38% dos micro e pequenos empresários acreditam no aumento de receitas neste primeiro semestre. Há um ano eles eram 33%. 

Entre os entrevistados, 35% esperam aumento da atividade econômica nos primeiros seis meses de 2018, acima dos 26% apurados há um ano. “A inflação sob controle e a diminuição dos juros criam um efeito em cadeia positivo para o empresário”, afirma Moreira. “Os consumidores conseguem pensar em compra de itens mais caros.”

Os sinais mais positivos também foram captados pelo Sindicato da Micro e Pequena Indústria do Estado de São Paulo (Simpi). Em dezembro, 67% dos empresários responderam que deverão ter um resultado positivo neste ano, nível mais alto desde 2014. O nível de atividade do setor ficou estável no último trimestre de 2017, o que também indica que o pior da crise já pode ter ficado para trás. “Talvez estejamos saindo do fundo do poço. Os números mostram um quadro de estabilidade”, diz o presidente do Simpi, Joseph Couri. 

Investimento. Dono de uma loja que comercializa roupas novas e seminovas há oito anos, Alexandre Koga, de 41 anos, diz ter ficado satisfeito por ter encerrado 2017 no “zero a zero”. Há três anos, também abriu um estabelecimento que vende artigos de brincadeira infantil e, para manter o negócio, teve de reduzir o próprio salário. “Estou bastante otimista neste ano. Como sobrevivi à tempestade, adquiri ainda mais experiência. O empresário que conseguiu se segurar sem se endividar muito, vai colher os frutos agora”, diz Koga.

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Entre os principais planos do empreendedor para este ano estão a renovação da coleção e o aumento do leque de produtos oferecidos na sua loja de artigos de brincadeira infantil.

O empresário Jorge Gonçalves, de 36 anos, também faz planos de expandir o seu negócio. Dono de um empório gastronômico, planeja crescer 50% neste ano “num cenário mais pessimista”. Durante a crise, perdeu os clientes corporativos, mas conseguiu compensar atraindo pessoas físicas para o negócio.

“Em 2015, dos clientes que pediam orçamento, 50% efetivavam. No ano seguinte, os clientes nem pediam mais orçamento”, conta. “Em 2017, tive de buscar outra forma de manter o negócio e ampliei o atendimento para pessoas físicas.” As s vendas de fim de ano cresceram 20% em relação a 2016.

O ambiente mais positivo, porém, não está imune à incertezas: na eleição presidencial, uma eventual vitória de um candidato que não dê prosseguimento à agenda de reformas pode levar a uma deterioração do quadro econômico, segundo analistas ouvidos pela reportagem. “É um ano de eleição um pouco diferente. Há certa ansiedade e expectativa”, afirma Moreira, do Sebrae.

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