
01 de setembro de 2015 | 07h20
Basta olhar nos pés das brasileiras. Os calçados confortáveis, de solado baixo, que fizeram sucesso no passado e são tradicionais na Argentina e região Sul do Brasil, voltaram à moda. As alpargatas, como esses sapatos ficaram conhecidos, ganharam novas versões e estampas coloridas, principalmente pelo movimento iniciado pela marca norte-americana Tom´s.
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O interesse maior pelo produto também faz prosperar um grupo de empreendedores do Brasil, muito embora o desafio deles seja imenso, afinal, o mercado é disputado com grandes empresas. Para manter a competitividade, os pequenos investem em estampas próprias, modelos diversificados, palmilha confortável e traçam estratégias de aumento de produção, abertura de lojas próprias, franquias e até mesmo exportação.
A Perky Shoes, por exemplo, faturou R$ 11 milhões no ano passado e prevê crescer 70% este ano. A marca vai inaugurar uma loja conceito em Porto Alegre para servir como teste para um futuro modelo de franquia. A Perky nasceu da história de amor do argentino Rodrigo Casas - ele mudou-se para o Brasil para ficar com a gaúcha Gabriela Giovannini após o casal se conhecer em Buenos Aires. A proposta inicial era importar alguma marca argentina para o Brasil, mas a dificuldade no processo levou a dupla a investir em um produto próprio. "Tentei trazer algumas marcas, de roupa infantil, adulto, alpargatas, mas importar era bem complicado. Foi aí que pensamos em melhorar um produto e produzir aqui", conta Casas.
Os primeiros pares começaram a chegar ao mercado em dezembro de 2011 e, desde então, a Perky não parou de crescer. Tanto que a marca busca parceiros fora do Brasil para expandir a produção. "Por mais que o dólar esteja em um patamar alto, existem os custos internos e de mão de obra. Estamos procurando parceiros para atender os mercados da América Latina e Europa", diz Casas. Atualmente, as vendas para o exterior somam 10% do faturamento. A previsão é chegar aos 25% no período de dois anos.
Ainda na região Sul do Brasil, a Zunes tem planos para dobrar a produção e deve começar a exportar até o fim do ano. Instalada em Ijuí, no Rio Grande do Sul, a empresa começou a produzir as alpargatas focada no público gaúcho. Há dois anos, o filho dos fundadores, Adriano Zucco, retornou ao Brasil após dez anos morando no exterior e ajudou a alavancar a marca ao aplicar as tendências que tinha visto lá fora no negócio da família.
Hoje, a Zunes trabalha com mais de 400 modelos variados, desde a tradicional alpargata até opções com cadarço e elástico para homens e mulheres. "É um produto confortável. Acompanha a tendência da sapatilha", diz Zucco. O empreendedor diz não sofrer com a retração da economia. "Estamos abrindo novos mercados", completa o responsável pela área de gestão comercial e marketing.
A Zunes tem produção diária de 500 pares e planeja dobrar esse número com foco nas vendas para fora do País. Com uma loja própria em Ijuí, a marca tem projeto para vender franquias nas regiões Norte e Nordeste.
Já a Cervera Alpargateria aposta na tradição. A proprietária da empresa, Ana Delia Moreno Iaconelli, conta que a cidade de Cervera, na Espanha, é considerada o berço das alpargatas, com fabricação anterior ao século 17. Seus dois avós tinham fábricas do calçado e seu pai iniciou a produção no Brasil em 1956. Mas foi em 1983 que a empresa foi efetivamente criada com a proposta de produzir a alpargata original com solado de juta.
Devido a produção artesanal, são fabricados cerca de 500 pares por dia de 100 modelos diferentes. A fábrica está instalada em São Paulo e cuida de toda produção: do solado até os componentes do calçado. A marca também tem planos de crescimento. Hoje, são cinco lojas próprias e uma franquia com previsão de dobrar o número de unidades até 2016. Para abrir uma franquia da Cervera, o investimento inicial é de aproximadamente R$ 500 mil.
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