26 de fevereiro de 2013 | 06h48
Os pequenos empreendimentos se consolidaram nos últimos anos – entre dezembro de 2000 até o mesmo período de 2011 – como os principais empregadores da economia formal no País, segundo dados inéditos que serão divulgados hoje pelo Sebrae.
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O levantamento, feito em parceria com o Dieese, aponta que 52% da mão de obra no período foi contratada por pequenas empresas, aquelas com faturamento anual de até R$ 3,6 milhões. Em pouco mais de uma década, elas foram responsáveis pelo preenchimento de sete milhões a mais de vagas com carteira assinada e pela geração de 15, 6 milhões de postos de trabalho.
Apesar disso, é visível uma queda na participação das pequenas empresas no total de postos de trabalho criados – de 55,4% em 2001 para 51,6% em 2011 (veja gráfico ao lado). Isso se explicaria pela mudança geral da característica do emprego no País – a carteira assinada vai dar cada vez mais lugar à figura do colaborador ou prestador de serviço, segundo Samy Dana, professor de economia da FGV-SP.
Para o presidente do Sebrae, Luiz Barreto, há mais aspectos favoráveis do que negativos no relatório. “Os efeitos positivos desse crescimento refletem na melhora dos salários. Eles subiram 18%, praticamente o dobro do que o pago pelas médias e grandes empresas. É excelente, levando em consideração que as pequenas empresas são a porta de entrada para o jovens no mercado”, explica Barreto.
::: Confira :::
A partir das 14h, os blogueiros do Estadão PME Pedro Chiamulera e Juliana Motter comentam a pesquisa ao vivo na TV Estadão. Não perca.
No mesmo ritmo, trabalhadores de empreendimentos de porte menor com mais de 60 anos, aponta o levantamento, tiveram um incremento de 26% nos salários, o mesmo porcentual de pessoas entre 18 e 24 anos. “São mudanças muito significativas. Por anos o trabalhador que está perto da aposentadoria amargou a falta de perspectivas profissionais. Mas isso mudou. Hoje, as pequenas empresas já possuem condições de manter um funcionário mais experiente com salário mais alto”, ressalta Barreto.
O aumento das contratações incidiram principalmente nos setores de construção (115%) e comércio (81%). Ambos foram beneficiados pelo aumento da renda do brasileiro, que passou a consumir mais, e pela multiplicação dos programas de incentivo à construção da casa própria. No entanto, a distribuição dessas vagas em território nacional sinaliza algumas mudanças muito importantes no País.
O número de empregos oferecidos ainda é maior no Sudeste, que responde por 51,7% do total de postos de trabalho criados no Brasil desde 2000. Porém, a região perdeu força – houve queda de 3,8 pontos no total de contratações com carteira.
“Os custos para se manter a operação de uma empresa nas grandes metrópoles é alto. É natural que haja uma migração para outras partes do Brasil, onde os custos são mais baixos. Em cidades menores, as micro e pequenas são a maioria”, explica Samy Dana, professor da Fundação Getúlio Vargas.
A ampliação da taxa de contratações no Nordeste confirma a tese do economista. A região ampliou de 13,4% para 15,4% o número de postos de trabalho. Já o Centro-Oeste incrementou os salários em 32%.
Expansão
Na última década, o setor de construção civil está recuperando o fôlego. O segmento, essencialmente dominado por médias e grandes empresas, passou a oferecer também mais oportunidades para os donos de negócios de porte menor. Empresas como a do engenheiro Luis Alberto Costa, sócio da Pilão Engenharia e Construções.
“Quando fundamos a empresa, em 1997, os funcionários éramos nós mesmos”, conta o empreendedor. Hoje, Luis Alberto e seus dois sócios dividem as tarefas com mais oito engenheiros, 100 funcionários fixos e uma média de outros 200 operários contratados ao longo do ano, de acordo com as demandas. “Nos últimos anos houve uma evolução enorme e as pequenas empresas, que antes só sobreviviam prestando serviços para obras públicas, ganharam espaço ao fazer parcerias com empreendimentos maiores.”
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