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Pequena empresa investe R$ 500 mil em hortaliças e flores comestíveis

Negócio criado pela publicitária Deborah Costa em 2006 busca clientes que atuam com 'alta gastronomia'

Por Rodrigo Rezende
Atualização:

A atriz e publicitária Deborah Costa Gaiotto tinha um emprego convencional, era assistente de uma produtora de moda, mas decidiu mudar radicalmente de vida e apostar no empreendedorismo, mais precisamente em um negócio envolvendo hortaliças. Por isso, em 2006, ela 'ressuscitou' estufas desativadas na fazendo do pai - criador de frangos e dono de um abatedor - para cultivar brotos, minilegumes, verduras higienizadas e flores comestíveis.

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O começo não foi fácil. Ela mesma plantava as sementes, colhia os produtos e os trazia para São Paulo para vender. Há cerca de três anos, porém, a família começou a ajudar Deborah a turbinar o negócio, que dava indícios de que poderia prosperar. A empresa, então, recebeu investimento de R$ 500 mil, destinado à construção de novas estufas, uma cozinha industrial que também serve para testar receitas e uma máquina que seleciona, lava e higieniza as verduras.

"Antes de tudo, fiz uma pesquisa de mercado e constatei que havia uma carência nessa área", afirma Deborah. "Muita coisa que aprendi atuando como produtora (de moda) me incentivou a tocar o negócio", completa. A Fazenda Maria, como o empreendimento foi batizado, fica em Tatuí, interior de São Paulo, e hoje atende mais de 200 clientes - 85% são restaurantes e buffets de 'alta gastronomia'. Os outros 15% são supermercados, empórios e donas de casa que compram as hortaliças diretamente da empresa por e-mail ou telefone.

O portfólio da Fazenda Maria conta atualmente com 90 itens, incluindo mais de 20 tipos de flores comestíveis e flores de ervas. No começo, a empresa fazia duas entregas por semana por meio de motoqueiro, mas agora são até 80 entregas diárias, realizadas por carros próprios ou por meio de transportadoras. O valor de cada pedido varia entre R$ 15 e R$ 1 mil, o desembolso médio gira em torno dos R$ 350.

A empresa prosperou e já conta com 35 funcionários. Débora cuida da área comercial e tem o pai como sócio, além da mãe e da irmã, que entraram no negócio em 2011.

Análise. Segundo José Luiz Tejon, coordenador do Núcleo de Estudos do Agronegócio da ESPM, trata-se de uma tendência mundial "jovens bem formados retornarem ao campo para alguma atividade relacionada com a terra, como forma até de driblar o desemprego". Tejon fez recentemente uma viagem pela Europa e deparou-se com exemplos de empreendedores que decidiram investir nesse nicho de atividades "quase artesanais".

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"Vamos ver isso cada vez mais, até mesmo uma agricultura vertical nas cidades grandes, em uma arquitetura de jardins com produtos hortícolas em condomínios, em shoppings e edifícios", afirma Tejon. "Vamos ver, provavelmente, a criação de 'agricultores do asfalto'", sugere.

Para a bióloga e analista da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Lenita Haber, o cultivo de flores para fins de extração de óleos essenciais e também para restaurantes não exige investimento alto e pode ser uma oportunidade interessante de negócio. E melhor: trata-se de um mercado ainda pouco explorado no País. "Acredito que na região de São Paulo esse tipo de cultivo é maior, aqui em Brasília, por exemplo, temos alguns produtores, mas eles não são voltados à gastronomia", conta a especialista, que atua na divisão de hortaliças da Embrapa.

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