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Pedro Herz, da Livraria Cultura, fala sobre a dificuldade de contratrar talentos atualmente

Para o dono da Livaria Cultura, ausência de pessoas qualificadas e dedicadas no mercado é resultado da falta de qualidade no ensino

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Por ENCONTRO PME
Atualização:

 Da última vez que alguém atrasou cerca de uma hora para um compromisso marcado com Pedro Herz, dono da Livraria Cultura, não foi recebido. E ainda precisou esperar 90 dias por uma nova data em sua agenda. A história, contada com frequência pelo empresário, ilustra bem seu estilo de gestão, mas também evidencia um dos principais problemas do mercado corporativo atualmente: a falta de comprometimento.::: Siga o Estadão PME nas redes sociais ::::: Twitter :::: Facebook :::: Google+ :: De acordo com Pedro Herz, está difícil encontrar profissionais qualificados e dedicados. “Ninguém tem compromisso com horário, com o trabalho, com nada. E, infelizmente, essa é uma prática estimulada pelos nossos governantes, que não cumprem o que prometem”, disse o empresário durante a 2ª edição do Encontro Estadão PME, realizado na última sexta-feira, dia 27, na sede do Grupo Estado. Por isso, Herz optou por oferecer a sua equipe uma política básica de benefícios e investir em ferramentas que possibilitem a cada funcionário segurança para realizar o trabalho com qualidade. “O objetivo não é reter gente, é reter clientes”, afirma. É a partir da forma com que cada um utiliza essas ferramentas que Herz identifica os funcionários mais comprometidos. “Outros benefícios, como cursos, são analisados caso a caso. Os mais compromissados com o que fazem são considerados talentos e por esses nós fazemos o possível para mantê-los”, diz. De acordo com Herz, reter os funcionários qualificados é muito complicado e, por isso mesmo, a Livraria Cultura está sempre com vagas abertas. Para o empreendedor, porém, são poucos os candidatos que superam a primeira etapa de seleção da empresa, um teste básico de conhecimentos gerais. “Um bom país se faz com homens e livros, já dizia Monteiro Lobato”, acredita Herz. “E hoje nós temos um apagão no ensino do País”, afirma o empresário. A vantagem das pequenas empresas nesse cenário, segundo ele, é que elas são mais ágeis em comparação com as grandes corporações – é por isso que Herz implantou um sistema de gestão horizontal na Cultura. Presidente do conselho administrativo da empresa, Herz não tem secretária e prefere atender, ele mesmo, as suas ligações. É o empresário quem também faz suas próprias reservas de hotéis e passagens aéreas, tudo em prol da desburocratização e agilização de processos. “Isso me permite ter uma tomada de decisões rápida, fundamental para o desenvolvimento do negócio.” O empresário comandou recentemente o processo de expansão da rede – em novembro de 2011, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) aprovou financiamento de R$ 31,7 milhões à Livraria Cultura para a modernização e abertura de novas lojas em pelo menos oito cidades. A experiência desta empreitada talvez tenha moldado a opinião atual do empresário sobre a necessidade da pequena empresa crescer. “No Brasil ou sua empresa cresce ou ela fecha”, afirma. Segundo o empreendedor, a alta concorrência do mercado e a necessidade de melhoria contínua dos processos para satisfazer o consumidor, exigem que o empresário invista na expansão do seu negócio para sobreviver. “Eu sempre digo que se algo funciona bem, é obsoleto. Em um mercado tão dinâmico, você se torna ineficiente se para de investir”, analisa Pedro Herz. Mas se o desafio pela frente é grande, o segredo é continuar em frente e não desistir. Os medos e os enganos são parte da trajetória de todo empresário e devem ser superados. “O empreendedor erra 24 horas por dia e esses erros são importantes para você se questionar e rever processos o tempo todo”, finaliza.

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