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Para usinas, negócios da sucata não estão prontos para a demanda interna

Segundo o Instituto Aço Brasil, que representa as siderúrgicas, a necessidade do insumo é maior que a sua disponibilidade no Brasil

Por Renato Jakitas
Atualização:

Sucateiros e siderúrgicas brasileiras disputam no cabo de guerra a definição sobre o futuro do setor. O último capítulo dessa divergência deu-se com o pedido dos usineiros ao Ministério do Desenvolvimento. Eles solicitaram ao governo restrições às exportações de sucata quando os países de destino adotarem prática semelhante com o Brasil. Após reclamações dos empresários de reciclagem, as usinas recuaram e, no momento, mantém o pleito suspenso.

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O que está por trás disso é a preocupação das usinas quanto a uma provável fuga da sucata para o exterior, que trabalha com preços até 30% mais atraentes que o mercado interno.

Segundo o Instituto Aço Brasil, que representa as siderúrgicas, a necessidade do insumo é ‘maior que a sua disponibilidade’ no Brasil. Isso ‘obriga as produtoras de aço a complementar a carga metálica com ferro-gusa e, em algumas ocasiões, a importar sucata’, destacou a instituição recentemente em nota enviada para o Estado.

:: Leia também :: Vida dura para faturar no setor de sucata

Como exemplo da carência do insumo, as usinas apontam a opção por um modelo alternativo de produção de aço, que usa o minério de ferro como principal matéria-prima ferrosa e não o material proveniente de reciclagem. Essa tecnologia faz com que o atual volume de 24% de sucata no produto final seja menor do que a média mundial do setor (entre 32% e 34%).

Do outro lado do balcão, os sucateiros, representados pelo Instituto Nacional das Empresas de Sucata de Ferro e Aço (Inesfa), discordam da tese segundo a qual a oferta é menor que a demanda. Como justificativa, elencam uma velha lógica econômica. “Quando falta produto, o preço sobe. Isso não aconteceu”, afirma André de Almeida, atual diretor-jurídico do instituto nacional.

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Para Elder de Almeida Junior, do Cefet-MG, uma saída para o impasse passaria, por exemplo, pela implementação de uma política de descarte de automóveis antigos. “O que falta é uma legislação específica. Apenas 1,5% dos automóveis antigos viram sucata no Brasil. No Japão, esse número chega a 95%”, diz o pesquisador, que trabalha pela implementação de uma fábrica de reciclagem de veículos no interior de Minas Gerais.

:: 3 PERGUNTAS PARA.. :: Gesner Oliveira, sócio da consultoria GO Associados

1. Falta sucata no mercado? Não há uma evidência e nem tendência de escassez de sucata. Uma demonstração disso é que o Brasil é um exportador líquido do insumo. E com escassez o preço subiria, mas o que vemos é que ele tem andado de lado.

2.Qual sua opinião sobre a proposta para taxar a exportação do insumo? Não tem sentido. Aparentemente é uma tentativa de melhorar o preço da sucata para ser utilizada. Conseguir pagar menos para ser aplicada no processo produtivo.

3. Os sucateiros estão preparados para reciclagens de carros e caminhões? Será necessário um esforço de infraestrutura. Mas essa é uma política que considero interessante para o setor.

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