Para aumentar caixa, empresas viram compradoras de lojas de franquia
Para diversificar rendimentos ou investir no médio prazo, empresas tradicionais compram unidades de marcas do varejo
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Por Renato Jakitas
Atualização:
Matéria atualizada às 19h
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Não é incomum uma empresa comprar parte de outra por acreditar em seu potencial de expansão ou desejar ampliar a atuação. O raro é quando ao invés de se tornar sócio, alguns investidores optam por virar um franqueado da marca.
É exatamente isso o que está acontecendo. Em um tipo de negociação rara até pouco tempo atrás, hoje existem empresas que ingressam no franchising pelo outro lado do balcão, o de comprador de unidades. Segundo empresários e especialistas, a justificativa vai desde o interesse em reduzir oscilações de mercado, estratégias para criar novas frentes de receita ou simplesmente a projeção de lucros no médio e longo prazos.
Se virar moda, essa transformação pode colocar em risco a velha imagem da ‘barriga no balcão’, prontamente invocada pelas marcas sempre quando questionadas sobre o perfil de investidor que mais as interessa para uma expansão.
Aeroportos. A inspiração para esse modelo que começa a ganhar força no País está no passado vivido pelas empresas que atuam no segmento de restaurantes coletivos, especialmente uma das principais representantes do ramo, a gigante International Meal Company.
Além de operar com cozinhas coletivas, a IMC criou marcas como Viena, Carl’s Jr. e Red Lobster para oferecer em praças de alimentação de portos, aeroportos e rodoviárias que opera pelo mundo, incluindo o Brasil.
“Essas empresas entram nessas licitações e operam áreas grandes. Elas acabam ou comprando unidades de franquia ou lançando bandeiras para oferecer nesses pontos”, conta Robinson Shiba, fundador da Trend Foods (dona da China in box e Gendai), que já negociou uma franquia com a IMC.
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Outra representante do setor éGRA, da britânica Compass Group (que tem franquias de outras redes, por exemplo, no Aeroporto Internacional de Guarulhos). Um dos ‘clientes’ da empresa, aliás, é a Casa do Pão de Queijo, de Alberto Carneiro Neto. “Eles compraram oito unidades da nossa marca”, diz o empresário. “ O interesse da GRSA era oferecer um mix mais completo para seus clientes. Nossa franquia é relativamente barata e a maioria dos nossos candidatos a franqueado ainda são pessoas físicas”, conta.
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12º - NOSSO BAR
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14º - ESCOLAS FISK
Para abrir uma franquia Fisk é preciso investir de R$ 83,5 mil a R$ 494 mil. O faturamento médio mensal estimado é de R$ 35 mil com retorno de 12 a 24... Foto: ReproduçãoMais
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DIA%
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18º - Óticas Carol
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19º - CCAA
Abrir uma escola de idiomas CCAA vai exigir um investimento inicial de R$ 184 mil a R$ 345 mil. O faturamento médio mensal estimado é de R$ 39 mil. O ... Foto: ReproduçãoMais
20º - HERING
O investimento inicial para abrir uma franquia da Hering fica entre R$ 632 mil a R$ 948 mil Foto: Divulgação
A história já é diferente com a Burguer King, que tem entre seus franqueados empresas do segmento calçadista a varejo de eletroeletrônicos. No final do primeiro semestre a rede divulgou seu plano de expansão por franquias com investimentos de R$ 1 milhão a R$ 3 milhões e se surpreendeu com a procura. “Já temos 60 cartas de intenção e as empresas são maioria absoluta”, conta o diretor William Giudici, responsável pela divisão de franquias da rede. “Acho que a explicação é o tipo de investimento. Comprar uma franquia com a gente vai exigir um desembolso alto e um tempo de retorno do investimento de quatro, cinco anos. Não é fácil encontrar uma pessoa física que aguente isso.”
Segurança. Para Angelo Coiro Filho, dono há 30 anos da construtora ACF, além da capacidade de investimento, o relacionamento com outros empresários, donos de redes de franquias, também são fatores que, pelo menos no caso dele, determinaram o investimento.
“Eu faço construção de lojas em shoppings e estou comprando algumas unidades porque as vezes um lado vai mal e o outro pode compensar”, afirma o empreendedor, que já tem cinco lojas de acessórios em São Paulo e procura área para novas aquisições em 2017.
“A construtora é ainda meu principal negócio. Mas o risco é maior. Se acontece algum problema na obra, a margem despenca. As franquias me entregam um lucro muito interessante”, avalia o empresário.
No primeiro semestre do ano, as franquias obtiveram crescimento nominal (sem descontar a inflação) de 7,9% em receitas, segundo a Associação Brasileira de Franchising (ABF). A inflação foi de 4,96% no período.