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Para atrair jovem, empresários investem até em ouro comestível dentro da cachaça

Paulista aposta nessa inusitada combinação e espera despertar o interesse de investidores

Por Renato Jakitas
Atualização:

O palpite do empresário Leandro Dias é de que a cachaça brasileira ainda vai rivalizar com o uísque, a vodca e o vinho na preferência do consumidor mais jovem. Isso explica sua mais recente aposta: a Middas, uma aguardente de cana-de-açúcar desenvolvida por um ano ao custo de R$ 500 mil e que, de tão fina, é para ser bebida com flocos comestíveis de ouro 23 quilates. Lançado há quatro meses, o produto é vendido em lojas, bares e no e-commerce da marca.

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Segundo o empresário, que até o mês passado se dividia entre a gestão do produto e o emprego em uma multinacional de tecnologia, o resultado tem surpreendido as expectativas. Com média de 500 garrafas vendidas a cada 30 dias e um faturamento mensal de quase R$ 80 mil, ele já projeta um futuro próspero, com receita mensal de R$ 225 mil em um ano. “Queremos (atrair) aquela pessoa que gosta de coisas boas e, até agora, tinha vergonha de beber ou presentear alguém com uma cachaça”, diz o paulista de Adamantina.

A ideia de misturar ouro dentro de uma bebida alcoólica não é exatamente uma novidade. A marca Goldschläger, que apesar do nome alemão é um licor de canela fabricado na Itália, é uma das mais célebres do mundo. Mesmo aqui no Brasil, um estudante de engenharia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) criou um produto semelhante há dois anos. Ele desenvolveu um licor com cachaça mineira, mel puro, lascas de limão e, claro, ouro 23 quilates em suspensão.

Batizado de Lorde 79 (o número atômico do ouro), a marca vendeu cinco mil garrafas nos últimos seis meses. “A gente não quer crescer como parece ser a proposta desse novo produto (a Middas). Quero manter o produto restrito a alguns empórios ou, quem sabe, vender a marca pra alguma empresa maior”, confessa Rafael Mendes, criador da Lorde 79.

Os planos do idealizador da Middas, Leandro Dias, são mais agressivos e ele busca um investidor para vender de 30% a 40% da empresa e, assim, ampliar a distribuição do produto.

“Eu penso até em exportação. Os japoneses já demonstraram interesse e, nesse momento, o produto está sendo avaliado em laboratórios por lá”, diz.

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Cada unidade da bebida custa R$ 149,90 e tem 700 ml de cachaça. O ouro, nesse caso, não vai em suspensão dentro da garrafa, mas em uma embalagem acoplada.

Na opinião do especialista Thiago Marcello Bettin, professor de gastronomia do Centro Universitário Senac Campos do Jordão, do ponto de vista da degustação, o ouro não tem contribuições a oferecer. “É só marketing”, diz. “O ouro é utilizado em doces e bebidas, mas não tem gosto e nem cheiro. Ele só contribui mesmo com o aspecto visual e com um apelo de luxo, já que ouro é um símbolo de status.”

Dona de uma distribuidora de insumos para fabricantes de doces finos, Geiza Assad concorda com o professor. "Eu vendo ouro em pó, em folha ou em pétalas tem mais ou menos uns oito anos. É um produto que tem demanda, mas não muita, é muito focado para alguns pratos ou receitas pontuais", diz ela, que atende clientes como Octavio Café. Por seis anos, a cafeteria manteve uma receita de café expresso e chocolate belga salpicado por ouro puro. Custava R$ 27 e era procurando principalmente por clientes curiosos aos finais de semana. "Era um drink muito bonito, mas tiramos do cardápio porque não tinha mais muita procura", revela a barista Tabatha Creazo.

 
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