O plano de negócio do empresário brasileiro Marcos Vinícius Ferreira, de 43 anos, parecia perfeito. Após fazer sucesso na Dinamarca vendendo pão de queijo e outros alimentos relacionados à cultura brasileira na empresa Hr Ostebrod, o carioca morador de Copenhagen há dez anos decidiu lançar no país nórdico aquela que, no momento, era a maior febre do mercado brasileiro: a paleta mexicana.
Após meses de estudo de mercado para viabilizar a fabricação do picolé por lá, finalmente Vinícius encontrou o seu formato ideal. Colocou nove freezers e uma bicicleta carregadas de paletas para rodar pelos parques da cidade e escolheu as estações mais quentes, entre maio e setembro, para inaugurar sua empreitada. Ele chegou a vender 4 mil picolés em dias ensolarados, o que o fez acumular um faturamento de aproximadamente R$ 100 mil por fim de semana.
Porém, o imponderável apareceu. O verão chuvoso deste ano fez com que o consumo se tornasse irregular a ponto de o negócio deixar de ser vantajoso. "O maior adversário do meu negócio é que o verão aqui é muito inconstante. E se não tem sol, eu não consigo vender sorvete", comenta Vinícius. "Infelizmente, eu não contei com a realidade do comércio de rua. Foi um erro no projeto", avalia agora o empresário, que colocou 51mil euros no negócio. Ele garante que o investimento já se pagou e tenta, agora, levantar algum lucro até setembro, quando deve retirar os carrinhos das ruas.
A ideia de levar México para a Dinamarca apareceu para o empresário pela dica de um amigo que vive no Brasil. "O consumidor dinamarquês não absorve produtos com apelo de nacionalidades, como a paleta mexicana, o pão de queijo brasileiro", avalia.
Trajetória. Quando o brasileiro Marcos Vinícius Ferreira, de 43 anos, começou a vender pão de queijo na Dinamarca o público-alvo era o brasileiro com saudades da comida da terra natal. Isso há cerca de sete anos. Aos poucos, ele vem quebrando a barreira do hábito de consumo dos europeus e projeta terminar o ano comercializando em média 30 toneladas do produto por lá e em países vizinhos.
O pão de queijo entrou na vida do empresário quando ele conheceu uma brasileira, que fazia o produto, e ele então decidiu aprender a fazer o salgado. O pão de queijo começou a fazer sucesso, ele contou com a ajuda de um amigo que trabalhava na empresa de trem da região onde moravam para fazer as entregas de AArhus até Copenhaguen durante as paradas nas estações. "Ele sabia o horário de todas as paradas e eu já deixava tudo agendado no dia anterior", conta.
Com o crescimento da empresa, Ferreira decidiu investir em novos produtos e mudar-se para Copenhaguen com a segunda mulher, Olga Somova, que é russa. Hoje, além da empresa de alimentação, o empresário tem uma agência de publicidade e uma consultoria.