
28 de setembro de 2012 | 19h30
Nem verba de mídia ou participação em feiras. O CEO do Grupo Ornatus, Jae Ho Lee, de 48 anos, sabe expandir uma rede como poucos no País. “O que vende franquia é franqueado de sucesso”, diz o empresário. Ele usa como exemplo uma pessoa, responsável pela entrada no negócio de 13 novos empreendedores em dois anos – cunhada, irmão, amigo, amigo do amigo. Um indicou ao outro. “Franqueado de sucesso faz sua rede crescer, mas parceiros insatisfeitos fazem ela acabar também”, analisa.
A estratégia fez sucesso e levou ao crescimento do grupo, o que não significa que Jae Ho Lee se acomodou. Pelo contrário. Segundo ele, a criação de novas marcas é uma forma de atender com eficiência a forte demanda por franquias no País.
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“Se eu não oferecer um portfólio, o nosso franqueado ansioso em abrir novas unidades em sua região acaba indo buscar outros negócios em outros lugares”, afirma o criador do Grupo Ornatus, responsável por sete marcas e 265 lojas, entre elas a Morana, Jin Jin Wok e Balonè.
Em 2012, o empresário projetou o lançamento de duas novas marcas para o segmento de alimentação: MySandwich e Little Tokyo. “O sistema de franquia me dá cobertura e controle. Eu consigo expandir em praças onde nunca entraria. Mas na ponta eu corro todos os riscos”, diz.
A experiência adquirida no setor foi compartilhada por Lee durante o encontro promovido pelo Estadão PME com pequenos empresários. Confira os principais trechos do evento.
Mercado
Com empresas de acessórios e alimentação no portfólio, Lee vê na mulher o ponto de encontro das suas marcas. “É o melhor segmento para trabalhar”, destaca. A justificativa está no avanço feminino no mercado de trabalho. Sem tempo para cozinhar, são elas – e suas famílias – quem ajudam a movimentar o setor de alimentação fora do lar. E a necessidade de estar arrumada para trabalhar impulsiona as vendas de vestuário, acessórios, calçados e cosméticos. A rede de bijuterias Morana, por exemplo, foi a segunda marca criada pelo empreendedor.
A influência veio da família – a mãe e a irmã administravam uma joalheria na Rua Augusta, em São Paulo, na década de 70. “Nessa época, joias eram um sucesso e bijuteria era chamada de bugiganga. Mas ao longo das décadas de 80 e 90, o mercado de bijuterias avançou em qualidade e design. Hoje tem muitos joalheiros que compram nossos produtos para copiar o modelo.”
Família
Lee nasceu na Coreia do Sul, veio para o Brasil com 8 anos e leva para os negócios características dos dois povos. Do lado brasileiro, o jogo de cintura. Do lado oriental, a disciplina. O empreendedor conta ter um irmão seis anos mais velho, presidente do grupo. E, por isso, não importa se suas decisões são corretas ou não – a experiência faz com que o definido por ele seja sempre seguido. “Não é um critério muito inteligente a título de negócio, mas é assim que funciona um pouco a hierarquia oriental. Talvez por isso funcione”, diz Lee.
Passar a administração para os mais novos da família, aliás, não está em seus planos. Ele tem sobrinhos na casa dos 20 anos vivendo nos Estados Unidos, mas leva em consideração a baixa estatística de empresas sobreviventes na terceira geração.
“É difícil eles herdarem o empreendedorismo. Eles não viveram a história da empresa. A probabilidade do negócio acabar é muito grande. Se eles forem bons, que criem suas empresas.” Descrente na sucessão familiar, o empresário prepara campo para a entrada de um parceiro estratégico em até quinze anos.
Instinto
Graduado em administração e com MBA em gestão, Lee se considera mais empreendedor do que executivo. “Sempre segui muito meu instinto. Acho que acabou juntando a paixão com o embasamento teórico. Eu até brinco que sou engenheiro de prédio pronto. Eu faço e depois vou buscar as teorias para embasar o que fiz”, conta Lee.
Um exemplo de olhar apurado foi a formatação do restaurante japonês Little Tokyo durante um bate-papo com o diretor de uma companhia de shoppings. Na conversa, surgiu o assunto da inexistência de uma rede para esse tipo de estabelecimento diante do aumento das áreas gourmet nos centros de compras, o que faz com que esses empreendimentos recorram a uma marca local. “Eles podem ser excelentes comerciantes, excelentes donos de restaurantes, mas não são excelentes operadores nesse ambiente hostil que é o shopping.”
Economia
Na avaliação de Lee, as dificuldades econômicas atuais interferem de maneira positiva em seus negócios. Para ele, o brasileiro que não consegue encarar a prestação de um carro ou imóvel tem dinheiro para pequenos presentes. “É a alimentação fora do lar, ‘shoppingterapia’ e a compra de acessórios. O dinheiro que sobra não dá para grandes prazeres, mas esses mimos as mulheres não deixam de ter”, analisa o empreendedor.
:: Confira o vídeo com Jae Ho Lee ::
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