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O desabafo do controlador do Outback: a gente está apavorado pelo tamanho da encrenca ética

Salim Maroun participou da 14ª edição do Encontro PME ao lado de Mario Chady, do Grupo Trigo

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Por Redação
Atualização:
 

Em tempos de retração econômica, cortar custos torna-se uma preocupação constante na vida do empresário e, no segmento da alimentação, a tentação por buscar ingredientes mais baratos é grande. Mas o risco de interferir na qualidade do produto, que na maioria dos casos garante a fidelização do cliente, é ainda maior. Por isso, a opinião de Salim Maroun, CEO da Bloomin’ Brands (restaurantes Outback e Abbraccio), e Mario Chady, fundador do Grupo Trigo (marcas Spoleto, Domino’s e Koni), é a mesma: buscar alternativas é algo fundamental para o empreendedor atualmente, entretanto, o produto deve permanecer como algo intocável. 

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Regras 

Para Maroun, essa é a primeira regra. “Em 19 anos, nunca tirei uma grama da carne ou diminuí a qualidade. Existem outras alternativas para viabilizar o negócio”, disse o empresário durante o terceiro módulo do encontro. Como alternativa, ele cita o uso do Skype para comunicação dentro da empresa ou, até mesmo, descobrir qual é o horário correto para ligar os equipamentos a fim de economizar energia. “Essas medidas não têm nada a ver com o produto”, pontuou Maroun, que ainda destacou a importância de evitar o desperdício dos alimentos, algo que ele ainda considera comum no Brasil.

Já no Grupo Trigo, a cultura voltada para o ponto de venda é valorizada ainda mais em períodos de retração. “Do ponto de vista de economia na loja a gente não fez nada. Mas prestamos muita atenção na estrutura. Nosso negócio está na loja”, garantiu Mario Chady.  

Ética 

Além da retração econômica, a crise ética também fez parte do debate entre os empresários. Ambos defenderam que pequenos atos, quando somados, podem transformar o País para melhor. “A gente está apavorado pelo tamanho da encrenca ética que temos”, afirmou Maroun. “A gente faz o dever de casa todo santo dia, sempre dentro da ética. No segundo dia, pegamos o jornal e vemos que o outro lado não está fazendo a parte dele”, completou o empreendedor.

Com uma equipe de 10 mil colaboradores, Maroun disse que o seu time é um “pequeno Brasil” – o objetivo do negócio, segundo o empresário, deve ser o mesmo que ele espera do País. “Cada um faz o dever de casa em um pequeno oásis. Se cada um fizer a sua parte, a soma é um País bom.” 

Chady pontuou que o momento é realmente difícil e merece atenção, mas ele defendeu que é preciso pensar no longo prazo. Questionado se esta seria uma boa hora para empreender, Maroun respondeu contando a sua própria história. Ele desembarcou no Brasil em 1988, sem dominar o idioma e sem dinheiro – um amigo lhe daria, em suas próprias palavras, o ‘presente’ de abrir a primeira loja do McDonald’s na Cidade de Deus, no Rio de Janeiro. “Você tem que achar soluções. Se você preserva a ética, você faz sucesso.”

 

Pessoas 

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Outra dica para superar a crise é apostar no funcionário, que na Bloomin’ Brands é chamado de colaborador. “Quando contratava alguém para lavar a louça, olhava bem nos olhos para ver se estava vendo o sócio de amanhã”, disse Maroun. Já no Grupo Trigo, a manutenção da qualidade também se dá a partir da escolha dos franqueados, que segundo Chady é muito rígida. “A gente tem que ter certeza que ele está sonhando o sonho certo dele”, afirmou.

 

Panorama 

Apesar da desaceleração do consumo, os grupos liderados por Maroun e Chady planejam aumento médio de 20% em unidades abertas no País. “Entendemos que o brasileiro gosta de novidades, de um ambiente aconchegante, mas ao mesmo tempo elegante”, defendeu o CEO da Bloomin’.

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