Nosso blogueiro responde: quais serão os negócios do futuro?

O especialista em inovação Marcelo Nakagawa comenta quais apostas podem ser certeiras para o momento da economia brasileira

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Por Vivian Codogno
Atualização:

Que o mercado da inovação é movido pelas mudanças econômicas e sociais já não é novidade para ninguém. Porém, fatores externos têm, cada vez mais, sido pontapés para o surgimento de negócios que até pouco tempo atrás não eram pensados. Para além da economia compartilhada que transforma setores como transporte e hotelaria, algumas iniciativas chegam para aliviar dores criadas por problemas contemporâneos. A seguir, o professor do Insper e especialista em inovação Marcelo Nakagawa comenta quais apostas de negócios podem ser certeiras neste momento.

Para Marcelo Nakagawa, inovação é o caminho para a startup de um bilhão de dólares Foto: Helvio Romero/Estadão

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Renda Não há mágica para o ciclo que sustenta os pequenos negócios: identificada uma demanda específica, o empreendedor desenvolve um produto ou serviço e o oferece ao cliente a preços competitivos em busca de lidar com a concorrência. Em períodos de retração econômica como o vivido nos últimos anos, porém, há um desequilíbrio desse fluxo que resulta na queda da receita dessas empresas, e no consequente comprometimento do caixa, essencial para sua sobrevivência. 

"As situações mais importantes são aquelas em que o problema de uma pessoa ou empresa é importante, bem delineado, urgente e ainda mal resolvido", pontua Nakagawa. "Esse contexto para as empresas, em especial as brasileiras, implica em inovações que reduzam custos e/ou aumentem faturamento no curtíssimo prazo", aponta.

Segmentos Novos problemas prescindem soluções que ainda não existem. E a capacidade de inovação, nesse contexto, determina quais empreendedores conseguirão se manter no mercado oferecendo algo que antecipe a vontade do consumidor. Nesse contexto, a tendência é que serviços tradicionais se transformem.

"Serviços de beleza, estética e alimentação podem sofrer com com a crise econômica, mas também terão concorrência de novos serviços que conectam o prestador de serviço direto com o cliente como os oferecidos pela Singu (serviços de beleza) e Apptite (alimentação)", analisa o especialista em inovação. "Soluções de saúde, alimentação, bem estar mas que também tragam vantagens de melhor qualidade percebida com menor custo implícito", comenta.

Educação Encontrar formas alternativas e rentáveis de aliar tecnologia e inovação ao sistema de ensino convencional é um desafio que tem feito parte do cotidiano de um grande número de empresas em estágio embrionário. Para Marcelo Nakagawa, o tiro é certeiro. "Escolas físicas de cursos rápidos (profissionalizantes, idiomas, etc) terão ainda mais concorrência de soluções EaD e serviços por meio de inteligência artificial e machine learning", avalia. 

Entra e sai "É um bom momento para novos negócios criados a partir de novas tecnologias disruptivas que substituam negócios e processos tradicionais", crava Nakagawa. O especialista destaca que esse ciclo de obsolência de negócios tradicionais desaparecerem, dando abertura a novas iniciativas.

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"Outro segmento tradicional da economia que deve perder espaço são os prestadores de serviços de intermediação como corretores de imóveis, de seguros, distribuidores, representantes comerciais. Este tipo de serviço tende a ser substituído gradativamente por serviços online de relacionamento direto com o fornecedor", comenta. "Em todos os casos, o uso das novas tecnologias da chamada Quarta Revolução Industrial transformará a prestação de serviço em algo mais eficiente, confiável, rápido e, em muitos, casos, com mais qualidade e mais baratos para o consumidor final."

Um bilhão de dólares No universo das startups, brinca-se que há uma verdadeira corrida em busca da startup que tenha o valor de venda acima de um bilhão de dólares. O Brasil ainda não produziu essa empresa, mas Nakagawa acredita que as transformações do mercado podem trazê-la à tona. "Há pelo menos quatro empresas brasileiras que estão bem próximas de atingir esta categoria: Movile, maior empresa de aplicativos móveis da América Latina e dona da Playkids, o principal aplicativo para crianças no mundo", pontua. 

"As outras duas são a Nubank e a Stone têm alcançado múltiplos de valuation mais alto neste momento pois é o mercado 'da vez' entre investidores ao redor do mundo. Mas a última candidata a unicórnio (se já não for) é a Top Free Games, uma das líderes mundiais em aplicativos de games, a empresa é muito, muito discreta, mas seus joguinhos são muito populares ao redor do mundo", aponta. 

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