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No mar de escolas de idiomas, como escolher uma marca para franquear?

Mirar nichos, como inglês para viajantes, empreendedores ou vestibulandos, é estratégia que traz diferenciação no mercado com tantas franquias; além disso, definir modelo por escola física ou EAD ajuda na escolha

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Por Felipe Tringoni
Atualização:

Especial para o Estado

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O mercado de franquias de serviços educacionais está aquecido há alguns anos e, no cenário atual, tem se mostrado um dos mais resilientes à crise causada pelo coronavírus. Dados da Associação Brasileira de Franchising (ABF) mostram que o segmento faturou R$ 12,2 bilhões em 2019 – 7,4% a mais do que em 2018, o terceiro maior crescimento no período. Já neste 2020 atípico, o faturamento ao final do terceiro trimestre apontou variação negativa de 13,8% em relação ao ano passado – uma queda puxada principalmente por escolas especializadas em ensino infantil e muito menos acentuada que a de setores como Turismo, por exemplo.

Uma das fatias mais significativas do setor, o de ensino de idiomas, tem visto mudanças aceleradas nos últimos anos e uma profusão de novas marcas, com propostas variadas para atender um público cada vez mais amplo. Se duas décadas atrás essa área era dominada por poucas e tradicionais franquias, como Cultura Inglesa, Yázigi, Alumni e CCAA, hoje não é preciso grande esforço para acrescentar outras dezenas de opções: Minds English, CNA, Influx, English Talk, Park Idiomas, All Net, Top English, Times Idiomas, Rockefeller Language Center, English Live, Newcastle English Center, Enjoy Inglês, Really Experience...

Embora não haja dados que recortem apenas franchising de idiomas, é visível que houve crescimento, analisa Sylvia Barros, coordenadora da Comissão de Educação da ABF e diretora da rede The Kids Club, especializada em inglês para crianças a partir dos 18 meses. “Nos últimos cinco anos aumentou a oferta de redes com propostas variadas. São marcas novas, que trazem tecnologia e técnicas diferenciadas, com foco em nichos de mercado além dos alunos tradicionais.” 

A consultora especializada em franquias Ana Vecchi, colaboradora do Blog do Empreendedor do Estadão PME, completa: “Antes tínhamos poucas redes, voltadas para os públicos A e B. As novas franquias vieram para cobrir os mercados B e C.”

Deiwis Sadério é franqueado da KNN Idiomas desde 2018; mesmo com pademia, sua unidade tem cerca de 15 novos alunos por mês. Foto: Alex Silva/Estadão

O cenário, dizem elas, mudou radicalmente com a entrada de duas novas demandas: cursos expressos, que propõem aprendizado rápido, e ensino infantil. “Há dez anos eu tinha que convencer os pais de que era importante começar cedo. Hoje é o contrário: eles querem que as crianças tenham aulas até aos sábados. A demanda e o mercado mudaram completamente”, diz Sylvia.

Potencial de mercado

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De acordo com pesquisa do British Council realizada ano passado, embora 91% dos brasileiros considerem o inglês como a principal língua dos negócios, apenas 5% falam e 1% se diz fluente. Outro estudo, realizado em 2017 pela ABF em parceria com a Nielsen, indicou que 19% dos brasileiros tinham a intenção de aprender inglês – um mercado grande a ser explorado. Para Sylvia, “apesar da oferta de cursos ser grande em algumas regiões, existem muitos tipos de alunos que não estão sendo atendidos”.

Em busca de diferenciação, muitas franqueadoras têm buscado especialização e identidade. Escolas de metodologias mais tradicionais, mais interativas, focadas no ambiente online, para jovens em fase pré-vestibular, advogados, viajantes... “Não existe mais aquela escola que dá aula para todo mundo, de todos os jeitos”.

Um exemplo de crescimento acelerado nos últimos anos é a catarinense KNN Idiomas. Há seis anos no franchising, a rede tem mais de 500 unidades em 22 Estados e projeção de faturamento próxima a R$ 1 bilhão neste ano. Os investimentos iniciais para quem quer se tornar um franqueado partem de R$ 80 mil. 

Para Deiwis Sadério, de 28 anos, franqueado em Caieiras (SP) desde 2018, o diferencial da rede está nos suportes comercial, pedagógico, financeiro e de marketing. “É fundamental para quem não tem o segundo idioma ou veio de outras áreas”, conta ele, que começou com uma escola de informática e enxergou nos idiomas uma oportunidade. “Este era um ano para estourar de matrículas, mas a pandemia acabou atrapalhando. Não tem sido como esperávamos, mas longe de ser ruim.”

Hoje, a unidade tem cerca de 15 novos alunos por mês e, ao final de outubro, já tinha faturamento bruto praticamente dobrado em relação a 2019 e próximo às previsões do início do ano.

Microfranquias e foco no online

Já a professora de inglês Viviane Nogueira, de 34 anos, investiu neste ano em um modelo distinto. A aposta da Dank Idiomas é no modelo de ensino a distância (EAD), sem necessidade de ponto comercial. Além de treinamentos, os franqueados recebem apoio em planejamento de campanhas e divulgação. O investimento inicial da rede parte de R$ 7.500.

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“Eu já conhecia a metodologia como funcionária. A facilidade de trabalhar de casa me levou a comprar mesmo no cenário atual. Já em março começamos a ter alunos”, diz a paulistana, que adquiriu unidades em março em Teresópolis (RJ) – da qual teve retorno do investimento em dois meses – e em outubro Petrópolis (RJ). “Boa parte das pessoas está em casa e querendo aprender uma nova língua. O mercado para aulas nesse sistema é muito grande”.

O que levar em conta ao escolher a franquia

1. Pesquise o franqueador, analise bem a documentação e não tome decisões por impulso

2. Converse com franqueados para saber como é o suporte da franqueadora em todos os momentos

3. Tenha afinidade com o tema: serviços educacionais são produtos sensíveis, com clientes quase permanentes

4. Entenda qual é o nicho de mercado (crianças, jovens, adultos) e qual modelo em que pretende atuar (tradicional, inovador, com sede física, home-based)

5. Entenda qual é sua capacidade de investimento. Existem formatos de negócios muito diferentes e o retorno é sempre proporcional à aplicação inicial

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6. Se atua também na parte pedagógica, procure conhecer e se identificar com a metodologia de ensino. As redes podem ter propostas muito diferentes

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