Negócios pet definem novas estratégias para lidar com a crise

Quem quiser empreender no segmento precisa buscar diferenciais para enfrentar a retração e lidar com a concorrência

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Por Gisele Tamamar
Atualização:

Se no ano passado o setor pet ainda cresceu na casa dos dois dígitos, as previsões para 2015 são mais conservadoras: de 10% em 2014 para 7,4% este ano. Afetado pela retração da economia, o setor vive um momento de repensar investimentos e buscar diferenciais para manter o crescimento. É o caso da Petix, de São Paulo, e da Ecolog, de Cascavel, no Paraná, que traçam estratégias diferentes para ganhar mercado.

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A previsão da Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação (Abinpet) é de que o segmento fature R$ 17,9 bilhões este ano. Esse número condiz com a quantidade de animais de estimação no Brasil - são 132 milhões. No entanto, o presidente da Abinpet, José Edson Galvão de França, destaca que 67,4% dessa quantia provém do segmento de alimentação. Isso significa, na prática, que grande parte do aumento do faturamento é justificado pelo repasse dos custos (alta do preço das commodities) e não necessariamente do aumento de vendas. "A crise nos afeta também. O que está segurando o mercado são os alimentos", diz França.

Apesar de representativa, a área de alimentação é dominada por grandes empresas. Isso fez com que os empresários Rogério Haddad, Luiz Fernando Lourenço, Flávio Benedetti e Antônio Lima buscassem uma solução em outra categoria. Eles são sócios da Petix, empresa que fabrica tapetes higiênicos, terceiriza a produção de outros itens ligados à higiene e ainda atua com importação. Em sete anos, a empresa ampliou a estrutura três vezes. Na última mudança, no ano passado, foram investidos R$ 10 milhões para dobrar a capacidade de produção. Atualmente, são fabricados 4 milhões de tapetes por mês.

Para 2015, a previsão é seguir o ritmo de expansão dos anos anteriores, de 30%, e faturar R$ 40 milhões. "O crescimento que a gente tem financia o impacto negativo da economia. Temos matérias-primas importadas. Tudo o que eu consigo comprar mais, eu negocio para não repassar o impacto total do dólar. Com o aumento de escala eu consigo negociar", afirma Lourenço.

A meta da empresa é atingir faturamento anual de R$ 100 milhões em cinco anos. Para isso, o negócio busca um sócio capaz de investir R$ 15 milhões no empreendimento. A Petix também planeja buscar novos canais de venda e ampliar as exportações.

As vendas para o exterior também estão na mira da Ecolog. Criada inicialmente para fabricar serragem prensada, o empresário Xavier Sarolli Filho mudou o foco da empresa para o mercado pet após visitar uma feira do setor. Hoje ele fabrica um granulado higiênico de madeira que substitui as areias para o gato e hamsters, além de vender uma erva para gatos chamada CatNip. Este ano, a Ecolog registra crescimento de 12% em comparação ao ano passado, mas as vendas no segundo semestre estão mais difíceis. "Estamos sempre olhando os custos e tentando negociar com os fornecedores", afirma Sarolli Filho.

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Para amenizar a queda nas vendas no segundo semestre, o empresário está otimista com a feira do setor, marcada para outubro. A expectativa é atrair novos distribuidores e representantes internacionais. "Adaptamos o site, fizemos catálogo bilíngue, sabemos que temos preço bom, principalmente agora por causa do dólar. É questão de tempo para dar certo e começar a exportar", diz o empresário.

Recomendação. O presidente da Abinpet afirma que podem surgir oportunidades em qualquer setor, mesmo em crise. Mas quem quiser investir nesse momento precisa conhecer o mercado e estudar muito bem onde aplicar os recursos. "Alguns anos atrás, a crise vinha, a pessoa perdia o emprego e abria um pet shop. Hoje isso não resolve. Ele vai encontrar mais de 33 mil pet shops no mercado, todos se profissionalizando", alerta.

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