
26 de fevereiro de 2015 | 07h07
O vegetarianismo não é apenas uma filosofia de vida adotada por pessoas “paz e amor”, mas um mercado com potencial de expansão. No Brasil, cerca de 8% da população se declara vegetariana e entre elas estão os veganos, uma parcela que decide não apenas abolir carne e derivados de animais da alimentação, mas de todos os produtos que consome rotineiramente.
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Há uma demanda crescente de consumo e esse movimento foi percebido por Clélia Angelon, presidente da fabricante de produtos de beleza Surya. Além de produzir cosméticos veganos e levar o conceito para a estrutura da empresa – fornecendo refeições livres de insumos animais para os funcionários e promovendo oficinas de conscientização –, a Surya conta também com um spa.
Logo na entrada, é possível ouvir um barulho de água corrente. Quem chega ao local é convidado a tirar os sapatos e percorrer o trajeto de pedras mentalizando um desejo. “Sempre procurei um modelo de negócio em que o lucro seja importante, mas que contemple a ética. Aquilo que você faz atinge a você mesmo e o mundo”, reflete a empresária, vegetariana há 35 anos e vegana faz pouco mais de doze meses. “É preciso ter transparência, fazemos o que pregamos”, garante a empreendedora.
:: Alimentação ainda desperta maior interesse do mercado vegano ::
A partir da expansão por meio de vendas online, Clélia estima um crescimento de 50% em 2015. “Nossa estratégia comercial será extremamente agressiva. Atuamos em um campo muito vasto e acredito que exploramos apenas 20% do potencial. Não é uma visão utópica”, analisa Clélia.
Para a empresária, os diferenciais dos seus produtos são a eficiência e a alta performance que proporcionam aos consumidores. Por isso, a principal ferramenta de divulgação usada pela Surya, até então, foi a aprovação do próprio cliente. “Não temos propaganda em televisão. A fidelização acontece porque há uma percepção da qualidade. Até agora, crescemos sem esforço algum.”
Desafios. Mas nem tudo é fácil para quem quer atuar com veganos. Além da burocracia para lançar novos produtos, o principal entrave é encontrar fornecedores adequados à filosofia do negócio. “A pesquisa é muito intensa e a fidelização precisa funcionar. Priorizamos pequenos produtores de insumos orgânicos”, diz Clélia.
O mesmo problema com fornecedores é enfrentado por Amauri Caliman, proprietário da grife paulistana King55, que comercializa há 14 anos roupas, calçados e acessórios sem componentes de origem animal. A dificuldade, de acordo com o empresário, é fruto da falta de conhecimento sobre o veganismo. “A superação dos obstáculos com fornecedores é constante. Muitos nem sabem do que estamos falando.” Mesmo assim, 2014 foi um bom ano. Os esforços para fortalecer a loja online resultaram em um crescimento de 42% nas vendas, além do aumento de 22% do faturamento das lojas físicas.
O empresário não se arrisca a falar sobre o que espera de 2015, mas garante que a estratégia é manter o posicionamento. “Grande parte dos clientes só descobre que a empresa é vegana quando está no caixa. O vegano é um protetor dos animais e ninguém quer ir contra essa ideia”, reflete.
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