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Negócios especializados em chá buscam seu espaço na capital

De olho no potencial gastronômico do produto, lojas e restaurantes tentam afastar a imagem de ‘remédio’ da infusão

Por Letícia Ginak
Atualização:
Monica Reno (Loira) e Mariana Schartsman, proprietárias da loja Talchá. Foto: JFDiorio/Estadão Foto: JFDiorio/Estadão

Desmistificar o chá como uma bebida que entra na mesa dos brasileiros apenas como ‘remédio’ ou aliado de dietas é o objetivo de empreendedores que investem em negócios focados no produto. Com a “missão pedagógica” de mostrar o potencial gastronômico de chás e infusões, as lojas e casas especializadas ganham cada vez mais força e crescem em ritmo seguro. 

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“Queremos trabalhar a construção da cultura do chá no Brasil e por isso apostamos em um crescimento lento. Não queremos que o chá seja uma moda, como aconteceu com as paletas mexicanas, que duraram apenas um verão”, diz o administrador da marca de chá preto Obaatian, Yuki Hamasaki. 

Para mapear o mercado de chás no Brasil, a Euromonitor realizou uma pesquisa do produto no varejo, que apontou o crescimento no consumo. Em 2017, o volume vendido foi de 4.298 toneladas, um aumento de quase uma tonelada em comparação com os números apontados em 2012 (3.299). Os volumes são referentes apenas a venda de chás quentes. O estudo ainda mostra que, para 2022, a previsão de volume de vendas no varejo é de 5.198 toneladas. 

Inspiradas pela Europa

A engenheira Monica Reno e a economista Mariana Schvartsman, mãe e filha, já tinham o hábito de consumir chá, mas nada que extrapolasse os limites do tradicional sachê vendido em supermercados. Após uma viagem pela Europa, onde frequentaram casas de chá, aliada ao desejo de empreender surgiu a primeira unidade da Talchá, em 2010. 

A loja oferece 70 tipos de infusões, além de utensílios relacionados à bebida. “Todos os nossos produtos são importados, porque ainda não temos uma produção de chá consolidada no Brasil. Temos chás e infusões de várias regiões, como Sri Lanka, India, Japão, África do Sul, entre outras”, diz Monica. Atualmente, existem quatro lojas físicas da Talchá em shoppings da capital paulista e um e-commerce com entrega para todo o Brasil.

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“Também trabalhamos o chá como opção de presente, principalmente para o Dia das Mães e o Natal”, conta Mariana. Além das lojas, a Talchá também fornece produtos para cafeterias e restaurantes da capital paulista. “O chá precisa ser compatível com a qualidade do café ou da comida”, diz Monica. As empresárias não informaram dados de faturamento.

Restaurante e loja de chás

 A empreendedora Mónica Costa escolheu uma casa arborizada na Vila Madalena para abrigar o Bistrô Ó-Chá, um restaurante que tem como centro de sua culinária chás e infusões. A proximidade de Mónica com a bebida vem de longa data. “Cresci em Macau, na China, e foi lá que tive contato com a cultura do chá”, conta. 

Salão principal do restaurante Bistrô Ó-Chá, localizado na Vila Madalena (SP). Foto: Bistrô Ó-Chá/Divulgação Foto: Bistrô Ó-Chá/Divulgação

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Em 2012, Mónica, que é portuguesa, enxergou uma oportunidade de negócio na cidade de São Paulo, pois ainda não havia nenhum tipo de empreendimento no modelo do Bistrô Ó-Chá. “Também percebi que o Brasil acompanhava uma certa tendência geral de aumento de consumo de chá, impulsionado, em um primeiro momento, pela questão da saúde e dos estudos científicos e, depois, pela curiosidade, já que o chá tem uma história milenar, é um elemento de cultura.” 

As mudanças de estação afetam o negócio, com aumento de 20% no fluxo de clientes durante o outono e o inverno, “apesar de a casa oferecer opções de chás gelados”, diz Mónica. Por mês, passam aproximadamente mil pessoas pelo restaurante e também pela loja de chás do bistrô – nos fundos do restaurante.

Com 87 anos, Ume Shimada criou a marca de chá preto orgânico Obaatian. Foto: Asami Kojima Foto: Asami Kojima

Plantação em Registro e loja em São Paulo

Com uma veia empreendedora que a acompanhou por toda a vida, aos 87 anos Ume Shimada reativou o chazal (plantação de chá) que tinha na cidade de Registro (SP). Ela tinha parado de produzir em 2010, quando perdeu o único cliente que tinha. Assim, em 2014, nasceu a marca de chá preto orgânico Obaatian. O neto de Ume, Yuki Hamasaki, está a frente do negócio na capital. 

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“Vendemos nosso chá em feiras de pequenos produtores e também para cerca de 20 estabelecimentos, restaurantes e cafeterias, além do e-commerce. Em maio, vamos abrir a nossa loja física, na Aclimação”, conta Hamasaki.  De acordo com o administrador, o faturamento em 2017 foi de R$ 85 mil e a produção é de cerca de 40 quilos por mês.

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