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Cafés e bares lúdicos: busca por desconexão abre campo para casas com jogos de tabuleiro

Desejo de interação social por meio de atividades lúdicas é oportunidade de negócio na capital

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Por Alessandro Lucchetti
Atualização:
Nerds se preparam para mais uma partida na The Dungeon, em Perdizes Foto: Alessandro Lucchetti/Estadão

Crise de pânico e ansiedade obrigaram o jovem estudante de administração Gustavo Carvalho, que trabalhava numa empresa de diversões eletrônicas online, a uma pausa forçada. Viciado em games desde sempre, foi se distrair com um velho jogo, o Super Smash Bros, da Nintendo. Naquele momento, estava sendo gestada a ideia de seu negócio, The Dungeon, um espaço para jogos de tabuleiro, RPG, jogos de cards e videogames, que abriu as portas ao público há pouco mais de um mês, em Perdizes. 

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"Bateu aquela nostalgia. Na década de 90 havia locadoras de jogos onde encontrávamos os amigos. Pensei numa loja de jogos retrô e fui desenvolvendo a ideia até chegar a este formato."

"Este formato" é o espaço de uma sobreloja. No térreo funciona a assistência técnica Apple do pai de Gustavo, que o isentou de participação no pagamento do aluguel até o final do ano.

Carvalho cobra R$ 5 de quem queira sentar-se à mesa para se entreter com jogos de tabuleiros. O mesmo valor é desembolsado pela turma do sofá, que se dedica aos videogames. Nos dois casos, pode-se passar o dia jogando sem pagar nenhum valor adicional. A casa vende também café expresso, água, chá, suco, refrigerante, bolo, pão de queijo e salgadinhos.

Há quase dez anos em atividade, a Ludus Luderia se tornou referência no ramo em São Paulo Foto: Lucy Raposo/Ludus Luderia

O empresário não deixa de comercializar jogos de tabuleiros, nos quais pode ter margem de 60% a 80%, e cards Pókemon. Algumas cartas raras chegam a ser ofertadas por R$ 60 ou R$ 70. Pode-se acompanhar a cotação por sites estrangeiros. 

Negócios similares a The Dungeon espalharam-se pela cidade já há alguns anos. No Cambuci, há o boardgame bar Terra Magic, de Gabriel Faria de Castro. "As luderias são como bares. Há quem venha para jogar, mas alguns vêm pelo bate-papo, pela interação social", diz o empresário, enfronhado no universo geek desde 1995. Castro calcula que tenha feito um investimento de uns R$ 60 mil no negócio, aberto há três anos, e pensa que talvez só o recupere daqui a um par deles. "Há muitas casas do mesmo ramo no mercado. Existem umas cinco a meia hora daqui."

Apontada como pioneira do ramo em São Paulo, Lucy Raposo curte o sucesso da Ludus Luderia, localizada na Rua 13 de Maio, na Bela Vista, há quase dez anos. Com três pisos, chega a receber 220 pessoas num dia de amplo movimento. "Atraímos diversos públicos. Há gente que vem curtir happy hour, há quem venha com namorado, com o pai, com os filhos, sendo eles crianças ou adolescentes. Há diversão aqui para várias faixas etárias."

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Lucy cobra R$ 18 de entrada às quartas e quintas. Nos dias de maior movimento, o valor é R$ 35. "Não cobro por jogo nem por tempo. Se quiserem, podem passar o dia aqui. E alguns passam mesmo", diverte-se a empresária, que possui 15 funcionários.

Se, como diz Castro, da Terra Magic, os boardgame bares ou boardgame cafés já são um ramo meio saturado, há quem pense em derivações no ramo de jogos para empreender. É o caso do desenvolvedor de sistemas Alexander Mitchell, que está alugando jogos de tabuleiro por períodos de 15 dias. Os preços de locação da Doidos por Dados variam de R$ 7 a R$ 70. Pode-se retirar o jogo na sede da empresa, na Vila Mariana, ou combinar-se um local viável para as duas partes, como uma estação de metrô. Quem preferir, pode pagar um adicional de R$ 15 para receber o jogo em casa. Mitchell tem um acervo de 200 jogos para alugar.

"Sinto que os jogos de tabuleiro estão em voga, talvez por uma necessidade de desconexão do mundo virtual. Acho que o meu negócio tem tudo para proporcionar um retorno positivo, porque os jogos de tabuleiro no Brasil são caros, e muitas vezes há quem compre sem saber se de fato vai gostar do jogo." 

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